Quatro meses após enchente no RS, famílias continuam acampadas em estrada
Muitas famílias continuam acampadas devido a diversos fatores, como medo de saques em suas residências e cansaço com os abrigos temporários
Quatro meses após a enchente que devastou o Rio Grande do Sul, famílias ainda permanecem acampadas às margens da BR-116, em Porto Alegre. Milton do Nascimento, de 58 anos, e sua família, vivem sob uma ponte em Porto Alegre desde que a casa foi inundada em maio.
Junto da esposa e a enteada, Milton improvisou uma moradia no entroncamento das BRs 116 e 290 após ser expulso de casa pela enchente. Eles construíram um abrigo improvisado utilizando madeira, lonas e itens doados, com móveis básicos e eletrodomésticos funcionando com energia elétrica de uma rede vizinha.
A família vive em um mezanino feito com estacas de madeira e tem adaptado o espaço para as necessidades básicas, como armazenamento de alimentos.
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Conforme um mapeamento recente da prefeitura de Porto Alegre, esta é a situação de 12 famílias na região das ilhas. O número de pessoas acampadas diminuiu desde o pico da enchente, mas a falta de soluções definitivas pelo poder público persiste.
Os habitantes que permanecem às margens da estrada resistem a deixar o local devido a diversos fatores, como medo de saques em suas residências e cansaço com os abrigos temporários. No caso da família de Milton, a permanência sob a ponte é devido aos mais de 40 animais que mantêm e a dificuldade em realocá-los.
Apesar das adversidades, a família mantém uma rotina relativamente normal, com trabalho e estudos. A família conta que a principal dificuldade é a higiene pessoal, com um banheiro improvisado e a passagem constante de veículos que causa estrondos e tremores.
No mês passado, uma reunião entre o governo do Rio Grande do Sul e a prefeitura de Porto Alegre discutiu a situação das famílias acampadas na rodovia. O Estado orientou o município a oferecer vagas em um centro de acolhimento para as famílias ainda na estrada, mas a prefeitura enfrenta resistência das pessoas em deixar o local.
A dificuldade em realocar os moradores decorre também de atrasos na entrega de moradias prometidas pela União, com acusações mútuas entre o governo federal e os municípios sobre a lentidão no processo de assistência. Recentemente, houve um confronto entre o governador Eduardo Leite e o presidente Lula sobre o progresso das casas prometidas.
O governo federal anunciou a compra de 10.000 residências prontas e a construção de 11.500 unidades pelo programa Minha Casa Minha Vida no Rio Grande do Sul. O governo estadual, por sua vez, planeja construir 500 moradias provisórias e 300 definitivas.
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