Mulher

Publicado em 9 mar 2020, às 00h00. Atualizado em: 4 jun 2020 às 15h11.

No ano passado, um estudo da consultoria McKinsey em empresas da América Latina mostrou que companhias que possuem pelo menos uma mulher em sua equipe de executivos são mais lucrativas. Isso porque essas empresas têm 50% mais chance de aumentar a rentabilidade e 22% de crescer a média da margem Ebitda. A pesquisa analisou 700 empresas de Argentina, Chile, Colômbia, Panamá, Peru e Brasil.

Entre as empresas de capital aberto, a pesquisa revelou que 64% das que tinham mulheres em cargos executivos, de 2014 a 2018, subiram a margem Ebitda. Das empresas sem mulheres em diretoria, 43% aumentaram a margem.

Apesar disso, não há um aumento da presença de mulheres em cargos de direção. Em todo o mundo, 77% dos cargos executivos das empresas são ocupados por homens, segundo relatório da consultoria Mercer. O fato é que ainda há muito preconceito sobre a capacidade da mulher nos cargos de direção. Existe muito discurso, mas falta a prática. E aqui cabe uma cobrança aos homens no comando. Eles falam bastante, elogiam muito, mas na hora de contratar, não contratam. É preciso ir além do discurso e apostar na capacidade feminina.

Mas a mulher também tem sua parcela de culpa no cenário. Falta a ela um pouco de ousadia. Outro estudo mostra que um homem, quando busca uma vaga de trabalho, segue na candidatura mesmo que tenha apenas 4 das dez competências exigidas para a posição. A mulher, nessa condição, já desiste. Ela somente se candidata quando entende que tem 6 das dez competências exigidas.

Outra questão é a dificuldade da mulher com a tecnologia. Essa é uma área fundamental na nova economia. Todos os setores, educação, saúde, finanças, etc, exigem hoje conhecimentos básicos de tecnologia, no que a maioria das mulheres ainda tem dificuldade em avançar. Essa é uma barreira a ser quebrada pelas próprias mulheres, senão a disputa por cargos melhores vai ficar cada vez mais difícil.

Muitos dizem que houve avanços na posição da mulher no mercado de trabalho, mas ainda há muito a ser “conquistado”. O problema começa aí, por que a mulher tem que “conquistar” algo? Quando se fala de dados positivos sobre essa questão, já se usa uma palavra pesada, conquista, como se fosse algo quase impossível, como se o avanço na carreira não fosse natural para uma pessoa que estudou, trabalhou, se esforçou e mereceu uma posição profissional. Será que não é apenas um reconhecimento natural pelos seus méritos?

Com orgulho, faço parte das mulheres que ocupam 62% dos cargos de chefia na Prefeitura de Curitiba. E fico feliz que não precisemos tratar disso como conquista. O que há é uma confiança muito grande do prefeito Rafael Greca nos profissionais que fazem parte de sua equipe, independente de ser homem ou mulher. Com essa mentalidade, ele compôs seu primeiro escalão, o de secretários e presidentes de empresas e autarquias municipais, com 9 mulheres, que deve ser um dos índices mais altos entre as cidades brasileiras. E o principal é que no nosso dia-a-dia na administração municipal e na reunião de secretariado todos são tratados da mesma forma. Este exemplo precisa ser seguido em todo o Brasil.