Audiência com executivos de Big Techs no Senado dos EUA torna-se disputa política

Publicado em 28 out 2020, às 16h09. Atualizado às 16h10.

Por Nandita Bose e David Shepardson

WASHINGTON (Reuters) – Uma audiência no Senado dos Estados Unidos para reformar uma lei e responsabilizar as empresas de tecnologia pela forma como moderam conteúdo de suas plataformas rapidamente se transformou em uma briga política, com parlamentares não apenas perseguindo as empresas, mas também atacando uns aos outros.

Os parlamentares estão divididos sobre como responsabilizar as gigantes de tecnologia de acordo com a Seção 230 da Lei de Decência nas Comunicações – que protege as empresas da responsabilidade sobre o conteúdo publicado pelos usuários, mas também permite que as companhias moderem o discurso político.

Os presidentes-executivos de Twitter, Facebook e Google, da Alphabet, consideraram a lei crucial para a liberdade de expressão na internet. Eles disseram que a Seção 230 lhes dá os meios para encontrar um equilíbrio entre preservar a liberdade de expressão e moderar o conteúdo, mas estão abertos a sugestões de que a lei precisa de mudanças.

Os três CEOs também concordaram que as empresas deveriam ser responsabilizadas se as plataformas agirem como produtoras de conteúdo, mas negaram serem juízes do discurso político – uma afirmação que irritou alguns republicanos.

O senador Ted Cruz atacou Jack Dorsey, do Twitter, após o executivo dizer que a empresa não tem influência nas eleições.

“Quem diabos o elegeu e o colocou no comando do que a mídia pode noticiar e o que o povo norte-americano pode ouvir?”, disse Cruz, referindo-se à decisão da plataforma de bloquear notícias do New York Post sobre o filho de candidato presidencial democrata Joe Biden. Antes da audiência, o senador divulgou uma imagem no Twitter intitulada “Confronto pela liberdade de expressão, Cruz vs Dorsey”, que mostrava que ele e Dorsey do Twitter se enfrentariam.

O senador democrata Brian Schatz disse que não tinha perguntas, classificando a audiência como “sem sentido”. “Isso é bullying e é para fins eleitorais”, disse ele.

Outros democratas, incluindo Tammy Baldwin, Ed Markey e Amy Klobuchar, também disseram que a audiência foi realizada como forma de ajudar a reeleição do presidente Donald Trump.

Trump, que alega que vozes conservadoras são sufocadas pelas empresas, e parlamentares republicanos publicaram uma série de tuítes enquanto a audiência acontecia. “Revoguem a Seção 230!” Trump publicou. O senador Josh Hawley atacou Dorsey do Twitter. “Esse nível de idiotice confirma a impressão generalizada de que a principal fonte de alimento de Jack é maconha.”

Zuckerberg, do Facebook, disse que apoia mudanças na lei, mas alertou que as plataformas de tecnologia provavelmente irão censurar mais para evitar riscos legais se a Seção 230 for revogada. Biden expressou apoio à revogação da lei.

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