Mabel Canto quer recriar Hospital Municipal e reduzir filas por consultas

Candidata à Prefeitura de Ponta Grossa falou ainda sobre as propostas para o transporte público, habitação e infraestrutura em entrevista à Rádio Jovem Pam

Publicado em 22 out 2024, às 14h31.

A candidata à Prefeitura de Ponta Grossa, Mabel Canto (PSDB), afirmou em entrevista à Jovem Pan Ponta Grossa na manhã desta terça-feira (22), que pretende recriar o Hospital Municipal, em um novo local, caso seja eleita no segundo turno da votação, no próximo domingo (27).

Mabel Canto
Mabel Canto (PSDB) atualmente é deputada estadual (Foto: Divulgação/Alep)

Durante a sabatina, a candidata, que exerce o seu segundo mandato de deputada estadual, destacou que a estrutura de atendimento à saúde é um dos principais problemas de Ponta Grossa, e afirmou ainda que pretende implantar o programa Corujão, para utilizar os serviços da rede particular em horários alternativos.

“O fechamento do pronto-socorro foi a medida mais absurda feita por essa gestão. Ele criou um caos na saúde. A gente sabe que claro saúde nunca vai ser 100%, mas quando você fecha uma porta de um hospital, quando as pessoas não têm mais um hospital para ir, isso criou um caos aqui em Ponta Grossa. Até hoje a gente vê a falta de leitos nos hospitais que ainda tem no Regional, na Santa Casa, no próprio Bom Jesus, no São Camilo. Hoje muitos dos pacientes de Ponta Grossa precisam ser transferidos para outras cidades. Tem pessoas indo para Castro, para Jaguariaíva, para Arapoti, para Laranjeiras do Sul, que são municípios muito menores do que o nosso. Então nós temos uma necessidade real de ter o nosso Hospital Municipal”, ressalta a candidata.

Para Mabel, a solução para o problema seria a construção de um complexo médico no local onde funcionava o antigo Hospital 26 de Outubro, em torno da construção que é tombada pelo patrimônio histórico.

“Das grandes cidades do nosso estado, Foz do Iguaçu, Londrina, Maringá, Cascavel, todas têm Hospital Municipal. Todas não ficam da dependência do Governo do Estado, da central de leitos, para dizer se o paciente vai para cá ou vai para lá e nós temos que voltar a ter o nosso. Nós tínhamos dois, o Hospital da Criança e o pronto-socorro Municipal, que era o hospital municipal. E hoje nós não temos nenhum porque foi entregue pro Governo do Estado”, complementa, antes de apresentar a proposta de seu plano de governo.

“Nós vamos construir um grande complexo de saúde no antigo 26 de Outubro, que é um imóvel que fica próximo ao Terminal Central, para facilitar inclusive a vinda das pessoas para esse complexo de saúde. Na parte tombada, nós vamos reformar e vamos ter ali, por exemplo, o centro da melhor idade para atender os nossos idosos, inclusive com médicos para atendê-los. Nós vamos ter um centro especializado para as crianças com deficiência também ali, para que elas possam ter acesso às suas terapias, que hoje elas não têm. E na parte do terreno que tem ali aos fundos, nós vamos construir um novo complexo, um novo prédio, que será o nosso pronto-socorro, o nosso Hospital Municipal. Ele vai ter 50 leitos, vai ter 10 leitos de UTI. Vai ter centro cirúrgico, nós vamos realizar lá cirurgias de pequena e média complexidade, exatamente nos moldes do que acontecia no pronto-socorro municipal. Isso vai ajudar a nossa população primeiro a não ter que ir para outros municípios”, complementa.

Esse projeto, de acordo com a candidata, ajudará a desafogar os hospitais filantrópicos e privados da cidade. E enquanto ele não for concluído, Mabel afirma que fará convênios com essas instituições para reduzir as longas filas de espera para exames e consultas com especialistas.

