Chega de promessas vazias
A pandemia não acabou. Mas um grande movimento global está novamente em curso e vai ganhar as ruas. Em parte! Nesta sexta (19) jovens voltam a exercer o protagonismo ambiental. É o retorno do movimento Fridays For Future. A iniciativa liderada pela jovem ativista sueca Gretta Thumberg ganhou repercussão em 2019, quando passou a levar estudantes para as ruas em diferentes continentes a cada sexta-feira. Agora, com a ameaça imediata da Covid-19, a luta contra essa outra crise, tão real quanto, ganha força também no ambiente virtual.
Com o lema #ChegaDePromessasVazias ou #NoMoreEmptyPromises, em inglês, a Greve pelo Clima mobiliza estudantes na cobrança de ações imediatas para a redução das emissões de gases de efeito estufa, principal causa da crise climática porque provocam a elevação da temperatura média global. Com o mundo mais quente há consequências diretas que dificultam, e até inviabilizam, a sobrevivência de diferentes espécies no Planeta, tornam mais intensos e frequentes os fenômenos climáticos, como secas e cheias, e agravam a crise humanitária em função do deslocamento forçado de comunidades inteiras. Os desastres climáticos devastam territórios e inviabilizam a produção de alimentos, por exemplo. Depois de conseguirem chamar a atenção de governos, empresas e da mídia mundial, os jovens agora querem avançar na busca de resultados.
Os ativistas cansaram de ouvir promessas de metas climáticas que se diluem com o tempo, com a troca de governos ou por causa de interesses próprios. #ChegaDePromessasVazias é a forma de cobrar metas anuais obrigatórias dos países, com envolvimento de todos os setores da economia para cortes imediatos nas emissões, capazes de manter o aquecimento global abaixo de 1,5°C. Será que terão sucesso?
Fato é que tanto quanto a Covid-19, que lota UTIs e desespera famílias, a crise climática também é uma realidade. E o ano passado foi rico em “desenhar” o tamanho desse problema. Incêndios florestais muito além dos já observados anteriormente foram registrados aqui no Pantanal e na Amazônia, e em outros países como Argentina, Estados Unidos e Austrália. A população mundial também sofreu com tempestades na América Central e Sudoeste Asiático e com secas extremas na África. Estudos recentes mostram que a temperatura em Uganda, no continente africano, já subiu 1,2°C.
No comunicado de divulgação do movimento a Fridays For Future diz que “Os que estão no poder continuam a entregar promessas vagas e vazias para datas longínquas que são muito tarde.” Vale incluir uma das citações mais conhecidas de Greta. “Quando sua casa está pegando fogo, você não espera por 10 ou 20 anos para chamar os bombeiros; você age o mais rápido e o máximo que puder.” A mobilização desta sexta deve engajar moradores de 752 cidades em 58 países, incluindo todas as regiões do Brasil.