Ratinho, Moro, Barros ou Bolsonaro; quem venceu o primeiro turno no Paraná?

Resultados do primeiro turno impactam diretamente na corrida eleitoral de 2026 no Paraná

Publicado em 9 out 2024, às 22h43. Atualizado em: 27 out 2024 às 19h32.

Os partidos de centro-direita e direita foram os maiores vencedores do primeiro turno no Paraná. Mas entre as principais lideranças, como Ratinho Jr., Sergio Moro, Ricardo Barros e Jair Bolsonaro, quem venceu ou perdeu mais nessa disputa?

Ratinho, Moro, Barros ou Bolsonaro; quem venceu o primeiro turno no Paraná?
Primeiro turno das eleições foi disputado no último domingo (6). (Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil, Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil e Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Nos números brutos de prefeituras conquistadas, o PSD manteve a liderança e chegou a 162 prefeitos eleitos – 41% de todo o Paraná, seguido pelo PP (61) e pelo PL (52). O União Brasil de Moro registrou 29 vitórias em executivos municipais no primeiro turno.

Outras três disputam estão abertas no segundo turno: Curitiba, Londrina e Ponta Grossa. Nesses locais, o PSD tem dois concorrentes, enquanto o União Brasil e o PP têm um.

Em Curitiba o duelo será entre Cristina Graeml (PMB) e Eduardo Pimentel (PSD). Chance do primeiro prefeito eleito pelo PMB no Paraná ou ampliação do domínio do PSD.

Já em Londrina, Professora Maria Tereza (PP) encara Tiago Amaral (PSD). Duelo dos dois primeiros partidos em número de prefeitos eleitos nessa eleição no Paraná.

Por fim, Ponta Grossa terá a revanche da eleição passada com Elizabeth Schmidt (UNIÃO) e Mabel Canto (PSDB). Ambos partidos com desempenho abaixo nas eleições desse ano, na comparação com 2020.

Nessas cidades, os eleitores voltam às urnas no dia 27 de outubro (domingo). Diferente do primeiro turno, há divisão igualitária da propaganda eleitoral gratuita de rádio e TV entre os candidatos.

Leia também:

Confira abaixo como as lideranças políticas saíram do primeiro turno no Paraná:

Ratinho Jr. e o PSD

O atual governador do Paraná chegou a se licenciar do cargo na última semana de eleição para focar na disputa eleitoral, mas sai dessa disputa com um cenário dividido.

De positivo, o crescimento da capilaridade do PSD dentro do Paraná e a vitória ainda no primeiro turno em São José dos Pinhais, com a reeleição de Nina Singer (PSD).

Mas por outro lado, o PSD não conseguiu manter as prefeituras de Maringá, Ponta Grossa e Toledo, além de derrotas no Litoral do Paraná nas cidades de Guaratuba, Matinhos e Paranaguá.

“Governo de segundo mandato, ele tende a se interiorizar e entrar em pequenos municípios, e sair dos grandes municípios, perder densidade eleitoral nos grandes municípios. Então, me parece que é normal o que aconteceu. Aumentou o número, mas se a gente olhar o número de votos, não deve ter aumentado”, explica o doutor em Ciência Política e professor do do Departamento de Ciência Política da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Emerson Urizzi Cervi.

Outro ponto de preocupação para Ratinho Jr. e o PSD se concentra em Curitiba. Pimentel foi vice-prefeito nas duas gestões de Rafael Greca (PSD) e terá que duelar com Cristina no segundo turno. Para Cervi, essa dificuldade resulta no surgimento de uma nova liderança dentro da direita no Paraná.

“Independente do que aconteceu no primeiro turno de Curitiba, o eleitor de Curitiba produziu uma nova liderança política da extrema-direita, que é a Cristina Graeml. Campo este, que o Ratinho, apesar de ser um político institucionalizado, vinha controlando com certa facilidade. E isso fez com que ele considerasse a eleição fácil do Pimentel e isso garantiria muita liberdade para decidir as eleições de 2026 e a colocação dos nomes para os cargos”, complementa o professor.

