O combate ao coronavírus se faz com aceitação, resistência e responsabilidade

+Viagens

por Gislene Bastos
Publicado em 31 mar 2020, às 00h00. Atualizado em: 10 jul 2020 às 21h47.

A confirmação do primeiro caso de coronavírus no Brasil, em 25 de fevereiro, num homem de 61 anos, morador de São Paulo e que tinha viajado à Itália, nos colocou em frente a uma realidade indiscutível. Todos somos um. Pandemias derrubam as fronteiras geográficas, barreiras econômicas e divisões por classe social ou cultural. Somos os humanos. Sem rótulos. Nem preto, branco, rico, miserável, analfabeto ou doutor. Apenas, humanos.

Esse vírus novo, com coroa e eficiência, se desloca com a precisão de um rei mundo afora.

Trata-se de um organismo semivivo que desnuda a fragilidade de nossas defesas corporais. No mundo todo são mais de 800 mil pessoas infectadas e 40 mil mortos. Mas, ação reação, também deixa evidente que compartilhamos dos mesmos potenciais de superação individual e crescimento coletivo. O causador da Covid-19 nos mobiliza ao enfrentamento. Pela aceitação. Pela resistência.

Contra o coronavírus devemos ficar em casa

Já estamos convivendo há mais de mês com o inimigo em território nacional. Negar a existência do perigo deixou de ser opção aos mais sensatos e realistas. Quero crer que a maioria de nós já passou pela fase da aceitação e agora segue as medidas de prevenção ao coronavírus. Governos atuantes e a imprensa responsável difundem amplamente a importância do isolamento social e de intensificar os cuidados de limpeza para “achatar” a curva de transmissão.

Aprendemos a ficar em casa porque compreendemos a matemática da contaminação em espiral crescente. Ficamos em casa para ganharmos tempo coletivo e para que as ações de governo ao enfrentamento à Covid-19 possam ocorrer. Quem pode, deve sim ficar em casa. É o mais seguro, por ora. É o único jeito para evitar que muitos doentes cheguem juntos aos hospitais. Aceitamos. Grande parte da população está em casa. Enquanto outro grupo também numeroso trava o combate da imprescindível resistência. É necessário acolher e tratar as pessoas, manter a infraestrutura básica e dos serviços essenciais.

Dar tempo para ganhar mais vida

Por quanto tempo é possível continuar com essa quarentena forçada por decreto ou auto imposta? Estudiosos de diferentes áreas falam que no máximo um ou dois meses. Temos acompanhado, com curiosidade e medo, as ações de combate nos países assolados primeiro pelo coronavírus. Somos todos um e os desdobramentos sociais e econômicos num ponto do planeta tem consequências globais. Vimos isso no começo do ano quando a fumaça de queimadas na Austrália chegou ao Brasil, só pra lembrar de outro episódio recente. Com essa pandemia de agora vamos todos perder. Reduzir a perda de vidas é urgente.

O coronavírus devasta recursos da saúde pública, destrói a economia global, fecha empresas e empregos, compromete o mercadinho da esquina. Nos coloca na linha de tiro. Entrincheirados, e relativamente protegidos pela aceitação e a resistência, começamos a ser chamados a assumir postos nessa batalha.

Uso aqui os termos de guerra porque não é pela negação que se vence qualquer luta, muito menos um inimigo invisível e silencioso.

A hora é de alinhamento dos nossos comandantes com as forças internacionais, representadas neste contexto pela Organização Mundial de Saúde (OMS), e não para individualismo ou atitudes populistas e alheias ao bem estar da sociedade. Nossas famílias mais pobres precisam de ações certeiras e rápidas de um governo responsável. Porque é preciso mais do que nunca aceitar e resistir. Para, logo ali, voltar a sonhar com horizontes amplos, num mundo ainda mais integrado, humano e bom para todos.