Pesquisas eleitorais em Curitiba, dá para confiar?
À medida que o dia 6 de outubro se aproxima, primeiro turno das eleições municipais, e a expectativa pelo pleito, surgem questionamentos sobre a credibilidade dos institutos de pesquisa envolvidos na divulgação dos dados. Diversas pesquisas têm sido divulgadas, mas a confiabilidade de algumas delas vem sendo contestada. A presença de institutos com histórico problemático e a falta de transparência em relação aos financiadores são fatores que levantam alertas.
A credibilidade das pesquisas em jogo
Com 11 pesquisas registradas entre os dias 16 e 30 de setembro, Curitiba vive um verdadeiro bombardeio de dados eleitorais. Embora esses levantamentos tenham o potencial de oferecer um panorama das intenções de voto, é crucial que o eleitor fique atento à origem dessas informações. Por exemplo, o Studio Pesquisa, um dos que divulgará pesquisas na reta final, enfrenta questionamentos da Justiça Eleitoral em outras cidades como Imbé, no Rio Grande do Sul. Esse tipo de histórico coloca em xeque a imparcialidade e a qualidade das pesquisas que serão divulgadas.
A pesquisa eleitoral do Instituto Veritá em Divinópolis foi questionada devido às preocupações quanto à falta de transparência sobre os bairros pesquisados e à ausência de uma Nota Fiscal, apesar de o próprio instituto ter arcado com o custo de R$ 23 mil. Além disso, o estatístico responsável pela pesquisa, Guilherme de Alvarenga Alves, está envolvido em uma controvérsia sobre uma pesquisa semelhante em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, e enfrenta pedido de impugnação por alegações de irregularidades. A pesquisa aborda intenções de voto, rejeição de candidatos e avaliação de governos, mas sua credibilidade foi questionada justamente por esses fatores.
Outro ponto que merece atenção é a autocontratação de institutos, como é o caso da Atlas, que é a pagante de duas pesquisas em Curitiba. Embora essa prática não seja ilegal, ela levanta questões sobre a independência dos resultados, pois há um conflito de interesses quando o próprio instituto que realiza a pesquisa também paga por ela. Situações como essa podem distorcer a percepção pública e criar um cenário que favoreça determinados candidatos.
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Quem está por trás das pesquisas?
Saber quem contrata e financia as pesquisas é fundamental para entender o viés por trás dos números. Em Curitiba, veículos como Banda B, RPC, Editora Bem Paraná, TV Independência (Grupo RIC) e Jornal Plural são algumas das que financiaram pesquisas eleitorais nesta reta final. O envolvimento de veículos de comunicação no financiamento de pesquisas acrescenta uma camada adicional de credibilidade.
Além disso, quando consideramos que alguns desses levantamentos são pagos diretamente pelos institutos que os realizam, como é o caso da Atlas e do Studio Pesquisas, a transparência desses dados fica ainda mais nebulosa. Mesmo que seja prática comum, a autocontratação sempre levanta suspeitas de manipulação dos números em favor de quem está financiando o estudo.
O impacto das pesquisas no eleitorado
As pesquisas têm o poder de influenciar diretamente o comportamento do eleitor, especialmente quando divulgadas na reta final da campanha. O fenômeno conhecido como “efeito bandwagon”, em que os eleitores tendem a apoiar os candidatos que lideram as pesquisas, pode ser potencializado quando há uma enxurrada de dados. Em Curitiba esse risco é ainda maior, considerando que muitas pesquisas serão divulgadas simultaneamente entre os dias 4 e 5 de outubro, apenas um ou dois dias antes da eleição.
O impacto desse tipo de divulgação pode distorcer a corrida eleitoral e favorecer candidaturas que nem sempre representam a melhor escolha para o eleitorado. Além disso, quando consideramos a presença de institutos com histórico de problemas legais ou falta de transparência, é importante que o público analise com ceticismo os números apresentados.
Como o eleitor pode se proteger?
Em um cenário de tantas pesquisas e informações conflitantes, o eleitor curitibano deve adotar uma postura crítica e cautelosa. Aqui estão alguns pontos importantes para guiar essa análise:
1. Quem contrata: saber quem está por trás da pesquisa é fundamental. Empresas independentes tendem a gerar resultados mais confiáveis.
2. Metodologia: verificar o número de entrevistados e a margem de erro pode dar uma noção melhor da precisão dos resultados.
3. Histórico do instituto: empresas com históricos de problemas legais ou de falta de transparência devem ser encaradas com desconfiança.
4. Não se deixe influenciar apenas pelas pesquisas: embora elas sejam um termômetro importante, o eleitor precisa tomar suas decisões com base em um conjunto mais amplo de informações, como o histórico dos candidatos, suas propostas e debates públicos.
O que esperar do dia 6 de outubro?
Curitiba vive um cenário eleitoral competitivo, onde a influência das pesquisas será sentida até o último momento. No entanto, o eleitorado deve estar atento para não ser levado apenas pelos números divulgados, pois a credibilidade dos institutos e a transparência nos financiamentos das pesquisas são pontos cruciais que podem determinar se esses levantamentos são reflexos reais das intenções de voto ou meras tentativas de influenciar o resultado final.
Com Eduardo Pimentel (PSD) aparentemente consolidando sua vaga no segundo turno, a grande questão que fica é: quem será seu oponente? Luciano Ducci (PSB) aparece bem posicionado, mas com um terceiro lugar acirrado, surpresas podem acontecer. O que é certo é que o dia 6 de outubro será um momento de revelações e a capacidade do eleitor em filtrar as informações que receber até lá será fundamental para o futuro de Curitiba.
As próximas pesquisas.
O que está por vir?
- Verita: registro em 26/09, divulgação em 2/10.
- Studio Pesquisas: registro em 28/09, divulgação em 4/10.
- Atlas 1: registro em 29/09, divulgação prevista para 5/10.
- Veritas: registro em 29/09, divulgação em 5/10.
- Prefab Future: Registro em 29/09, divulgação em 5/10.
- Cidades Participações: registro em 29/09, divulgação em 5/10.
- Quaest: registro em 29/09, divulgação em 5/10.
- Oliveira Propaganda: registro em 29/09, divulgação em 5/10.
- IRG: Registro em 29/09, divulgação em 5/10.