China pode dominar tecnologia mundial, diz chefe de espionagem digital do Reino Unido

Publicado em 23 abr 2021, às 17h25. Atualizado às 17h31.

Por Guy Faulconbridge

LONDRES (Reuters) – O Ocidente deve agir urgentemente para garantir que a China não domine novas tecnologias importantes e ganhe o controle do “sistema operacional global”, disse a principal autoridade britânica em inteligência digital nesta sexta-feira.

Em um discurso incomumente franco, Jeremy Fleming, diretor da agência de espionagem GCHQ, disse que o Ocidente enfrenta uma batalha pelo controle de tecnologias como inteligência artificial, biologia sintética e genética.

“Uma liderança significativa em tecnologia está se movendo para o Leste”, disse Fleming no Imperial College London. “A preocupação é que o tamanho e o peso tecnológico da China signifique que ela tem potencial para controlar o sistema operacional global.”

“Estamos agora em um momento de ajuste de contas”, disse ele.

As potências mundiais competirão para moldar o futuro desenvolvendo a melhor tecnologia, contratando as pessoas com os melhores cérebros e dominando as normas globais que regerão as tecnologias, disse Fleming.

Ele ainda afirmou que se a Grã-Bretanha deseja permanecer como uma potência digital global, terá que desenvolver tecnologias quânticas “soberanas”, incluindo tecnologias criptográficas, para proteger informações e habilidades sigilosas.

Segundo Fleming, a computação quântica, que usa os fenômenos da mecânica quântica para dar um salto adiante na computação, está se aproximando e apresenta grandes oportunidades, mas também riscos.

O Ocidente deve seguir em frente com o desenvolvimento de algoritmos à prova quântica, disse ele, “portanto, também estamos preparados para aqueles adversários que podem usar um computador quântico para olhar em coisas que atualmente pensamos que são seguras”.

Fleming ainda pediu um maior estímulo às condições de mercado que permitam inovações, e criem uma diversidade de oferta em um conjunto mais amplo de tecnologias.

Para ele, a China está “trazendo todos os elementos do poder estatal para controlar, influenciar o design e dominar os mercados”, enquanto tenta controlar os debates sobre os padrões globais.

Fleming acrescentou que as moedas digitais carregam uma significativa promessa de revolucionar o setor financeiro, mas representam uma ameaça potencial às liberdades se forem abusadas por Estados não democratas, pois podem permitir “violações significativas na vida de cidadãos e empresas”.

A Rússia continua sendo a maior ameaça imediata ao Ocidente, mas o domínio de longo prazo da tecnologia por parte da China representa um problema muito maior, disse ele.

“A Rússia está afetando o clima, enquanto a China está moldando o ambiente”, afirmou.

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