Como e por quê fundir duas empresas concorrentes
*Por Nilson Filatieri, CEO da HeroSpak
Como boa parte dos empreendedores de tecnologia, sou obstinado por crescimento. O que mais faço no dia é planejar e executar ações para crescer rápido e resolver problemas que derivam disso. Nos últimos anos, eu repliquei um modelo de crescimento que dava certo e que nos permitia dobrar de tamanho e ainda por cima gerar lucro.
Há um ano comecei a refletir, será que repetir esta estratégia é o caminho? Será que precisamos fazer algo diferente para alcançar um patamar maior? O que falta para sermos 100 vezes maior?
No contexto das startups é comum este pensamento de estar casado com a ideia de levantar investimento. Eu mesmo já havia feito isso para acelerar o crescimento, e funcionou. Mas dessa vez, algo me dizia que para crescermos mais teríamos que fazer algo radicalmente diferente.
Estava claro que havia uma oportunidade, um mercado crescente e pouco explorado. Por outro lado, para capitalizar precisávamos de novas pessoas no time, novos processos e tecnologias.
Mas como solucionar isso?
Após muita análise, concluímos que as opções que tínhamos seria captar investimento, levantar dívida ou fazer uma fusão com alguma empresa que tivesse tal complementaridade, algo muito difícil de se encontrar.
Uma das ações foi conversar com a empresa concorrente, a maior delas, aquela que disputávamos implacavelmente. Felizmente, tínhamos uma boa relação e admiração mútua, então as primeiras conversas fluíram bem, apesar de desconfortáveis. Concluímos que faria sentido a fusão. Juntas, as duas empresas cresceriam mais rápido.
Para que esse processo seja possível, a primeira coisa que deve ser entendida é se há conexão entre os diretores e fundadores. Unir duas startups implica que todos vão se juntar e trabalhar juntos e se isso não estiver 100%, todo o negócio pós-fusão estará em risco.
Em segundo lugar, é fundamental que as empresas estejam alinhadas na estratégia. Outros itens importantes são aderência cultural, experiência e autoridade no assunto, percepção de valuation e transparência entre os sócios são pontos primordiais para que tudo ocorra conforme o esperado.
Na fusão entre Eadbox e Edools, o processo durou cerca de seis meses até que decidíssemos analisar a oportunidade de fusão. Após fecharmos os termos, lá se foram mais quatro meses de muito planejamento até a divulgação oficial. A Edools ficava em Niterói, no Rio de Janeiro, e atualmente, a HeroSpark fica em Curitiba, na antiga sede da Eadbox. O time é um só e todos estão trabalhando pelo mesmo objetivo.
Sobre Nilson Filatieri
Nilson Filatieri é CEO e cofundador da HeroSpark, plataforma que transforma conhecimento em negócios digitais. Engenheiro elétrico formado pela Universidade Estadual de Londrina, possui vasta experiência em estratégia, operações, marketing digital e desenvolvimento de produto. O empreendedor, apaixonado por educação e tecnologia, ficou por mais de seis anos à frente da EADBOX, empresa que se fundiu com a Edools em 2019, dando origem a HeroSpark – hoje presente em mais de 20 países e com um portfólio com mais de 1600 clientes.