Lula defende novamente regulação da mídia, mas diz que Congresso será responsável pela proposta

Publicado em 1 fev 2022, às 11h20. Atualizado às 12h02.

BRASÍLIA (Reuters) – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a defender, nesta terça-feira (1), a regulação da mídia eletrônica no Brasil, mas deixou claro que pretende que o Congresso faça uma atualização da legislação, que é da década de 1960, e inclua a internet.

“Precisamos fazer uma regulamentação, atualizá-la aos tempos atuais, mas não é o presidente que faz, é o Congresso e a sociedade brasileira”, disse o ex-presidente em entrevista à rádio Tupi do Rio de Janeiro.

Depois de receber críticas por ter levantado o tema em outras declarações, Lula evitou o assunto por algum tempo. Questionado diretamente na entrevista, reafirmou sua posição, mas esclareceu que não será uma iniciativa do governo e colocou o foco na regulação da internet.

“Nós temos a internet que precisa regularizar. A internet é uma coisa extraordinária para a sociedade, para o mundo, mas ela não pode ser um antro de mentiras como temos visto pela mão do próprio presidente da República”, disse.

Lula disse ainda que uma proposta brasileira deve se mirar em legislações de outros países, como Inglaterra, Alemanha, Estados Unidos e França “e outros países que avançaram mais que nós.”

Cada um desses países têm modelos e focos diferentes de regulamentação. Os Estados Unidos, por exemplo, trata do tema pelo lado econômico e proíbe, por exemplo, a propriedade cruzada de empresas de mídia, com um mesmo grupo tendo várias tevês, rádios e jornais. Já na Inglaterra, depois de escândalos envolvendo os jornais tabloides, foi criada uma comissão que analisa desvios éticos, incluindo representantes das empresas.

“Vamos ter que discutir isso com muita tranquilidade, a sociedade tem que participar, o Congresso tem que participar”, disse Lula. “O que a gente não pode é continuar com uma regulação da mídia eletrônica de 1962. É preciso aprofundar.”

“Insignificante”

Lula comentou ainda, na entrevista, sobre sua candidatura e seus adversários. O ex-presidente repetiu que só irá anunciar formalmente no final de fevereiro porque está trabalhando na aliança com diversos partidos e não quer ser um candidato “apenas do PT”.

“A solução para Brasil passa pelo conjunto de forças políticas que existe. Eu disse à presidente do PT (Gleisi Hoffmann) que não tenho interesse em ser um candidato só do PT. Eu quero ser candidato de um movimento da sociedade que busca melhorar a vida do povo brasileiro”, afirmou.

Perguntado sobre o ex-juiz Sergio Moro, responsável pela sua condenação e prisão e hoje candidato à Presidência, Lula disse não ver muito futuro de Moro na política e nem acreditar em uma terceira via, em uma eleição que as pesquisas o colocam à frente do segundo colocado, o presidente Jair Bolsonaro.

“Eu não acredito em terceira via e não acredito que Moro vá ter muito futuro na política. Muitas vezes eu fico pensando se deveria falar do Moro ou não, porque ele é uma figura insignificante, ele é um deus de barro construído para me prejudicar”, afirmou, dizendo ainda que Moro será “medíocre” como candidato.

De acordo com as últimas pesquisas eleitorais, o ex-presidente aparece em primeiro lugar, com cerca de 44% das intenções de voto. Bolsonaro teria em torno de 24% e Moro disputaria o terceiro lugar com Ciro Gomes, ambos com cerca de 9%.

Por Lisandra Paraguassu