Bancos centrais se unem para elaborar moeda digital e reduzir distância para China

Publicado em 9 out 2020, às 13h06. Atualizado às 13h10.

Por Huw Jones e Tom Wilson

LONDRES (Reuters) – Um grupo de sete grandes bancos centrais, incluindo o Federal Reserve, definiu nesta sexta-feira como uma moeda digital deve ser numa tentativa de se aproximarem dos desenvolvimentos da China e passarem por cima de projetos privados como a Libra, do Facebook.

Os bancos centrais e o Bank de Compensações Internacionais (BIS, na sigla em inglês) afirmaram que as principais características devem incluir resiliência, disponibilidade de baixo ou zero custo, padrões apropriados e aparato legal claro, além de prever um papel apropriado para o setor privado.

O vice-presidente do Banco da Inglaterra (BoE) e presidente do comitê do BIS sobre pagamentos, Jon Cunliffe, disse que o crescimento dos pagamentos digitais desde as medidas de quarentena disparadas pelo coronavírus aceleraram a transformação do dinheiro pela tecnologia.

Os bancos centrais começaram a olhar mais atentamente para moedas digitais após o Facebook anunciar em 2019 o lançamento da Libra, que seria lastreada por uma cesta das principais moedas e títulos de dívida governamentais. A entidade por trás da iniciativa desde então mudou os planos e agora espera lançar várias “stablecoins” lastreadas por moedas individuais.

Os bancos centrais precisam acelerar os trabalhos para evitarem que o setor privado crie sistemas de pagamento incompatíveis, disse Cunliffe.

Além do Fed e do BoE, os outros bancos incluem o Banco Central Europeu, o Banco Nacional da Suíça e o Banco do Japão, mas não o Banco Popular da China.

A China já está em processo de criação de sua moeda digital e o Banco Popular da China afirma que a iniciativa vai impusionar o alcance do iuan em um mundo dominado pelo dólar.

Na véspera, o principal diplomata do Japão para finanças, Kenji Okamura, disse que a China está buscando obter a vantagem de ser a primeira a desenvolver sua própria moeda digital, alertando que isso é “algo que deveríamos nos preocupar”.

“Não acho que isso seja uma corrida entre bancos centrais”, disse Cunliffe, acrescentando que nenhuma moeda digital emitida por banco central vai dominar o mundo todo.

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