Live e a nova indústria fonográfica

por Régis Rothfilber
Régis Rothfilber
Publicado em 4 jun 2020, às 00h00. Atualizado em: 24 jun 2020 às 12h24.

Hoje iniciamos uma série de artigos sobre o mercado das Lives no Brasil e no mundo que devido a pandemia de Coronavírus 19 deixou de ser uma ferramenta de divulgação de artistas pouco conhecidos do público grande público para a única ferramenta para que todos os artistas pudessem monetizar a si e aos profissionais que acompanham os artistas nos shows. Além de ser a única forma de manter o contato com os fãs.

Para entender melhor esse mercado que foi redescoberto pelo mercado fonográfico eu entrevistei um dos maiores produtores e Hitmaker da indústria fonográfica brasileira, Fábio Almeida , e que do grande público como Mister Jam (Produtor Musical, DJ e Produtor músico, compositor, cantor, Consultor Artístico e CEO da Massiva Media). Mister Jam já esteve por trás de produtor e consultor artístico de artistas de vários estilos da música. É para muitos conhecido como hitmaker.

Régis Rothfilber : Fábio, como você analisa essa reviravolta no mercado fonográfico nesse período de isolamento social devido a pandemia do Coronavírus 19?

Fábio Almeida: Os artistas estão se adaptando a essa nova realidade, após o cancelamento dos shows por conta da pandemia de Coronavírus 19. Eles lançaram mão da Live como ferramenta fazendo disso um modelo de negócio bem interessante.

Régis Rothfilber: E como era visto as lives no mercado fonográfico e artístico até começar o isolamento social?

Fábio Almeida: A grosso modo, em uma interpretação pessoal, as lives não eram vistas como um modelo de negócio e pode-se dizer que eram desmerecidas. Fazer uma apresentação online de um show era tido como uma coisa menor. Mas de forma alguma estou desmerecendo ninguém ou mesmo algum tipo de plataforma.

Régis Rothfilber: Pudesse dizer que com a pandemia os artistas do mainstreaming e os artistas do midstreaming ficaram em pé de igualdade?

Fábio Almeida: Sim. Com as limitações por conta da pandemia de codiv 19 os artistas em geral ficaram em pé de igualdade. Os artistas do mainstreaming precisaram arranjar um jeito de gerar lucro para girar a manivela ( não parar de produzir e manter o negócio), e não deixar de ter contato com seu público. 

Os artistas e produtores precisaram tornar a ferramenta das lives como uma alternativa rentável para seus escritórios. Artistas como Gustavo Lima, Marília Mendonça entre outros foram os pioneiros dos mainstreaming nas lives. Devido aos primeiros números de público muito significativos, e aí podemos citar como case de sucesso a live da cantora Marília Mendonça tiverem mais de três milhões de views e chamou muito a atenção das agências de publicidade e dos anunciantes que se interessaram a investir mais nesse novo mercado.

Régis Rothfilber: Como você vê essa controvérsia de alguns veículos da mídia e de repercussões por parte do público sobre os cachês dos artistas?

Fábio Almeida: Régis, houve muita controvérsia sobre isso, mas temos que considerar que os cachês são necessários tanto para os artistas quanto para os profissionais que trabalham com eles. Todos ficaram sem renda. E eles são trabalhadores e merecem receber pelo seu trabalho. 

Régis Rothfilber: O número de pessoas assistindo a live do artista determina o sucesso o retorno para os patrocinadores?

Fábio Almeida: Segundo informações que temos desse novo mercado que está sendo desbravado podemos dizer que o record de público é uma das variáveis . Mais importante que a quantidade de público assistindo uma live é quanto tempo cada usuário permanece assistindo a live.

Régis Rothfilber: Você  acha que depois do período da quarentena esse mercado fonográfico do mainstreaming no Brasil vai perder a importância?

Fábio Almeida: Não. Essa é uma ferramenta que foi redescoberta e pode se tornar um nicho de mercado muito promissor e bem aceito pelo público. Ainda mais utilizando a plataforma Youtube. A live está se mostrando um modelo de negócio na visão dos patrocinadores e agências de publicidade até o momento mais assertiva.

Régis Rothfilber: Já existe um padrão formatado das Lives para a indústria no Brasil?

Fábio Almeida: Já existe uma formatação,mas não padrão de como fazer uma live. Elementos como duração da live, como inserir os patrocinadores, engajamento do público e quanto tempo cada usuário que assiste a live dos artistas serão importantes para, digamos assim, criar um modelo de produção. Por enquanto tudo será válido para a gente construir lives que sejam mais interessantes. Agora é importante destacar que para colocar uma live no ar é importante se planejar. Os artistas e produtores precisam planejar-se e dar atenção a agenda de lives na plataforma. Não é só lançar uma live, precisa prestar atenção na programação de outros artistas agendados para live e ficar ligado nos dias e horários mais interessantes. 

Com métricas digitais dos analiticos é possível saber melhores datas e horários para que a produção e os artistas possam se programar para fazer lives.

Régis Rothfilber: E como se define o repertório musical?

Fábio Almeida: Cara, o artista pode entregar uma live com seus hits, uma segunda live com regravações, uma terceira um repertório diferenciado e aí vai.

Régis Rothfilber: Fábio, eu gostaria de agradecer pela entrevista.

Fábio Almeida: O prazer foi meu.

Se vocês quiserem saber mais sobre o mercado das lives na indústria fonográfica nacional e internacional cliquem no link abaixo e assistam o vídeo Live e a Indústria  Fonográfica parte 1 & 2. https://www.youtube.com/watch?v=KGOnwMVNdBA&t=90s  https://www.youtube.com/watch?v=KGOnwMVNdBA&t=96s