Racha interno no PT de Curitiba deixa legenda sem rumo para 2024
Não é tranquilo o clima interno no PT de Curitiba. A briga pública do ex-governador Roberto Requião (PT) contra o grupo que comanda o partido é só a ponta do iceberg. Incomodado por não ter sido indicado à um cargo relevante na administração federal, o veterano tem feito criticas consistentes contra o governo Lula da Silva (PT) nas redes sociais. O filho dele, deputado estadual Requião Filho (PT), segue o mesmo caminho. Descontente com os rumos desenhados pela direção majoritária da legenda, ele pretende ir pra briga com os caciques históricos que querem uma “coalizão” com o PSDB e outros sete partidos.
A família Requião não gostou nada da história do PT se coligar com os tucanos para a disputa da prefeitura de Curitiba. O pai foi direto. Em entrevista ao jornalista Karlos Kohlbach, o ex-governador definiu como “canalhice explícita” a proposta. O filho foi mais longe, e já lançou o próprio nome como pré-candidato ao Palácio 29 de Março, e assim, enfrentar a ideia da aliança com a legenda do antigo desafeto dos Requiões, o ex-governador Beto Richa (PSDB).
Mas não é só isso. Há ainda outros dois pré-candidatos: a deputada federal Carol Dartora (PT) e o deputado estadual Renato Freitas (PT).
Para entender o tamanho do problema, é importante compreender a organização interna do PT. A legenda é composta de vários macrocampos que, por sua vez, são divididos em tendências, que funcionam como sub-partidos. Cada um dos grupos dessa colcha de retalhos reivindica seu quinhão partidário e tenta falar em nome do coletivo da sigla.
O campo “Construindo o Novo Brasil (CNB)”, também chamado de “campo majoritário”, é a ala que comanda o partido. Abriga nomes como o de Lula e da presidente nacional da legenda, deputada federal Gleisi Hoffmann (PT). Como cuida das questões nacionais, Gleisi destacou para representa-la no Paraná o deputado estadual Arilson Chiorato (PT). Chiorato é o principal defensor e articulador de uma aliança com o PSDB.
Já o campo “Mensagem ao Partido”, defende uma esquerda democrática, e tem em Dartora uma liderança para disputa de Curitiba.
O campo “Muda PT”, considerado mais radical, defende uma mudança na política de alianças do partido, buscando a construção de uma frente apenas de esquerda. Freitas é um dos adeptos dessa ideia.
Mas e a família Requião? Pois bem, os requianistas, até agora, não se enquadraram em nenhuma das correntes. Por isso são vistos por alguns dirigentes partidários como isolados e sem articulação interna. Um cacique vermelho de alto posto ouvido pela coluna aposta que eles podem até criar a própria tendência. Sim, o PT admite “tendências regionais”.
Como se vê, o PT de Curitiba tem, pelo menos, quatro caminhos a seguir. Resta saber como cada um desses pedaços vai se posicionar. A guerra pública nas redes sociais entre eles mesmos já nos dá uma pista do que vem por aí.