Cervi ainda prevê que o resultado dessas eleições provocará mudanças dentro das secretarias do Governo do Paraná.

“Uma das consequências mais imediatas para a ação no secretariado do governo do Estado é um rearranjo das forças com representação para os últimos dois anos do governo, que são os dois anos que vão se para as eleições de 2016”, finalizou.

Moro e o União Brasil

Atual dono de uma das três cadeiras do Paraná no Senado Federal, Moro colocou o União Brasil em várias disputas contra o PSD de Ratinho no estado.

Mas o saldo não foi positivo: em 2020, PSL e Democratas elegeram 49 prefeitos, enquanto que em 2024, o número caiu para 20.

Em Curitiba, Ney Leprevost (UNIÃO) registrou apenas 6,49% dos votos válidos e ficou fora do segundo turno, mesmo com a esposa do senador, Rosângela Moro (UNIÃO), como vice na chapa.

“Em Curitiba, que é o berço do Lava-Jatismo e a base eleitoral do Moro, ele saiu muito, muito, muito prejudicado. O Lava-Jatismo, esse sim, me parece estar, do ponto de vista eleitoral, enterrado em Curitiba. Já em ão José dos Pinhais que teria, esse ano, pela primeira vez, possibilidade de segundo turno e que foi derrotado já no primeiro turno pelo candidato do PSD à eleição”, analisa Cervi.

A chance de ‘redenção’ do União Brasil nessas eleições é vencer o segundo turno em Ponta Grossa, vitória que significaria uma das principais cidades do Paraná sob controle do partido.

Ricardo Barros e o PP

Deputado federal e uma das principais lideranças da política paranaense desde os anos 1990, Ricardo Barros conseguiu colocar o PP com 61 prefeituras em 2024 – 40 a mais do que quatro anos atrás.

Mas nos grandes centros, o PP não conseguiu manter esse bom resultado. Derrotas em Cascavel, Curitiba e Foz do Iguaçu.

Em Curitiba, inclusive, Maria Victoria (PP), filha de Ricardo, teve apenas 2,19% dos votos, e ficou fora da disputa no segundo turno.

“O Progressista já está estruturado e o Ricardo Barros pretendia que a filha dele estivesse melhor que tem em Curitiba. Isso atrapalha as perspectivas de concorrer ao Senado em 2026. Então, acaba tendo um efeito negativo para as expectativas de quem é candidato para uma eleição majoritária”, pontua Cervi.

Uma última chance do PP em vencer uma disputa nos principais municípios do Paraná em 2024 é em Londrina, onde a candidata do atual prefeito Marcelo Belinati (PP), Professora Maria Tereza (PP), duela com o deputado estadual Tiago Amaral (PSD).

Jair Bolsonaro e o PL

O ex-presidente da República chegou a visitar algumas praças do Paraná no mês de agosto e viu o PL dentro do estado crescer de 28 prefeituras em 2020 para 52 neste ano.

O PL venceu em praças importantes do Oeste do Paraná como Cascavel, Guarapuava, Foz do Iguaçu e Pato Branco.

Dessa forma, o partido ganha maior sustentação para a disputa eleitoral em 2026 no Paraná.

“Então, esse crescimento é explicado pela entrada do movimento social no partido, muito mais pela presença de lideranças ou de candidatos fortes nas prefeituras. Então, o que ele faz é agregar lideranças sociais, leva para a campanha, como é essa densidade.”, analisa Cervi.

Além disso, o PL observa com atenção o desfecho da eleição em Curitiba. Se Pimentel vencer, Paulo Martins (PL) é o vice na chapa e coloca a legenda com mais presença na Prefeitura. Mas caso Cristina seja a vencedora, a jornalista é próxima de Bolsonaro, que inclusive, “autorizou” votos nela no primeiro turno.

Quer receber notícias no seu celular? Entre no canal do Whats do RIC.COM.BR. Clique aqui!