A mesária foi convidada a se retirar do local, pois a camiseta, segundo o decisão é do juiz eleitoral de plantão Lourenço Cristovão Chemim, seria propaganda partidária
Cassia Bruel Moro, de 28 anos, trabalhava como voluntária de uma seção eleitoral na Escola Municipal Mirazinha Braga, no bairro Pilarzinho, em Curitiba, neste domingo (28).
Mesária foi dispensada por usar camiseta de uma marca curitibana
No local, a voluntária relata que trabalhou todo o período da manhã com uma camiseta escrito “lute como uma garota”, mas que, ao retornar do almoço, foi solicitado que ela trocasse de roupa.
A mesária conta que foi almoçar cedo, e quando voltou do almoço, em torno do meio-dia, uma das outras mesárias comentou que um fiscal tinha ido atrás dela para pedir que trocasse sua camiseta. “Já é o oitavo turno que eu trabalho como mesária voluntária, já é a quarta eleição. Sempre sou presidente de mesa e nunca tive nenhum problema similar”, relata Cassia.
Por não ter sido mais procurada, a mesária explica que continuou trabalhando normalmente após o almoço. Mas, por volta das 14h, um outro fiscal foi até a seção em que trabalhava e pediu para conversar com ela fora da sala. “Ele me pediu para que eu fosse até a minha casa trocar de roupa. E eu falei que não ia ir. Ele perguntou se a minha casa era longe, e eu falei que não era por ser longe, e que eu não ia trocar porque sabia que não estava fazendo nada de errado”.
Mesária afirma que deixou o local de votação sem entender o motivo
Segundo Cassia, ela sabia o que a lei exigia. “Eu sei que eu não posso usar nada partidário, mas a minha camiseta não está falando de nenhum partido, de nenhum candidato, e de nada que tivesse errado. Nem cor tinha, é uma camiseta cinza”, desabafa a designer.
Ao dizer ao fiscal que não trocaria de roupa, a mesária afirma que foi dispensada e que isso era uma ordem do juiz do TRE. “Uma outra fiscal que estava por perto sugeriu que eu usasse a camiseta do avesso, ou que ela me emprestasse uma outra camiseta pra eu usar por cima, e eu falei que não queria porque sabia que estava no meu direito e que não estava fazendo nada de errado”, explica.
Segundo a mesária, ela deixou o local sem nenhuma comunicação ou notificação por escrito, e acabou perdendo, inclusive, o certificado de comparecimento que dá alguns benefícios como desconto para concursos públicos e dispensa de trabalho. “Quando eu cheguei em casa alguns jornalistas começaram a entrar em contato comigo, e foi aí que eu descobri o motivo do juíz ter me dispensado”, relata.
Juiz entendeu que mesária estava tomando partido
Segundo ela, a decisão é do juiz eleitoral de plantão Lourenço Cristovão Chemim, que chegou a ela por meio de uma denúncia anônima. “Ele acha que a camiseta é uma associação a candidata a vice-presidência Manuela D’ávila, pois ela usa uma camiseta similar, e por isso ele acredita que eu esteja tomando algum partido”, conta.
A princípio, Cassia Buel explica que não pretende fazer nada a respeito da decisão do juiz. “Eu ainda estou muito nervosa com a repercussão toda. Nossa democracia está totalmente ameaçada”, conclui.
Apesar de ter sido dispensada, a mesária não foi notificada com nenhum tipo de crime eleitoral, e não vai respomder a nenhum processo criminal.