Paraná tem histórico de eleições municipais decididas no segundo turno
As eleições municipais no Paraná apresentam um histórico de decisões acirradas no segundo turno. Desde 1992, primeira eleição municipal desde a redemocratização, em ao menos sete vezes a disputa foi decidida por menos de 60 mil votos nas cidades de Cascavel, Curitiba, Londrina e Maringá.
O segundo turno foi estabelecido na Constituição de 1988 e desde então ocorre em municípios com mais de 200 mil habitantes. Para que haja essa disputa, o primeiro colocado no primeiro turno tem que registrar 50% dos votos ou menos.
Além disso, o segundo turno é utilizado apenas para cargos majoritários nas eleições municipais e gerais. Ou seja, apenas candidatos aos postos de prefeitos, governadores e presidentes podem decidir a disputa nesse cenário.
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Confira abaixo os segundos turnos mais acirrados no Paraná desde 1992:
Londrina – 1992
Sem poder tentar a reeleição, Antonio Belinati (PDT) terminaria o segundo dos três mandatos à frente do executivo de Londrina em 1992. Belinati decidiu apoiar o vereador Luiz Eduardo Cheida (PT), que também contou com o palanque do então governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB).
Cheida teve como principal rival o ex-prefeito de Londrina Wilson Moreira (PSDB). Principal candidato da oposição, Moreira conseguiu mais votos no primeiro turno (68.420 e 40,08%) e foi ao segundo turno contra o petista (58.302 e 34,16%).
Mas no segundo turno, os apoios de Belinati e Requião fizeram a diferença, Cheida conseguiu quase 40 mil votos a mais (fechou com 95.301) e venceu Moreira por uma margem de 6,7 mil votos.
Londrina – 1996
O PT lançou o ex-deputado federal Paulo Bernardo como candidato da situação e a disputa ainda contou com o deputado federal Luiz Carlos Hauly (PSDB) e com Antonio Belinati – que buscava o terceiro mandato de prefeito em Londrina.
A candidatura de Bernardo não conseguiu fazer frente contra Hauly e Belinati, que decidiram o segundo turno. Na primeira votação, o ex-prefeito conseguiu 96.311 (48,86%) votos contra 69.324 (35,32%) do deputado federal.
O ex-prefeito conseguiu fechar aliança com o PT para o segundo turno, mesmo com Cheida tendo decidido apoiar Hauly. O tucano chegou a ganhar mais de 25 mil votos entre as votações, mas Belinati manteve a dianteira para vencer a eleição com 105.988 votos (52,74%).
Curitiba – 2000
A capital paranaense teve a primeira disputa em segundo turno nessa eleição. O candidato à reeleição, Cássio Taniguchi (PFL), enfrentou o deputado estadual Angelo Vanhoni (PT).
A disputa iniciou com favoritismo de Taniguchi, que nas primeiras semanas caminhava para vencer ainda no primeiro turno. Mas Vanhoni conseguiu passar da barreira dos 300 mil votos e levou a decisão para o segundo turno.
Vanhoni chegou a liderar as pesquisas de intenção de voto no segundo turno, mas Taniguchi se recuperou nas últimas semanas da eleições e venceu a disputa por uma diferença de 26,5 mil votos – até hoje, a menor distância registrada na capital paranaense desde 1992.
Maringá – 2004
João Ivo Caleffi (PT) assumiu a Prefeitura de Maringá em 2003, após o então titular do cargo, José Cláudio, falecer devido a um câncer no intestino. Caleffi decidiu disputar a reeleição e teria em Silvio Barros (PP) e Dr. Batista (PTB) os principais adversários.
Silvio faz parte de uma das famílias mais influentes da política no município e Batista foi vereador por duas legislaturas em Maringá. Mas Caleffi conseguiu chegar ao segundo turno com 49.706 votos, contra 43.133 de Barros e 37.557 de Batista.
Caleffi liderou a disputa até a última semana, quando Barros conseguiu formalizar o apoio da família de José Cláudio e também da maior parte dos empresários de Maringá. Com 92.502 votos, o candidato do PP superou o petista por uma diferença de 12.069 votos.
