"Eu quero voltar presidente", declara Lula durante evento em Londrina
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva visitou a cidade de Londrina, norte do Paraná, neste sábado (19). O político foi até o assentamento Eli Vive para a “Jornada de Solidariedade: Rumo aos Comitês Populares“. O evento aconteceu após passagem por Curitiba, na sexta-feira (18), onde participou da filiação de Roberto Requião ao Partido dos Trabalhadores (PT).
A atividade deste sábado (19) é o primeiro encontro presencial massivo do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no Paraná, desde o início da pandemia do novo coronavírus. Conforme a organização, ela marca o “lançamento nacional dos comitês de base dos movimentos, que tem como objetivo avançar na organização dos trabalhadores e fazer o debate sobre um projeto popular para Brasil”.
“Não é vingança, é justiça”
O ex-presidente subiu ao palco do evento por volta das 15h deste sábado (19). Com o microfone nas mãos, Lula fez um discurso onde apresentou argumentos sobre porque pretende voltar a presidência do Brasil. O representante do PT destacou os problemas da atual gestão e da falta de conhecimento dos outros candidatos.
“Por que um cara como eu, que já fui presidente da república, está voltando? Por que eu preciso ser candidato? Eu vou dizer para vocês uma coisa sem nenhuma falta de modéstia, isso aqui não é arrogância, eu vou dizer para vocês uma coisa do fundo do meu coração, nunca este país precisou de um partido como o PT para governar como agora […] Eu tenho consciência que tem gente mais letrada do que eu, tem gente que já leu mais livros do que eu, tem gente que já decorou muito mais lições que eu, tem gente que aprende a falar inglês e francês com facilidade, eu mal e porcamente sei falar português. Mas não tem nenhum dos concorrentes que entenda 10% da alma do povo brasileira como eu entendo”,
declarou Lula.
O ex-presidente citou as dificuldades que já enfrentou durante a vida e comparou a trajetória dos outros possíveis candidatos à presidência. “Eu sei o que é um chão de fábrica, eu sei o que é ficar desempregado, eu sei o que é perder tudo […] Eu sei o que é comprar pinga de má qualidade para matar sanguessuga, e pra tomar um pouco também. Nenhum deles nunca passou isso”, justificou.
“Eu quero voltar porque eu quero provar a mim mesmo, que eu poderia ter feito muito mais quando eu governei. E te confesso que eu não fiz porque muitas vezes a gente não sabia como fazer e muitas vezes a gente não tinha uma correlação de força favorável para fazer”,
contou o ex-presidente.
Durante o discurso, que durou cerca de 40 minutos, Lula ainda destacou que os apoiadores precisam eleger representantes do partido em outros cargos políticos. “Quem coloca somos nós. Temos dois companheiros do Movimento Sem Terra, nós precisamos de 200, de 50, de muita gente lá. Porque enquanto a gente achar que a gente não tem força eles vão enchendo o balaio de deputados para votar contra a gente”, disse.
“A gente não pode votar colocando raposa no nosso galinheiro, a desgraçada da raposa vai comer as galinhas. Ela não vai deixar as galinhas livres”,
comentou Lula.
O ex-presidente ainda atacou o atual presidente Jair Bolsonaro, ao citar que o líder do executivo formou uma quadrilha no Ministério da Saúde para a compra da vacina e não se solidarizou fazendo nenhuma visita para familiares que perderam entes para a Covid-19. “O Bolsonaro levanta para contar mentira”, declarou.
O ex-ministro Sérgio Moro também foi citado no discurso de Lula. Para o ex-presidente, Moro não entende nada de povo e “mal e porcamente decorou o código penal”.
Assista ao discurso completo:
Estiveram presentes também Gleisi Hoffmann (PT), presidente nacional do Partido dos Trabalhadores e deputada federal, e Roberto Requião, ex-senador. Participantes puderam doar alimentos, que serão entregues a famílias em situação de vulnerabilidade.
Há uma semana, no dia 12 de março, Londrina recebeu o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL). Ele participou do evento Brasil Profundo, que discute “os desafios do movimento conservador no Brasil e no Paraná”. O filho do presidente Jair Bolsonaro (PL) considerava a ocasião como uma oportunidade de “se aproximar dos candidatos locais“.