Por Jack Stubbs

LONDRES (Reuters) – O grupo russo acusado de interferir na eleição norte-americana de 2016 fingiu ser um veículo de notícias independente para visar a usuários de redes sociais de direita antes da votação deste ano, disseram à Reuters duas pessoas a par de um inquérito do FBI a respeito da atividade.

A operação mais recente girou em torno de uma suposta organização de mídia chamada Newsroom for American and European Based Citizens (NAEBC), que foi controlada por pessoas associadas à Internet Research Agency sediada em São Petersburgo, disseram as fontes.

Procuradores dos Estados Unidos dizem que a agência teve um papel crucial nos esforços russos para influenciar a eleição de 2016 a favor do presidente Donald Trump, e Facebook e Twitter expuseram um veículo de mídia de esquerda falso que disseram ser controlado por pessoas ligadas à organização.

O NAEBC e sua atividade, que não haviam sido noticiados antes, agora mostram que as tentativas russas de influenciar os eleitores norte-americanos antes do pleito de 2020 visaram os dois lados do espectro político.

O site se concentrou predominantemente na política e em acontecimentos atuais dos EUA, republicando artigos da mídia conservadora e pagando norte-americanos para escreverem sobre questões politicamente delicadas. Depois uma rede de contas de falsos editores e jornalistas divulgou os artigos em sites de redes sociais prestigiados por usuários de direita.

Os tópicos cobertos pelo NAEBC iam de ataques ao candidato presidencial democrata Joe Biden a críticas ao movimento Black Lives Matter e elogios a Kyle Rittenhouse, autor de um ataque a tiros no Wisconsin.

A Rússia negou diversas vezes as alegações de interferência eleitoral. O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse não saber nada sobre o NAEBC ou o site de notícias de esquerda falso Peace Data. “O Estado russo não se envolve em tais atividades”, disse.

O FBI não quis comentar.

Quando indagada via email sobre as conexões do NAEBC com a Rússia, uma pessoa que se identificou como Nora Berka, uma editora-assistente, respondeu: “Não faço ideia do que o NAEBC tem a ver com isso.” Ela não quis falar por telefone ou videochamada.

Uma autoridade de segurança de alto escalão dos EUA, que falou sob anonimato por não estar autorizada a conversar com a imprensa, disse que agentes russos recrutam cada vez mais “americanos involuntários” para escrever artigos e publicar na internet.

(Reportagem adicional de Elizabeth Culliford em Birmingham, Inglaterra, e Christopher Bing em Washington)