Regime Emergencial do transporte coletivo divide opiniões na CMC: falta documento ou agilidade?

Fala, Marc!

por Marc Sousa
Publicado em 20 set 2021, às 22h19.

Após um debate que dividiu opiniões, coube ao presidente da Câmara Municipal de Curitiba (CMC), Tico Kuzma (Pros) dar o voto de minerva e aprovar o pedido de regime de urgência do Executivo que visa estabelecer um novo prazo em relação a operação especial do transporte coletivo durante a pandemia. O projeto que corre em Regime Emergencial, prolonga o prazo que deve vencer no final de setembro para 22 de fevereiro de 2022.

De acordo com a justificativa da ação a ideia é dar “continuidade aos serviços” e “minimizar os impactos financeiros negativos ao sistema”. Entretanto, nem o texto, nem a justificativa da matéria detalham valores que serão gerados pelo novo aporte.

O pedido de urgência é de iniciativa do Legislativo e foi apresentado ainda na sexta (17), pelo líder do governo, Pier Petruzziello (PTB). Na justificativa, ele e outros 13 vereadores explicaram que a rapidez na tramitação é necessária porque o transporte coletivo está enfrentando várias problemas “devido aos problemas causados pela pandemia da Covid-19”.

“A tarifa técnica está em R$ 8,00, contra o valor pago pelo passageiro que é de R$ 4,50, o que causa um real desequilíbrio nas contas. Aumentar a passagem neste momento seria prejudicial às pessoas e é algo que o prefeito Rafael Greca combate desde que assumiu a prefeitura. Este governo tem um compromisso com a transparência, nada nesta Casa é votado às escondidas. Eu não seria o líder de um governo que votasse qualquer coisa escondido, eu não seria o líder de um governo que não se colocasse à disposição da população.”

afirmou Petruzziello.

Se mantendo contrários ao regime de urgência, os vereadores da bancada do PT puxaram o debate com críticas à falta de documentos e a possibilidade da discussão do projeto em plenário sem passar pela análise das comissões permanentes da Casa. 

“O que questiono é a incoerência da prefeitura em indicar mais uma doação milionária no sistema sob a justificativa da crise da pandemia no momento em que libera a capacidade máxima dos ônibus em meio à pandemia, como se ela não houvesse”,

reforçou Josete. . 

A prorrogação está sendo sendo feita desde agosto de 2020.

Outros vereadores presentes também questionaram o fato da tramitação não estar contando com a participação da administração da Urbs, dos movimentos sociais e instituições que fazem a discussão do tema, população geral, Ministério Público do Paraná (MPPR) e Tribunal de Contas do Estado (TCE-PR).

Montante

“Como somos fiscais da prefeitura, temos que trabalhar em cima de documentos e não de argumentos”,

frisou Dalton Borba (PDT), ao defender a necessidade dos vereadores terem mais informações sobre a matéria antes de votá-lo em plenário. 

O vereador Denian Couto (Pode) afirmou que, novamente, a Prefeitura de Curitiba “sabia que estava terminando o prazo e deixou novamente que estourasse o prazo para apresentar a renovação para que se vote a toque de caixa, da maneira como foi na legislatura passada”. Para ele, a proposta deveria passar pelas comissões para que as “planilhas” pudessem ser abertas e discutidas ponto a ponto “e não do jeito aqui, a ser feito na patrola”.

“Manter o sistema funcionando”

Em maio, na prestação de contas da Prefeitura de Curitiba referente ao primeiro quadrimestre de 2021, a Secretaria Municipal de Planejamento, Finanças e Orçamento afirmou ter repassado ao Fundo de Urbanização de Curitiba (FUC) R$ 288,5 milhões desde o início da pandemia da Covid-19.

De acordo com a CMC, o montante repassado dos cofres municipais foi autorizado pelo próprio Legislativo, a partir da aprovação do Regime Emergencial de Operação e Custeio do Transporte Coletivo, em abril do ano passado e com validade até agosto passado, depois, com a sua prorrogação até dezembro, e com novo adiamento do fim do prazo, que terminou em junho de 2021- aprovado pela CMC em dezembro.

Na época, o secretário de Finanças, Vitor Puppi disse que essa “despesa significativa” tem sido “necessária em razão da queda do número de passageiros no sistema [na pandemia da covid-19], que influenciou na queda de receita do transporte coletivo”.

“Por isso o aporte do município para manter o sistema funcionando”,

comentou Puppi.

Pauta que segue

Com a aprovação do regime de urgência, as comissões permanentes terão até três dias úteis para se manifestarem sobre o projeto do Executivo, que entrará na pauta da próxima sessão plenária após o fim deste prazo, com ou sem pareceres. A matéria, portanto, estará na ordem do dia da próxima segunda-feira, 27 de setembro, para votação em primeiro turno.