“Até que a gente construa o nosso novo prédio lá no 26 de Outubro, nós vamos fazer parcerias e convênios com os hospitais aqui de Ponta Grossa, que tem alas que podem receber os pacientes. Nós vamos utilizar da estrutura da Santa Casa, e queremos fazer isso com os outros hospitais também, para que eles recebam os nossos pacientes, para que eles não tenham que ser transferidos para outras cidades. E hoje nós temos uma fila muito grande na cidade, fila de especialidades, de consultas, de exames. E com a Santa Casa, que eles tem uma estrutura para fazer esses exames, nós vamos fazer no modo Corujão. Isso já foi feito em São Paulo, na época do Governo Dória, e você utilizava do espaço de clínicas particulares, de hospitais filantrópicos e particulares para você ir reduzindo essa fila em exames, que a gente sabe que a população espera há muito tempo”, explica a candidata.

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Mabel Canto afirma ainda que as filas de espera podem ser reduzidas ainda com investimentos nos consórcio intermunicipal de saúde.

“Em Ponta Grossa são mais de 1.800 crianças aguardando na fila de neuropediatria. Nas nossas contas, essa crianças vão virar adultos e essa fila não vai ter zerado. Só a fila de pessoas esperando uma consulta para autistas, por exemplo, demoraria 20 anos no ritmo atual para ser zerada. Nós temos duas maneiras [de resolver]. A primeira são esses convênios que nós queremos fazer com os hospitais e clínicas aqui de Ponta Grossa. E também nós vamos utilizar do consórcio de saúde, o consórcio intermunicipal de saúde. A prefeitura vai investir mais no consórcio. Hoje nós investimos apenas R$ 6 milhões e é preciso aumentar esse repasse. Precisa ser aumentado para fazer a contratação desses médicos e especialidades, e também ajudar a diminuir a fila”, ressalta.

Mabel afirma que os recursos para implantar as suas propostas já estão previstos no orçamento do município. “Hoje nós temos um orçamento de saúde estimado para os próximos quatro anos de mais de R$ 1,5 bilhão. Então é bastante recurso para a gente investir. Nós já supomos que vamos investir R$ 250 milhões no nosso hospital, inclusive com custeio, com a construção dele. Nós também vamos investir nos médicos, com a contratação de médicos tanto pras filas de especialidades dentro ali do consórcio de saúde, como em contratações da prefeitura e com esses hospitais para diminuir a fila. Isso vai custar em torno de R$ 120 milhões. Então dá pra fazer, nós temos recursos sim”, conclui.

Transporte público

Questionada sobre as propostas para o transporte público, que atualmente está com a licitação parada devido a um litígio entre a empresa responsável pelo sistema e a prefeitura, Mabel Canto afirma que o tema deve ser amplamente debatido com a população para encontrar a melhor solução. Entretanto, a candidata afirma que a solução mais viável é buscar subsídios com os governos Estadual e Federal.

“A primeira coisa em transporte coletivo é discussão. Isso não aconteceu na atual gestão, tanto é que o edital acabou tendo problemas. Foi impugnado pela empresa e agora está suspenso. Então essa é uma discussão que a próxima gestão tem que fazer profundamente com os entes aqui de Ponta Grossa, com as entidades da sociedade civil organizada. Nós temos por exemplo a UEPG, que tem muitos técnicos que podem auxiliar nessa discussão. Nós temos uma discussão judicial hoje entre a empresa, a VCG, e a Prefeitura de Ponta Grossa, em que eles contestam um reequilíbrio econômico financeiro e se isso se concretizar, se a justiça determinar, nós vamos ter aí uma dívida com a VCG em torno de R$ 277 milhões. Isso é extremamente temerário”, destaca.

A candidata à Prefeitura de Ponta Grossa, Mabel Canto (PSDB), afirmou em entrevista à Jovem Pan Ponta Grossa na manhã desta terça-feira (22), que pretende recriar o Hospital Municipal, em um novo local, caso seja eleita no segundo turno da votação, no próximo domingo (27).
Mabel Canto disputa o segundo turno da eleição em Ponta Grossa

A candidata conta então qual é a sua proposta para resolver essa questão, já que atualmente a prefeitura subsidia parte dos custos. “A gente não vai aumentar a tarifa e vai lutar sempre para diminuir essa tarifa aqui em Ponta Grossa. Nós vamos buscar subsídios do Governo Estadual e do Governo Federal. Veja que o Governo Estadual em Curitiba e na Região Metropolitana dispende muitos recursos para auxiliar no transporte coletivo da cidade. Tem que fazer aqui em Ponta Grossa também. Tem outras cidades aí com regiões metropolitanas pelo estado que também mereceriam receber esse subsídio. A gente tem que tratar das gratuidades e fala-se muito também sobre a modernização do transporte aqui em Ponta Grossa. Veículos elétricos, por exemplo, ar-condicionado, wi-fi, eu penso que essas coisas podem estar nesta discussão com toda a certeza. A gente tem que pensar na modernidade do sistema, mas a primeira coisa que nós temos que fazer é fazer o sistema funcionar”.

