Veja partes da minuta encontrada na casa de Anderson Torres e que previa 'fiscalizar' as eleições
Partes da minuta encontrada na casa de ex-ministro da Justiça de Bolsonaro, Anderson Torres, foram vazadas na noite desta quinta-feira (12). No decreto supostamente golpista, o ex-presidente preve a criação de uma comissão controlada pelo governo, para fazer a “apuração da conformidade e legalidade do processo eleitoral”, vencido por Lula em outubro.
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Conforme o jornal Folha de São Paulo, o documento, que cita o “reestabelecimento imediato da lisura e correção da eleição de 2022”, previa a quebra dos “sigilos de correspondência e de comunicação telemática e telefônica” dos membros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que abrangeria todo o processo eleitoral até a diplomação de Lula, em 12 de dezembro.
A Comissão de Regularidade Eleitoral seria composta por oito integrantes do Ministério da Defesa (indicados pela presidência), dois peritos criminais federais, dois representantes do Congresso Nacional (Câmara e Senado), dois membros do Ministério Público Federal, um membro do Tribunal de Contas da União e um da Controladoria-Geral da União.
O grupo seria responsável por elaborar um relatório final e apontar supostas irregularidades nas eleições, com intuito de Bolsonaro se autodeclarar vencedor das eleições 2022.
O documento, apreendido pela Polícia Federal, estava num armário da casa do ex-ministro Anderson Torres, que teve a prisão decretada pelo ministro do TSE, Alexandre de Moraes. Conforme o mandado, Torres, que tinha acabado de assumir como secretário de segurança do Distrito Federal, não impediu a invasão aos prédios dos três poderes em Brasília, ocorrido no domingo (8). Ele teria recebido a informação da manifestação, mas teria sido omisso em impedi-la.
O que diz Anderson Torres
Anderson Torres se manifestou nas redes sociais sobre o documento. Ele não negou a existência da minuta em sua casa. Ainda reiterou que o documento seria triturado e que a divulgação da minuta se deu fora do contexto.
“No cargo de Ministro da Justiça, nos deparamos com audiências, sugestões e propostas dos mais diversos tipos. Cabe a quem ocupa tal posição, o discernimento de entender o que efetivamente contribui para o Brasil.
Havia em minha casa uma pilha de documentos para descarte, onde muito provavelmente o material descrito na reportagem foi encontrado.
Tudo seria levado para ser triturado oportunamente no MJSP. O citado documento foi apanhado quando eu não estava lá e vazado fora de contexto, ajudando a alimentar narrativas falaciosas contra mim.
Fomos o primeiro ministério a entregar os relatórios de gestão para a transição. Respeito a democracia brasileira. Tenho minha consciência tranquila quanto à minha atuação como ministro.”