Cristina Graeml (PMB) explica polêmica do partido: “Sou apoiadora de Bolsonaro”

Candidata à Prefeitura de Curitiba alega problemas em relação a escolhas da presidente nacional do PMB; Cristina ainda comenta relação de outros candidatos com Bolsonaro

por Guilherme Becker
com informações da rádio Jovem Pan News
Publicado em 18 set 2024, às 11h11.
POST 8 DE 10

O candidata à Prefeitura de Curitiba Cristina Graeml (PMB), declarou que é apoiadora do ex-presidente Jair Bolsonaro e discorda de algumas decisões da presidente nacional do PMB, Suêd Haidar Nogueira. A jornalista comentou que decidiu entrar na vida política após pedidos de conservadores curitibanos, porém, foi surpreendida com algumas decisões do partido durante a campanha.

Cristina Graeml (PMB) participa de série de sabatinas na rádio Jovem Pan News
Cristina Graeml (PMB) participa de série de sabatinas na rádio Jovem Pan News (Foto: Isadora Mendes/ RIC.com.br)

“Eu me filiei ao PMB Curitiba no dai 23 de dezembro, recém-chegada de uma viagem de cobertura de guerra em Israel, véspera de Natal, com todo mundo vivendo as festas de fim de ano, quando o partido me ligou e disse: ‘você está em Curitiba, nós vamos te abrir legenda?’. Eu fui e me filiei. Eu nem conhecia a presidente nacional do partido, mas tinha lido o estatuto do partido que era alinhado com o que eu penso. Sem ideologia, sem dividir a humanidade em caixinhas ideológicas, defende a dignidade da mulher, um partido criado por uma mulher, que tem a intenção de trazer mais mulheres para a política. Mas sem fazer nenhum mimimi que o homem é tóxico, que o patriarcado é opressor, essa discussão do femininismo mais radical”, declarou Cristina.

A candidata explicou que teve uma reunião no início do ano com a presidente do PMB e as ideias estavam alinhadas. Entretanto, durante o processo eleitoral, Suêd Haidar anunciou apoio a candidatura de Guilherme Boulos (PSOL), o que pegou a candidata de Curitiba de surpresa.

“Alinhei (com a presidente do partido) em relação à defesa da família, do respeito às leis, coisa que Boulos não faz, defesa das nossas liberdades, da constituição, das instituições brasileiras. Então, era um partido que parecia alinhado com o que eu pensava. No dia 26 de janeiro lançamos minha pré-candidatura, e tive minha primeira reunião com a presidente nacional do partido, no dia 8 de março. Tinha um perfeito alinhamento, ela estava entusiasmada com a possibilidade de Curitiba, uma capital de projeção nacional, ter eventualmente uma mulher eleita pelo PMB. Em maio, sabe-se lá porque, ela presidente do partido, declarou apoio a Boulos em São Paulo, somente ela, Suêd Haidar. E o partido em São Paulo, que é minúsculo, não tem projeção nenhuma, não significa nada para a campanha dele, entrou na coligação. O Boulos não precisa do PMB em São Paulo para fazer o que ele está fazendo”, explicou.

Cristina Graeml comenta desacordo de ideias com PMB
Cristina Graeml comenta desacordo de ideias com PMB (Foto: Isadora Mendes/ RIC.com.br)

Cristina ainda destacou que a imprensa tentou associar a imagem dela com a de Boulos. “A imprensa colocou a minha foto ao lado do Boulos e tentou associar, tentou me desmerecer diante do eleitorado conservador curitibano, que foi quem me pediu para colocar meu nome a serviço da comunidade, e ainda com aquela adjetivação característica da imprensa que não valoriza a verdade, mas quer diminuir quem ela está fazendo oposição por algum motivo. ‘PMB lança candidata de extrema-direita bolsonarista em Curitiba e apoia Boulos em São Paulo’. Primeiro, eu não sou extrema-direita, nem necessariamente bolsonarista. Eu fui uma jornalista que cobriu o governo Bolsonaro com a isenção que todo jornalista deveria ter, olhando resultados, criticando em questões pontuais […] eu gravei um vídeo dizendo, eu continuo dizendo que Boulos é líder de terrositas, como eu sempre falei. Um grupo terrorista que não respeita as leis, não respeita a propriedade privada, que eu respeito”, completou Cristina.

Falta de acordo com partidos de direita

Durante a sabatina da Jovem Pan News, realizada nesta quarta-feira (18), Cristina Graeml explicou o motivo de não ter se filiado a partidos mais ligados à direita, como o PL e o Novo.

“Conversei com o PL, primeiro partido que procurei, conversei com o Novo, que se dizia um partido mais de centro-direita e que tem nojinho de Bolsonaro, agora estão rastejando porque precisam de voto para o candidato. Conversei com o Podemos, com o Republicanos, porque tinham sido base em 2022 de apoio ao PL e ao presidente Bolsonaro em sua tentativa de reeleição. Rapidamente caíram no colo do PSD. Estamos vendo o Brasil dizer não ao 55 e sim ao 35 aqui em Curitiba, porque não queremos eleger candidatos que estão dentro do governo Lula”

Cristina Graeml declarou que tentou acordo com pelo menos outros quatro partidos políticos
Cristina Graeml declarou que tentou acordo com pelo menos outros quatro partidos políticos (Foto: Isadora Mendes/ RIC.com.br)

Segundo a candidata, houve uma conversa inicial com Paulo Martins, ex-presidente do PL e candidato a vice de Eduardo Pimentel (PSD), e com Deltan Dallagnol (Novo).

