Menos Alarmismo, Mais Tecnologia

Publicado em 6 jan 2020, às 00h00. Atualizado em: 3 jun 2020 às 15h12.

A jovem sueca Greta Thunberg, de 16 anos, foi eleita pela revista Time como a Person of the Year de 2019. Longe de querer criticar uma adolescente como Greta, reservarei este espaço para criticar o alarmismo desenfreado que temos testemunhado nesses últimos anos.

 

As questões ambientais são importantes demais para que fiquemos presos a discursos com tom apocalíptico, muitas vezes trazendo uma narrativa extremamente emocional, mas com poucos resultados práticos.

 

Defendo, sim, ações concretas para que possamos reduzir os danos que causamos ao planeta. E reconheço, inclusive, o papel de Greta em chamar atenção para essas questões, atraindo principalmente o público mais jovem (ainda que, na minha opinião, de uma forma um tanto quanto artificial, fabricada e estereotipada)..

 

O que não concordo, contudo, é com o tipo de discurso que tem sido proferido por aí, como se fôssemos todos morrer daqui a dez anos se nada for feito, ou como se tudo que as gerações anteriores aos adolescentes de hoje em dia tivessem feito até hoje fosse maligno.

 

Esse tipo de discurso é extremamente perigoso, principalmente por que abre espaço para posições autoritárias (e muitas vezes sem sentido nenhum) por parte de legisladores. Tudo em prol do planeta e das próximas gerações.

 

Vejamos, por exemplo, o famoso caso dos canudinhos de plástico, que tem sido proibidos por diversas legislações municipais Brasil afora.

Segundo um estudo do Centro de Pesquisa Ambiental Helmholtz, 90% de todo o lixo descartado nos oceanos tem como origem apenas 10 rios, sendo que oito deles estão na Ásia e dois na África.

 

As regiões onde esses rios estão concentrados não conseguem lidar com as quantidades de plástico produzidas, pois não possuem infraestrutura econômica para isso. Se 90% de todo o lixo dos oceanos vem desses 10 rios, será que o real problema são os canudinhos de plástico que alguém usa no seu suco de laranja durante o almoço?

 

E não, eu não acho que uma coisa exclua a outra, de maneira alguma. Podemos criar campanhas de conscientização para reduzir o consumo de plástico, com certeza. Mas me chama atenção como a ideia vendida por aí é de que esses canudinhos são os vilões, quando temos problemas estruturais muito maiores que, se resolvidos, teriam um impacto gigantesco na poluição dos oceanos.

 

É comum que tenhamos uma visão simplista diante de problemas complexos. Acredito eu, isso é um mal dos seres humanos. Muitos gostam de culpar o avanço tecnológico pela situação na qual o nosso planeta se encontra, mas não param para pensar que esses mesmos avanços tecnológicos, no longo prazo, podem ser extremamente benéficos.

Inovações na agricultura e nas baterias, por exemplo, já reduziram o nosso impacto no meio ambiente. E as inovações criadas nos próximos anos provavelmente farão esse impacto ser ainda menor.

Já imaginou o número de papéis não-produzidos que invenções como email, pendrive e nuvem nos possibilitou?

 

Boyan Slat, um jovem holandês de 25 anos, desenvolveu uma tecnologia capaz de retirar os plásticos dos oceanos. Segundo o próprio Slat, em uma coluna da revista The Economist: “A tecnologia é o agente mais potente da mudança. É um amplificador de nossas capacidades humanas. Enquanto outros agentes de mudança dependem de reorganizar os blocos de construção existentes da sociedade, a inovação tecnológica cria novos, expandindo nossa caixa de ferramentas para solução de problemas”.

Eu não poderia concordar mais.

 

Por menos alarmismo e mais tecnologia.