Londrina – 2008
A eleição mais polêmica desta lista teve um novo embate entre Belinati e Hauly. O tucano precisou superar uma disputa acirrada contra Barbosa Neto (PDT) para chegar ao segundo turno. A diferença entre os candidatos foi de apenas 1,8 mil votos.
No segundo turno, Belinati novamente venceria o rival – dessa vez, por uma diferença de 9.301 votos, mas sequer assumiria a Prefeitura de Londrina em 1º de janeiro. Por 5 votos a 2, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) impugnou a candidatura de Belinati devido a uma condenação do ex-prefeito por improbidade administrativa.
Em 2009, novas eleições foram convocadas e Hauly e Barbosa Neto se enfrentaram. O tucano foi novamente derrotado (135.507 contra 114.867), mas Neto não chegou a terminar o mandato. Em 2012, a Câmara dos Vereadores de Londrina decidiu pela cassação do prefeito também por improbidade administrativa.
Cascavel – 2012
Edgar Bueno (PDT) buscava o terceiro mandato como prefeito de Cascavel – o segundo de forma consecutiva, mas teve que disputar o segundo turno contra o deputado estadual Professor Lemos (PT), na primeira eleição decidida nesse cenário na história do município.
No primeiro turno, a diferença entre os candidatos foi de 10,9 mil votos. Pesquisas eleitorais nas primeiras semanas do segundo turno apontaram que Lemos chegou a ultrapassar Bueno nas intenções de voto.
Mas o prefeito conseguiu recuperar a vantagem e venceu Lemos no segundo turno por uma margem de 17.792 votos.
Londrina – 2012
A maior virada no segundo turno entre essas cidades do Paraná opôs o vereador Marcelo Belinati (PP) contra o médico veterinário Alexandre Kireef (PSD). Além da experiência na vida pública, Marcelo é membro de uma das famílias proeminentes da política londrinense, enquanto Kireef nunca havia ocupado um cargo público anteriormente.
Belinati conseguiu 124.064 votos no primeiro turno (45,39%) contra 69.082 de Kireef. Mas no segundo turno, o médico veterinário cresceu na disputa e chegou a viralizar com o slogan “Diz que é administrado, mas…”. A provocação direcionada ao rival se transformou em um meme a diversos políticos brasileiros.
Na eleição mais apertada da história de Londrina, Kireef registrou 141.049 votos (71.967 votos a mais do que no primeiro turno) e derrotou Belinati por uma diferença de 3.022 votos.
Maringá – 2012
Assim como em 2004, PP e PT decidiram a eleição para prefeito de Maringá. Após dois mandatos como vice de Silvio Barros, Carlos Roberto Pupin se candidatou a cabeça de chapa e enfrentou o deputado federal Ênio Verri – que contava com o apoio do presidente da República à época, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Pupin teve a candidatura ameaçada, após decisão do Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) em avaliar que como ele havia sido vice-prefeito nas duas eleições anteriores, não poderia pela terceira vez ser registrado em uma chapa. Mas o PP conseguiu entrar com uma representação junto ao TSE, que decidiu a favor do candidato.
No primeiro turno, Pupin conseguiu ficar a frente por uma diferença de 14.731 votos. Ambos os candidatos chegaram a liderar as intenções de voto nas pesquisas do segundo turno, mas o vice-prefeito finalizou a disputa com 11.836 votos de diferença para vencer a eleição.
Curitiba – 2016
Para fechar a lista, uma disputa acirrada no primeiro e segundo turno na capital do Paraná. Gustavo Fruet (PDT) buscava a reeleição e tinha como principais rivais o ex-prefeito de Curitiba Rafael Greca (PMN) e o deputado estadual Ney Leprevost (PSD).
Com uma arrancada na semana final do primeiro turno, Leprevost ultrapassou Fruet na disputou e foi para ao segundo turno contra Greca. A diferença entre segundo e terceiro colocado foi de 33 mil votos.
No segundo turno, Leprevost conseguiu diminuir a vantagem de Greca e se manteve com chances até a última semana. Mas o ex-prefeito conseguiu a vitória com 56 mil votos de diferença para retornar ao segundo mandato à frente da Prefeitura de Curitiba.
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