Mabel afirmou também que pretende rever os horários das linhas de ônibus da cidade que, de acordo com ela, não atendem às necessidades dos usuários do transporte público.

“Muitas linhas foram cortadas em Ponta Grossa nos últimos anos. Por dia, os ônibus deixaram de transitar pela cidade 11 mil km. Então aquele ônibus que circulava de meia em meia-hora aqui na cidade hoje chega de uma em uma hora no bairro. E sempre está lotado. Sábado e domingo a gente tem uma redução de linhas drásticas em Ponta Grossa também. Claro que a gente sabe que diminui um pouco a circulação, mas as pessoas hoje trabalham sábado e domingo. Elas têm que ter à disposição o ônibus com qualidade. A vida útil do ônibus em Ponta Grossa, era de até 10 anos, quando chegava aos 10 anos a empresa tinha que trocar aquele veículo, hoje é de 14 anos. A prefeitura foi aumentando a vida útil do ônibus e o ônibus quebra muito hoje nas vilas de Ponta Grossa. Isso aí também tem que mudar”, conclui.

Habitação

Mabel Canto também foi questionada sobre as propostas para reduzir o déficit habitacional na cidade, calculado em pelo menos 3 mil moradias. A candidata afirma que pretende reabrir a Prolar (Companhia de Habitação de Ponta Grossa) e estabelecer convênios com os governo Federal e Estadual.

“Nós vamos reabrir a Prolar, que é a Companhia de Habitação de Ponta Grossa, que ao longo de toda a sua história entregou mais de 20 mil lotes urbanizados, casas, fez parcerias sempre, com o Governo Federal, com a Cohapar do Governo Estadual. Nós precisamos retomar essa companhia porque nós temos hoje pessoas em vulnerabilidade habitacional extrema na cidade. E a volta da Prolar vai propiciar com que a gente volte ,por exemplo, com os lotes urbanizados. Onde você dá um lote para a pessoa, a prefeitura auxilia no início da construção com alguns materiais e aí ela mesmo vai construindo a sua casa, inclusive em sistema de mutirão, com apoio, por exemplo de igrejas. Isso sempre aconteceu em Ponta Grossa, sempre deu certo”

Urbanismo e infraestrutura

A candidata afirma que tem, entre as metas de seu eventual governo, o projeto de asfaltar 100 km de ruas na cidade a cada ano.

“Ponta Grossa tem hoje, segundo dados do Paraná Cidades, 500 km de ruas ainda sem nenhum tipo de pavimentação. A atual gestão prometeu realizar 100% de asfalto na cidade e nós já sabíamos lá na campanha passada que isso era impossível de ser feito. E realmente não foi cumprido. No nosso projeto nós vamos ter como meta 100 Km de asfalto por ano. Isso dá, em média, pouco menos de 10 km de asfalto por mês, uma meta totalmente possível de ser realizada durante o mandato”, afirma, lembrando que as intervenções urbanas serão feitas sempre após consultas à população.

“A gente não pode enganar a população com promessas que não podem ser ser cumpridas e esse asfalto todo nós vamos decidir com a população. A gente tem no nosso plano de governo, o plano de bairros é você ir até os bairros, até as comunidades, sentar com a população e decidir quais serão as ruas que terão prioridade de asfalto. Ou então quais são as obras que terão prioridade naquele local. Tem bairros aqui de Ponta Grossa que precisam de interligações entre eles, até para facilitar a própria questão de deslocamento e descentralizar o trânsito. E tem também bairros que precisam de outro tipo de infraestrutura, como por exemplo a construção ou ampliação de um CMEI ou de uma escola”.

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