"Sou candidata", diz Cristina ao ser barrada em debate por dúvidas jurídicas
A decisão da emissora ocorreu depois que o ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Raul Araújo, rejeitou a liminar que buscava restituir o diretório do Partido da Mulher Brasileira (PMB) no Paraná e em Curitiba
Cristina Graeml (PMB), que não participará mais do primeiro debate entre os candidatos à Prefeitura de Curitiba na noite desta quinta-feira (8), realizou uma entrevista coletiva em frente à emissora onde a transmissão irá acontecer. Na conversa, a jornalista afirmou que é candidata e que sua candidatura foi realizada de forma “orgânica”.
A decisão da emissora aconteceu após o ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Raul Araújo, rejeitar a liminar que buscava restituir o diretório do Partido da Mulher Brasileira (PMB) no Paraná e em Curitiba. Já a decisão eleitoral, ainda provisória, gera incertezas sobre a candidatura da jornalista Cristina Graeml à Prefeitura de Curitiba nas eleições deste ano.
“Eu sou candidata à Prefeitura de Curitiba. Se a Band não me quer no debate, se não abre as portas de forma democrática, se ela escolhe quem vai estar ali, se estão com medo, como diz a população que tá aqui do lado de fora me querendo no debate, eu vou abrir uma live logo mais e responder as perguntas que estão sendo feitas lá”, disse a pré-candidata na entrevista coletiva, que, até o momento, não teve a sua candidatura homologada no TSE.
Segundo a presidente do partido, Suêd Haidar Nogueira, existe uma “nulidade quanto a escolha da senhora Cristina Gramel candidata a Prefeita de Curitiba em nome do PMB”, devido a destituição do diretório regional do partido em Curitiba. Com isso, os efeitos da convenção seriam inválidos. Mas, ao contrário do que afirma a Executiva Nacional do PMB, Cristina disse que sua candidatura é legal e que a convenção aconteceu de forma “legítima no dia 5 de agosto”.
Cristina Graeml é desconvidada de debate “5 minutos antes de chegar” à emissora
Em um vídeo, publicado nas redes sociais, Cristina disse que foi descovidada do debate “cinco minutos antes de chegar à emissora”.
“Eu tinha convidado todo mundo para assistir ao debate da Band, já estava a caminho da emissora, cinco minutos antes da minha chegada, eu recebi um aviso de que eu estava sendo desconvidada para o debate. É o sistema se contorcendo com medo da unica candidatura de direita à Prefeitura de Curitiba”, disse Cristina.
Também pelas redes sociais, Cristina disse que irá fazer uma live no mesmo horário do debate para que os apoiadores possam tirar as suas dúvidas sobre as propostas da pré-candidata.
Emissora se manifesta em nota
Em nota, a emissora que realiza o debate nesta quinta-feira se manifestou sobre a polêmica. Confira o comunicado na íntegra
“Considerando que o convite feito ao Partido da Mulher Brasileira para participar do debate eleitoral de 2024 à prefeitura de Curitiba/PR foi realizado por mera liberalidade da emissora, considerando, ainda, o atual cenário de dúvida e polêmica, somada a judicialização da pré-candidatura de CRISTINA GRAEML”, disse.
“A TELEVISÃO BANDEIRANTES DO PARANÁ LTDA, por meio de seus advogados e no exercício de sua discricionariedade, comunica que a candidata CRISTINA GRAEML não estará entre os pré-candidatos convidados a participar do debate que será realizado hoje, 08 de agosto de 2024, às 22:30, nas dependências desta emissora”, completou.
Entenda o caso
A presidente nacional do partido, Suêd Haidar Nogueira, decidiu intervir nas executivas estadual e municipal, e impetrou um mandado de segurança no Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR), no último sábado (3), para dissolver o diretório curitibano.
Então, Fabiano dos Santos, presidente da Comissão Provisória Estadual do PMB no Paraná, apresentou um mandado de segurança no Tribunal Regional Eleitoral do Paraná, solicitando a reintegração dos diretórios de Curitiba e do Estado, alegando que houve uma “destituição arbitrária e unilateral”.
A relatora do caso declinou a competência do TRE-PR e remeteu o processo ao TSE, por se tratar de um ato nacional – que foi negado pelo ministro Raul Araújo.
“Diante da análise dos argumentos apresentados na petição inicial e dos documentos anexados, constata-se, de forma preliminar, a insuficiência de provas pré-constituídas para demonstrar, neste estágio processual, que o pedido de inativação dos diretórios estadual e municipal pela impetrada desrespeitou o devido processo legal. Assim, tendo em vista que a ausência de suporte documental mínimo impede aferir a relevância do fundamento apontado como base do direito líquido e certo do impetrante, é inviável a concessão de liminar inaudita altera parte, sem prejuízo de nova deliberação a respeito após a instrução processual”, afirma o ministro Raul Araújo no despacho.
