Como a moeda digital da China funciona?
Por Alun John
HONG KONG (Reuters) – A China concluiu no domingo o maior projeto-piloto até agora para criação de uma criptomoeda apoiada por seu banco central, algo que analistas afirmam ter ampliado a liderança do país na corrida global para o desenvolvimento de dinheiro digital por parte de bancos centrais (CBDC).
O teste consistiu na distribuição de carteiras online que continham 200 iuans digitais (29,75 dólares) para 50 mil consumidores aleatórios.
Veja a seguir os detalhes sobre como a China está trabalhando para desenvolver sua moeda digital:
O QUE ACONTECEU NA CHINA ATÉ AGORA COM O IUAN DIGITAL?
O iuan digital é provavelmente a mais avançada das iniciativas de criação de CBDCs do mundo até agora.
Bancos centrais, incluindo o da China, têm receio que criptomoedas como bitcoins ou projetos privados como a libra, do Facebook, ganhem popularidade, o que pode limitar o controle das autoridades monetárias sobre os fluxos de recursos.
O BC da China tem trabalhando em sua moeda digital desde 2014, mas liberou alguns detalhes sobre o projeto apenas no ano passado. Algumas informações importantes, como cronograma estimado de lançamento, continuam em segredo.
Uma série de programas-piloto, realizados principalmente em Shenzhen neste mês mostraram que o iuan digital pode funcionar para pagamento de produtos.
Empresas de aplicativos como a Didi Chuxing, de transporte urbano, e Meituan Dianping, de entrega de comida, também estão envolvidas no projeto.
COMO FUNCIONA?
Da perspectiva do usuário, o iuan digital é como os atuais métodos eletrônicos de pagamento atuais na China, que funcionam por meio dos aplicativos Alipay e WeChat Pay: Os usuários baixam apps de carteiras digitais onde podem guardar recursos e que geram um código QR que pode ser lido por terminais de pagamento.
Mas o iuan digital é projetado para substituir o dinheiro físico em circulação, não dinheiro depositado a longo prazo em contas bancárias.
Os bancos comerciais participam na distribuição da moeda digital. Para isso, eles precisam depositar exatamente a mesma quantia de suas reservas junto ao banco central da China para distribuir o dinheiro eletrônico aos clientes.
Tanto os bancos quanto o BC manterão bancos de dados que acompanham os fluxos do iuan digital de um usuário para outro. Isso é algo que eles não conseguem fazer de forma tão efetiva usando dinheiro físico como notas e moedas.
Diferente de criptomoedas como bitcoin, o iuan digital não vai depender de blockchain, tecnologia de bancos de dados distribuídos que permite que transações sejam validadas sem necessidade de bancos.
QUAL A EFETIVIDADE?
O uso amplo do iuan digital dará aos formuladores de política monetária da China maior visibilidade sobre como estão os fluxos de capital na economia do país. Isso ajudará no acompanhamento de fluxos de capital considerados ilícitos pelas autoridades e também permitirá a elas fazer experimentos de intervenções de política monetária sobre classes econômicas, regiões ou outros grupos específicos.
A China tem um objetivo antigo de internacionalizar sua moeda e o iuan digital poderá ajudar nisso, tornando mais simples usuários em outros países utilizarem o iuan.
((Tradução Redação São Paulo, 55 11 56447753)) REUTERS AAJ AAP