Lula diz que militares da ativa não apoiam "bobagens" de Bolsonaro

Publicado em 28 jul 2022, às 09h05. Atualizado às 09h17.

Por Eduardo Simões

(Reuters) – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta quarta-feira (27) não acreditar na possibilidade de um golpe no Brasil e avaliou que o que chamou de “bobagens” ditas pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) não têm o apoio dos militares da ativa e do Alto Comando das Forças Armadas.

“As Forças Armadas não criam caso. Eu tenho certeza de que essas bobagens que o Bolsonaro fala não têm o apoio dos militares da ativa, não têm o apoio do Alto Comando”,

disse Lula em entrevista ao portal UOL.

O petista disse ter tido uma boa relação com os militares no período de oito anos em que foi presidente, entre 2003 e 2010, e afirmou que, caso vença a eleição de outubro, nomeará um civil como ministro da Defesa, ao contrário do que fez Bolsonaro, que nomeou generais do Exército para o posto.

“Não acredito em golpe, não acredito que as Forças Armadas aceitem isso, não acredito que a sociedade brasileira permita. Não acredito, sinceramente”, acrescentou.

Lula, que disse ainda que os militares brasileiros são mais responsáveis que Bolsonaro, diante das constantes alegações falsas do presidente questionando sem fundamento a lisura do sistema eleitoral, afirmou, no entanto, que os militares não têm que dar palpite sobre as urnas eletrônicas.

“Eu vou dizer uma coisa que eu disse ao meu senador Jaques Wagner (PT-BA) e ao meu senador Humberto Costa (PT-PE): era preciso que eles fizessem um discurso em alto e bom som que as Forças Armadas não tinham que dar palpite sobre urna”, disse Lula.

“Urna é uma questão da sociedade civil, é uma questão do Congresso Nacional, é uma questão dos partidos e é uma questão da Justiça Eleitoral.”

Os militares foram convidados pelo então presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Roberto Barroso, a participarem da Comissão de Transparência das Eleições e têm feito uma série de sugestões à corte.

Embora o TSE tenha acatado parte das sugestões, algumas declarações do ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira, acabaram ecoando críticas levantadas por Bolsonaro ao sistema eleitoral.