“Me diziam, vamos formar uma grande frente conservadora, mas eles caíram no colo do PSD, que tem três ministros no governo Lula e preside o senado, fazendo o Brasil estar sob censura agora. Eles não queriam ninguém que fosse contra o candidato do sistema. O Paulo Martins (PL) disse em inúmeros entrevistas, que é amigo pessoal de Ratinho Junior, que se hospedou na casa dele, quando veio fazer vida em Curitiba. Ele disse ‘eu tenho gratidão por Ratinho’. Dois dias antes dele declarar que seria vice de Eduardo Pimentel, ele negou ser meu vice, disse que seria humilhante para alguém que já foi deputado federal e quase se elegeu ao senado, ser vice da Cristina Graeml. Já do atual candidato do sistema não seria humilhante. O PL presidido por Paulo Martins, não queria ter candidatura própria para não se opor ao candidato do governador”, justificou Cristina.

Cristina Graeml e a relação com Jair Bolsonaro

Apesar da falta de acordo com os partidos ligados à direita, Cristina Graeml se declara como apoiadora de Bolsonaro e, mais do que isso, como uma das opções do ex-presidente para a corrida eleitoral em Curitiba. A candidata separa as decisões do partido do ex-presidente, o PL, das opiniões do próprio Bolsonaro.

“Eu não me defino como bolsonarista, no sentido pejorativo da palavra, o que tentaram fazer, especialmente os extremistas de esquerda e o PT e seus partidos satélites. Mas eu sou uma apoiadora do presidente Bolsonaro no sentido do que ele defende, o que eu defendo. Eu defendo a vida desde a concepção, as nossas liberdades, defendi na pandemia a liberdade das pessoas se tratarem”, declarou Cristina.

Nesta semana, a candidata postou uma foto ao lado do ex-presidente e aproveitou a sabatina para explicar que o registrou foi feito a pedido de Bolsonaro.

“A foto foi tirada no dia 16 de julho, quando estive em Brasília a pedido do presidente Bolsonaro. Me chamou lá porque não estava gostando dos rumos que o PL Curitiba estava tomando. Uma hora era candidato, na outra hora não era, outra hora era vice, outra hora conversava com Deltan do Novo. Tive uma conversa de aproximadamente uma hora, não sei se esses outros que postam foto, se tiveram o privilégio de passar uma hora conversando com ele. Eu estive lá. Por acaso, durante uma parte da reunião, Flávio Bolsonaro também esteve lá, gostou e pediu para tirar foto comigo. Ali, no fim da conversa, nós tiramos uma foto. Eu acho que uma imagem diz mais do que mais palavras. Quem está mais a vontade com quem, em qual foto parece que há apoio. O presidente Bolsonaro, como tem dito abertamente, ele não é o PL”, contou a candidata.

Cristina Graeml em foto com Jair Bolsonaro em Brasília
Cristina Graeml em foto com Jair Bolsonaro em Brasília (Foto: Reprodução/ Instagram)

Cristina ainda reforçou que foi autorizada a postar a foto durante a campanha. “Fui autorizada porque está dando muito ruído, sobre quem Bolsonaro apoia em Curitiba. Então, fui autorizada e publiquei a foto”, concluiu.

Plano para zerar a fila da saúde

Em relação ao plano de governo, Cristina Graeml revelou Curitiba tem problemas enraizados nesta área e a solução não é rápida. Apesar da fila por especialistas ser longa, é preciso cuidado na hora de prometer melhorias.

“Eu não vi nenhum candidato apresentando uma solução rápida. Não tem solução rápida para problemas enraizados e fila homéricas como a que enfrentamos hoje. O meu plano de governo foi desenhado a dezenas de mãos. Na parte de saúde especificamente, tivemos médicos e enfermeiros do município participando, então sei a realidade que eles vivem. Focamos nosso plano que é ‘quem cuida de quem cuida’. Os médicos estão se sentindo largados pelo município, saúde mental eu estou falando, depressão, burnout, estresse, síndrome do pânico. Como vamos ser bem atendidos, se o médico não consegue cuidar da própria saúde, com excesso de trabalho, desprezado pelo prefeito, pelo gestor da área de saúde. Vamos olhar isso com muita atenção”, comentou Cristina.

A candidata ainda apresentou um exemplo da capital paulista, no primeiro mandato de João Dória. “Quando prefeito de São Paulo, foi muito eficaz contratando a rede particular de clínicas para trabalhar de madrugada, o famoso Corujão da Saúde, para desafogar a fila do Sistema Público de Saúde. Podemos fazer isso em Curitiba, acho que as clínicas gostariam. Não está no plano de governo porque eu não sei se vamos ter dinheiro. Não vou prometer nada que não sei se vamos cumprir”, completou.

Proposta para zerar fila da saúde não está no plano de governo da candidata
Proposta para zerar fila da saúde não está no plano de governo da candidata (Foto: Isadora Mendes/ RIC.com.br)

Processo seletivo para comissionados

Também entre as propostas, está o aumento da capacidade técnica da equipe de comissionados da prefeitura. Cristina Graeml pretende um concurso público para selecionar os mais capacitados ao cargo.

“Eu não tenho condição de chegar no dia 1º de janeiro e dispensar todos os funcionários comissionados, eles são necessários no município. O que vamos fazer é uma profunda análise de quem está ali por favor político, especialmente em cargos de comando, e gerenciando pessoas que são altamente dedicadas ao serviço público a cidade, e que se sentem desmotivadas porque o gestor não sabe o que está fazendo ali. Ele sabe que está ali por um apadrinhamento político, mas em termos técnicos eles não têm conhecimento. Vamos colocar pessoas com conhecimento. O processo seletivo é para permitir que o servidor público de carreira tenha chance de progredir na carreira, por meritocracia. Vamos selecionar quem é capaz para comandar cada uma das áreas. Com exceção dos notáveis”, concluiu Cristina.

Confira a entrevista completa com Cristina Graeml (PMB):

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