O fim do “trabalho dos sonhos”? Especialista em educação lista as profissões que podem acabar

Publicado em 5 fev 2020, às 00h00.

 O emprego dos sonhos

Muitos enxergam o futuro profissional como um ambiente de incertezas. O que dirá de quem nem entrou nele ainda, mas já vê os seus sonhos comprometidos?

Para os jovens millennials, essa já é uma realidade. Durante o Fórum Econômico Mundial, foi apresentado o relatório Emprego dos Sonhos: dados sobre aspirações profissionais futuras catalogadas com 600 mil jovens em 79 países, entre eles o Brasil.

E as notícias não são muito animadoras: a ‘vocação’ de muita gente pode acabar.

 Apesar de pesquisas apresentadas no mesmo evento que apontam um cenário de geração de empregos – a Jobs of Tomorrow prevê a criação de 1,7 milhão de vagas só a partir de profissões consideradas novas em todo o mundo, só em 2020 – a adoção de novas tecnologias e otimização de segmentos mostra que carreiras tidas como “certas” estão comprometidas.

 Mudança de cultura

Esther Cristina Pereira, psicopedagoga e diretora da Escola Atuação, em Curitiba, vê esse cenário como uma oportunidade para repensar a grade curricular e a forma que os pais lidam com os sonhos das crianças.

“A pesquisa mencionada aponta que, desde o ano 2000, pouco mudaram as 10 profissões preferidas que esses jovens sonham em ter”, reflete.

“Logo, de que forma será que os pais e educadores estão criando uma cultura de pensar o mundo atual? Será que paramos no tempo nesse sentido?”.

Abaixo, a especialista fala sobre profissões que antigamente eram vistas como certas, outras que estão em processo de modificação ou extinção e as do futuro, aquelas que em breve gerarão postos de trabalho e possibilidades de consolidação de carreira maiores.

 As profissões do futuro

 1. Cientistas de dados

Um pouco de matemática, ciência da computação e observação de tendências. Apesar de ser uma profissão em alta atualmente, deve crescer em ainda maior número com o passar do tempo.

São responsáveis por coletar grandes quantidades de dados e transformá-los em algo coerente, que sirva como propósito a um tipo de negócio.

Também é dever deles ter uma sólida compreensão de estatística, assim como técnicas de machine learning e big data.

 2. Gestor de desenvolvimento de negócios em inteligência artificial

Cabe a esse profissional definir, desenvolver e implementar programas eficazes para acelerar vendas e negócios de inteligência artificial (IA).

Neste sentido, ele é o head da construção de fluxos conversacionais – como os chatbots online, por exemplo – que são baseados em regras de “aprendizado” para um computador, a partir da experiência do sistema.

Logo, o gestor também atua na curadoria de conteúdo, cuida do treinamento da Inteligência Artificial e organização do conteúdo dos diversos assuntos relacionados ao negócio em que ela é implantada.

 As profissões que já acabaram e eram populares

 1. Telefonista

 Trabalho que surgiu no fim do século XIX e perdurou durante boa parte do XX, era uma profissão dominada predominantemente por mulheres, que operavam uma central imensa de fios. 

 2. Acendedor de lampiões e postes

 Profissão que em algumas cidades brasileiras existiu até meados do século passado, o acendedor de lampiões e postes saía pelas ruas ao cair da tarde, acendendo poste por poste. Ao amanhecer, os apagava e, se necessário, realizava a manutenção. 

 As profissões que podem deixar de existir

 1. Assistente jurídico

Hoje, já estão em funcionamento soluções que utilizam inteligência artificial que já conseguem realizar o grosso da análise de processos e termos jurídicos, o que pode colocar em xeque o prosseguimento dessa carreira.

Os advogados que raciocinam e têm deduções a partir de interpretação sempre serão úteis, mas os que trabalham com “papelada” estão a perigo.

 2. Contadores

A digitalização dos processos para declaração de Imposto de Renda, por exemplo, tem sido o foco do surgimento de muitas startups no Brasil.

Isso, além de reduzir preços, também acaba com a necessidade de um intermediário como o contador nesse caso. Neste sentido, os contadores ainda estarão envolvidos – mas em muito menor número que antigamente.

 3. Corretores de imóveis

Conforme os especialistas, aqui não se trata necessariamente de um fim e mais uma modificação.

Hoje, os corretores de imóveis praticamente são os profissionais que entregam as chaves ao comprador ou locador de um imóvel, graças à facilidade que a internet propõe a interação com casas e apartamentos.

No Brasil, esses cerca de 500 mil profissionais têm como principal desafio a uma reinvenção pensando em consultoria e atendimento humanizado, que demonstre influência na decisão final.