Cristina propõe instituto para gestante “abandonada pelo marido” colocar filho pra adoção
Cristina Graeml afirma que projeto já possui apoiadores, mas proposta não consta no Plano de Governo
A candidata à Prefeitura de Curitiba Cristina Graeml (PMB) disse que pretende criar o “Instituto Pró-Vida Municipal”. Segundo as palavras da candidata, o intuito é que a mulher que tenha uma gravidez sem planejamento e for “abandonada pelo marido” tenha acolhimento para ter o filho e, se assim desejar, “doar aquele filho para centenas de milhares de casais que querem uma criança”.
A fala aconteceu durante entrevista à RPC, enquanto a candidata do PMB tentava explicar o porquê não aceitaria pessoas do espectro político de “extrema esquerda” em seu governo, caso eleita. “Eu não vou ter representantes da extrema esquerda dentro do meu governo, porque ideologicamente não há capacidade de conversar”, iniciou a candidata.
“Eu não tenho como colocar para eles que eu vou construir, vou criar, fundar um Instituto Pró Vida Municipal, eu sei que já existem entidades privadas fazendo isso, mas para que a mulher que engravida sem querer e é abandonada pelo marido tenha um acolhimento discreto do município, atendimento psicológico, todo o acesso à questão legal, para que fique claro que ela pode ter aquele filho, inclusive doar”, declarou.
Cristina Graeml afirmou ainda que o instituto irá fornecer ajuda financeira para as mães acolhidas. “Vai ter ajuda financeira também, porque tem muita entidade querendo vir junto, mas ela pode inclusive doar aquele filho para centenas de milhares de casais que querem uma criança em adoção, e esperam, e não tem”, continuou.
Segundo Cristina, esse instituto é para “mostrar que o município é pró-vida”.
Cristina não citou proposta para “mulher abandonada pelo marido” no Plano de Governo
A proposta citada pela candidata não consta no Plano de Governo. O documento, inclusive, não faz qualquer menção à palavra “mulher”. Depois do candidato Eduardo Pimentel (PSD), que está disputando o segundo turno contra ela na capital do Paraná, apontar essa ausência de propostas voltadas ao público feminino, Cristina afirmou que não faz diferenciação de gênero em suas propostas.
Porém, depois desse apontamento, a candidata apresentou durante sabatina na RPC a ideia de criar este instituto, que, segundo ela, já tem até mesmo apoiadores.
Veja aqui o Plano de Governo de Cristina Graeml na íntegra.
Fila de adoção no Brasil não tem “centenas de milhares” de pais aguardando
Apesar do que diz Cristina Graeml, não há “centenas de milhares de casais que querem uma criança em adoção e não tem”, pelo menos não cadastrados no Sistema Nacional de Acolhimento. Segundo o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), no momento há 4.953 crianças aguardando adoção no Brasil, enquanto há 35.671 pais cadastrados na fila de espera.
Segundo especialistas, a fila para adoção existe porque a maioria dos pretendentes (91%) não aceitam crianças com doenças infectocontagiosas, 94,9% não aceitam crianças com doenças físicas. Além disso, mais de 11 mil pretendentes só aceitam crianças brancas.
Mas os dados apontam que quase 20% das crianças na fila da adoção possuem algum tipo de deficiência, seja ela física ou mental. 19,6% possuem algum problema de saúde e 69,5% das crianças são pretas ou pardas, o que vai contra o padrão que grande parte dos pretendentes colocam como preceitos para adoção.
Diante dos dados, entidades especializadas afirmam que o problema da fila de adoção não é falta de criança para ser adotada e sim as características exigidas pelos pretendentes a pais adotivos.
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Proposta de Cristina Graeml é batizada de Conto de Aia e Roda dos Expostos
A proposta de Cristina Graeml de criar um instituto para facilitar a adoção de crianças que forem geradas por mães divorciadas tem repercutido na internet.
Na plataforma X, antigo Twitter, um usuário afirmou que a proposta é semelhante a “Roda dos Expostos”, sistema de abandono de crianças em portas de igrejas comuns nos anos de 1.400 na Europa.
No Instagram, em uma publicação do Jornal Plural sobre o caso, uma usuária falou que a proposta lembra “O Conto de Aia”. A série, que pode ser encontrada na Paramount Channel, aborda um futuro distópico, onde mulheres possuem papeis específicos controlados pelo Estado. Filhos gerados fora da religião oficial ou do primeiro casamento são tomados e colocados para adoção.
Outra usuária classificou a proposta como “um horror” e disse que há “muitas camadas” no termo “engravida sem querer” e “abandonada pelo marido”.
Voltando ao Twitter, há usuários defendendo Cristina Graeml. Uma página classificou a candidata como “humanista nata” e afirmou que ela entende “profundamente o valor de cada ser humano”.
Há também usuários reafirmando apoio a Cristina.
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