Empresa dirigida por rapazes de 23 e 24 anos se consolida no audiovisual mesmo em meio à crise e gera emprego
Com a proposta de ensinar todos os macetes e ferramentas do audiovisual para qualquer pessoa, os jovens empreendedores Bruno Lorensato e Mateus Ferreira criaram a brainstorm.academy, que já teve 70 mil alunos ao longo de seus 5 anos.
São cursos ofertados para qualquer um que quiser aprender a produzir vídeos, desde crianças de 11 anos que sonham em virar youtubers, até pessoas de 70 anos que pretendem fazer vídeos caprichados das viagens ou dos netos.
O modelo da empresa, localizada na cidade paranaense de Londrina, é tão inovador quanto o produto oferecido: os empresários transformaram o RH em Gerência da Felicidade, são contra métodos que pressionem a equipe e tratam cada integrante como uma pessoa única. Com a premissa de que pessoas felizes trabalham melhor, Mateus e Bruno vêm consolidando e expandindo o negócio e se orgulham de nunca terem perdido nenhum talento.
“A ideia do RH ser Gerência da Felicidade é buscar concentrar a atenção em minimizar os atritos do dia a dia dentro e fora do ambiente de trabalho, cada colaborador tem liberdade para suas escolhas, horários e projetos”
explica Bruno, 24.
O investimento inicial para montar a empresa veio do pai de Mateus, em 2016. Seu Gilson largou o emprego com o qual sustentava a família e usou o FGTS para investir no negócio do filho, que já ajudava financeiramente em casa produzindo vídeos.
“Foi uma atitude extremamente corajosa e cheia de esperança, meu pai resolveu deixar seu emprego estável para pular de cabeça nessa aventura comigo. Uma atitude que eu nunca vou esquecer”, destaca o jovem.
destaca o jovem.
Lucro em meio à crise
No ano passado, os rapazes faturaram R$ 4,5 milhões, valor que tem crescido neste ano, mesmo com a crise.
Os planos são ambiciosos: tornar a brainstorm.academy uma instituição física, no modelo de uma universidade, e ampliar para outros países, como Moçambique, Angola e Portugal.
“Nossos cursos são online e temos muitos alunos de outros países de língua portuguesa, existe demanda”, destacam ambos.
Os dois abandonaram os cursos universitários de Publicidade e Propaganda por não encontrarem o que buscavam. Em Londrina não há faculdade de Cinema, o que fez com que Bruno e Mateus optassem pelo curso de Publicidade e Propaganda ofertado em uma faculdade local, onde havia na grade cadeiras de produção em audiovisual.
Entretanto, se depararam com uma linguagem pouco atraente e técnicas pouco aprofundadas. Isso os motivou a criar a própria escola de audiovisual. Na administração da empresa, uma das ideias abolidas é a de que todos são substituíveis.
“Nós nadamos contra a maré, não queremos tratar as pessoas como números, enxergamos e respeitamos as individualidades de cada um para o trabalho e para o relacionamento em equipe”
ressalta Mateus, 23.
Inovação
No modelo da brainstorm.academy não há rigidez nos horários. Pessoas que rendem mais no turno da manhã podem chegar cedo e começar o dia a todo o vapor, já aqueles que têm dificuldade para acordar cedo, podem começar a jornada de trabalho mais tarde.
O importante é que todos se sintam respeitados e à vontade para desempenharem suas tarefas. O resultado deste modelo é que em 2020 a empresa triplicou o faturamento e, em apenas 5 anos, atingiu 27 profissionais contratados e nenhuma demissão.
As trajetórias pessoais da dupla foram preponderantes para o sucesso. Os dois venceram inúmeros obstáculos. A primeira barreira é que estão fora dos grandes centros urbanos e profissionais, como Rio de Janeiro e São Paulo. A segunda, e principal, é o histórico dos empreendedores: são jovens oriundos de famílias de baixa renda, que enfrentaram dificuldades, estudaram em escolas públicas e graças ao programa Bom Aluno de Londrina, que reconhece os melhores estudantes da rede pública, ganharam bolsas de estudos que lhes permitiram entrar em escolas particulares renomadas, o que possibilitou ampliar o leque de opções.
Fatos que ajudaram a consolidar o modelo de empresa criado por estes inquietos amantes do audiovisual “queremos descomplicar o audiovisual para todo mundo, pois quando começamos a aprender sentimos muita dificuldade de encontrar na internet materiais acessíveis em termos de linguagem e preço”, explica Bruno.
Os dois se conheceram na escola particular onde estudaram com bolsa. Bruno ainda lembra da casa onde morava com a família, feita de madeira e que chacoalhava e soltava tinta quando chovia. Naquele tempo, computador era artigo de luxo.
“Em 2012 convenci minha mãe a fazer um empréstimo para comprar um computador para eu continuar aprendendo Photoshop, na promessa de conseguir pegar alguns trabalhinhos e pagar as parcelas. O empréstimo foi de R$ 2.500,00 e pagamos quase o dobro desse valor em juros para o banco. Depois de um ano, eu consegui pegar meus primeiros trabalhos e ajudar a quitar a dívida”, lembra o rapaz, que ainda adolescente já empreendia fazendo convites para casamentos e logotipos.
Assim como ele, Mateus passou por inúmeros apertos. Dessa forma, durante a pandemia, os dois concederam bolsas de estudos para aqueles que não puderam pagar pelos cursos.
“Um aluno nos procurou dizendo que precisaria desistir do curso porque precisava usar o dinheiro para comprar remédios para a avó, naquele momento não apenas devolvemos o dinheiro como também demos o curso de graça”, destaca Mateus.