BNT Mercosul aponta caminho para a retomada do turismo e de eventos no país
A mensagem de otimismo realista é um dos grandes aprendizados da BNT Mercosul, um dos principais eventos do turismo nacional, realizada durante a semana de forma presencial em Balneário Camboriú/SC e on-line.
O formato híbrido foi o caminho encontrado pela organização do evento que há 27 anos conquistou e vem mantendo a característica de divulgar os destinos brasileiros.
Tendências, desafios e expectativas conduziram o debate. Destaque ainda para as perspectivas de retomada dos grandes eventos presenciais, viagens aéreas, cruzeiros e hotelaria no pós-pandemia.
Marco Ferraz, presidente da Associação Brasileira de Cruzeiros Marítimos, por exemplo, acredita que o mercado de cruzeiros deve crescer no país justamente por causa das medidas de segurança e saúde intensificadas nos últimos meses.
A atividade contribui significativamente com o crescimento de comunidades a partir de gastos com serviços e compras de produtos nos pontos de desembarque de turistas.
De olho nesse potencial, Bombinhas, no litoral norte de Santa Catarina, é a mais nova cidade a investir num píer para ancoragem de transatlânticos no Sul do país. Antes, Balneário Camboriú tinha anunciado a construção do primeiro porto exclusivamente para passageiros no Brasil. A Ilha do Mel, no litoral do Paraná, também tem projeto em andamento.
Números expressivos no formato híbrido
Nesta edição a BNT Mercosul contou com 2.569 profissionais de turismo envolvidos com palestras, capacitações de agentes de viagens e rodadas de negócios. Além do Brasil, houve inscrições da Argentina, Paraguai, Uruguai, Chile, Colômbia, Peru, Itália, Índia, Espanha e Estados Unidos.
Foram 40h de programação ao vivo numa plataforma própria, em que os expositores e o público puderam conversar, baixar material de divulgação e tirar dúvidas. Questões referentes à infraestrutura e atrativos disponíveis, neste momento, nos destinos mais procurados pelo visitante, além das medidas adotadas para o turismo seguro e responsável, ganharam espaço nas apresentações.
E o resultado é animador. Foram 40.079 visualizações com 10.141 check-ins e mais 810 reuniões, das quais participaram 30 operadoras de turismo. Em mais de duas décadas de realização do evento, a média de público presencial era de 5 mil pessoas.
Olho no olho só no ano que vem – e com bebida e arte!
O evento realizado neste momento serviu de termômetro para a retomada do setor no segundo semestre. A conclusão de Margot Rosenbrock Libório, presidente do Balneário Camboriú Convention & Visitors Bureau, é que os eventos presenciais com grande público ainda dependem do avanço da vacinação contra covid-19.
Sem a vacinação em massa, a saída nos próximos meses ainda é apostar nos protocolos de segurança com redução de público. Já para 2022 a BNT Mercosul deve seguir com programação híbrida, porém com mais ênfase para atividades presenciais, entre os dias 27 e 28 de maio.
O idealizador da BNT Mercosul e atual secretário de Turismo de Balneário Camboriú, Geninho Goes, aproveitou o encerramento para anunciar a ampliação do evento para o próximo ano. O BC Food & Drink Festival vai incluir gastronomia e arte em mais 8 dias de programação, de 28 de maio a 05 de junho, aberto ao público fora do mercado de turismo e eventos.
Nada mal para potencializar o setor. Estudo recente da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), estima que o setor turístico só deve recuperar o nível médio de geração de receitas mensais do pré-pandemia, no início de 2023. Os estados de São Paulo e Rio de Janeiro lideram as perdas acumuladas.
O secretário de Turismo do Estado de São Paulo, Vinicius Lummertz Silva, enfatizou na palestra de abertura da BNT Mercosul, que os turistas deixaram de gastar 40 bilhões de reais nos atrativos do Estado em 2020. “A volta sustentada do setor depende da ampla vacinação. No final do ano passado houve um ensaio de retomada, mas não se firmou. A vacina faz uma transição segura e sustentável.”
A vez dos destinos de natureza
Em cinco dias de programação, as lideranças do setor de turismo e eventos fizeram questão de enfatizar que o momento é de esperança. A pandemia deixa perdas financeiras, mas também fortalece empresas e governos na busca de alternativas com o reconhecimento da importância estratégica do setor para a economia e o desenvolvimento social das comunidades.
O investimento precisa ser em adaptação permanente! Os destinos que entende isso mais cedo ao longo dos últimos meses, já começam a colher os frutos. É o momento da transformação da oferta de serviços e produtos para o oferecimento de experiências ao visitante. Tanto tempo escondido atrás de máscaras, deixou o turista – e todos nós – querendo abraçar e sorrir abertamente, e não só com os olhos.
Neste contexto não há mais espaço para amadorismo, enfatiza Geninho Goes. “Precisamos de mais criatividade e treinamento da mão de obra.” Com a tendência de viagens curtas em alta, até por causa do preço alto das moedas estrangeiras como dólar e euro, os destinos nacionais passam a ser mais procurados.
E surpreender o visitante é dever do mercado local. “Destinos de natureza passam a ser mais procurados por um turista que segue receoso. Por isso mesmo a capacitação do trabalhador será um diferencial, bem como a parceria entre empresas para oferecer serviços receptivos de qualidade. Já os protocolos de segurança seguirão sendo observados por mais tempo, mesmo com a vacinação.”