Polêmica
O PMB nacional tem se alinhado à candidaturas apoiadas pelo presidente Lula (PT) em diversos estados. Em São Paulo, por exemplo, a legenda decidiu coligar com Guilherme Boulos (PSOL) e a intervenção do diretório nacional busca fazer com que os ideais defendidos pelo partido na esfera federal sejam incorporados também no Paraná.
Já Cristina Graeml se identifica como ‘uma candidata Bolsonarista Raiz’, com ideologia alinhada com a Direita, mesmo não fazendo parte do partido do ex-presidente Jair Bolsonaro. A diferença de posicionamentos causou a ruptura.
Neste cenário, caso a candidatura de Graeml seja indeferida, o partido deve se alinhar à chapa liderada pelo deputado federal Luciano Ducci (PSB).
Candidatos se manifestam sobre o caso
O candidato Roberto Requião (Mobilização) disse que o PMB está apostando no mandado de segurança para viabilizar a campanha de Cristina. “Esse pleito político está virando uma guerra na qual o canhão é a conta bancária dos partidos poderosos. Um absurdo distituir o PMB de Curitiba na última hora? Ela (a Cristina Graeml) tem que participar para mostrar as suas propostas para Curitiba, está no direito dela”, disse.
Já Samuel de Mattos (PSTU) critica o sistema eleitoral. “Para a gente isso é um reflexo das contradições desse sistema e, de certo modo, da falta de democracia que a gente tem no processo eleitoral. Por exemplo, a gente quer um partido menor, vai estar excluído de diversos cenários de tempo de TV. Uma dificuldade muito grande, uma desigualdade bem grande entre os partidos, enquanto pessoas que nem foram aprovadas pelos seus próprios partidos têm espaço, conseguem estar participando de espaços como esses. Então, para a gente são essas bizarrices normais desse sistema que é completamente antidemocrático no nosso ponto de vista”, afirmou.
“A campanha de Andrea Caldas entende que cabe à Justiça Eleitoral se pronunciar sobre essa questão, uma vez que é a responsável por validar todo o processo. No entanto, é importante notar que, historicamente, candidatos da direita tendem a ter mais espaço na mídia, independentemente de questões internas. Continuamos firmes em nossa trajetória, focados em apresentar propostas concretas para uma Curitiba mais justa e democrática”, afirmou a assessoria de Andrea Caldas (PSTU).
Já Ney Leprevost se manifestou pelas redes sociais. “Democracia pressupõe pluralidade de ideias e respeito a pensamentos divergentes. Impedir a Cristina Graeml de concorrer é afronta a eleitores que se identificam com ela. A retirada autoritária de uma candidata aprovada em convenção enfraquece a qualidade do debate político”.
“Lamentamos o fato de o partido não reconhecer sua candidatura, até porque apoiamos a diversidade de ideias e pensamentos nesta eleição. No entanto, sem o devido ato oficializado e homologado, sua candidatura não tem validade perante a lei e isso deve ser reavaliado pelos organizadores do debate.
Caso realmente seja mantida a decisão de a candidata participar, também estaremos preparados para o bom debate”, comentou Luizão Goulart (Solidariedade).
Luciano Ducci (PSB), Eduardo Pimentel (PSD) e Maria Victoria (Progressistas) não se manifestaram ainda sobre o caso.
Confira a nota na íntegra de Cristina Graeml
“Venho, por meio desta, esclarecer que a minha candidatura à Prefeitura de Curitiba foi aprovada de forma soberana durante a convenção municipal do Partido da Mulher Brasileira (PMB), realizada no dia 05/08/2024. Essa decisão, tomada de maneira democrática e em conformidade com os princípios do PMB, não será afetada pelo litígio em andamento entre o ex-presidente do PMB do Paraná e a Executiva Nacional do partido.
Reafirmo que minha candidatura está alinhada com os valores centrais do PMB, incluindo a promoção da participação feminina na política e a defesa dos direitos das mulheres. A convenção municipal, que representa a vontade legítima das nossas bases partidárias, é um processo que respeita a democracia interna do partido e as aspirações da população curitibana.
O PMB tem passado por um processo de reestruturação, com o objetivo de fortalecer a democracia interna e garantir que todas as vozes sejam ouvidas. A minha candidatura reflete essa renovação, e estou comprometida em representar de forma honesta e dedicada os interesses de nossa cidade.
Agradeço a todos os membros e simpatizantes do PMB pelo apoio incondicional. Juntos, continuaremos a trabalhar por uma Curitiba mais justa e inclusiva, onde a participação ativa das mulheres seja cada vez mais valorizada e respeitada”, disse em nota.
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