Deputado associa prisão em Brasília com campo de concentração e Museu do Holocausto rebate
Uma postagem do empresário e deputado federal por Goiás, Gustavo Gayer (PL), na segunda-feira (9) causou alvoroço nas redes sociais e fez o Museu do Holocausto, em Curitiba, rebater o comentário. No Twitter, o deputado disse que os manifestantes extremistas presos em Brasília foram colocados num campo de concentração nazista.
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Na postagem, que mostrava os golpistas em um ginásio de Brasília, aguardando os procedimentos policiais, Gayer disse exatamente o seguinte: “Em nome da democracia o Brasil acaba de ressuscitar os campos de concentração nazista. 1.200 pessoas que estavam no QG e não tem nenhuma ligação confirmada com o vandalismo de ontem estão detidas crianças, idosos e famílias”.
Veja a postagem original:
O Museu do Holocausto não se calou diante da comparação. Respondeu ao tweet explicando o conceito de campo de concentração e manutenção de direitos. A postagem de resposta diz:
“Segundo Hannah Arendt, o que os nazistas impunham aos prisioneiros de campos de concentração era a perda do “direito a ter direitos”. O oposto do campo não é, portanto, uma noção de liberdade irrestrita e irresponsável. É a manutenção do “direito a ter direitos”.
Na democracia brasileira, os detidos por se manifestarem a favor de um golpe contra o Estado democrático de direito têm garantido o direito à ampla defesa, comunicação, alimentação e tudo o que o sistema garante, até mesmo a quem viola as suas regras mais fundamentais.
O respeito às vítimas dos campos de concentração nazistas requer conhecimento básico do que é um sistema democrático, seus direitos e deveres, e as consequentes responsabilidades. #portodaavidavamoslembrar“
Veja a thread que o Museu do Holocausto respondeu no Twitter:
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Na sequência, o Museu ainda fez outas postagens falando dos atos de vandalismo em Brasília, no último domingo (8), mostrando que várias obras de arte e móveis destruídos nos prédios dos três poderes foram feitos com dedicação por judeus.
Uma destas obras é o espaldar, um dos maiores símbolos da nação brasileira, que ficava no Supremo Tribunal Federal. O espaldar foi arrancado da parede do plenário dos ministros e colocado “sentado” numa cadeira, fora do prédio. A obra é do polonês Jerzy (Jorge) Zalszupin Z”L, sobrevivente do Holocausto, que também projetou vários móveis do judiciário brasileiro.
O Museu também ressaltou a obra de arte de outro sobrevivente do Holocausto, o também polonês Frans Krajcberg Z’’L. Uma de suas obras, que estava exposta num dos prédios federais invadidos, foi quebrada em diversos pontos. A escultura de parede em madeira é estimada em R$ 300 mil.
Gustavo Gayer não respondeu à postagem do Museu do Holocausto, nem tirou do ar a postagem sobre os campos de concentração.