Com problemas internos, PT faz convenção de Requião a portas fechadas
As convenções partidárias geralmente têm clima festivo e servem para reunir a militância em torno de discursos empolgados de candidatos pedindo votos pela primeira vez, já que, até esse evento, eles são proibidos de fazer isso oficialmente. Mas isso não acontecerá com Roberto Requião (PT). A direção da federação que reúne PT, PV e PCdoB avisou nesta quinta-feira, 21, que a convenção não terá qualquer tipo de transmissão e apenas membros dos partidos terão acesso. Reservadamente, militantes dos partidos dizem que a decisão foi tomada porque o clima de tensão é grande por causa problemas internos na aliança. O encontro será restrito para não expor isso.
Militantes históricos da legenda reclamam que Requião é centralizador e autoritário e quer dirigir o partido ao seu modo, desrespeitando dirigentes locais e até nacionais. A equipe próxima a Requião, por exemplo, questiona a decisão do diretório nacional do PT de cortar pela metade os valores do fundo eleitoral para as campanhas de governos estaduais. A legenda definiu no mês passado que a prioridade serão as eleições presidenciais e para o Congresso, e relegou as disputas estaduais para segundo plano.
A orientação do PT é que os candidatos aos governos estaduais busquem formas alternativas de financiamento, como a promoção de eventos, jantares e campanhas de arrecadação. O ex-governador não gostou nada disso e estaria cobrando que o partido invista um naco do fundo eleitoral petista em sua campanha.
Dificuldade de alianças
Outro problema é que a figura de Requião atrapalha o PT em conseguir outras alianças. A direção local do partido fez um grande esforço para tentar atrair o PDT para uma coligação, chegou até oferecer a vaga do Senado no acordo. Ocorre que pedetistas importantes rechaçaram a ideia de dividir palanque com o ex-governador. O deputado federal Gustavo Fruet (PDT), ameaçou até retirar a candidatura à Câmara caso o partido dele se alinhasse com Requião. Os brizolistas acabaram optando pelo caminho solo, e lançarão Ricardo Gomyde (PDT).
Briga pela vaga no Senado
Sem o PDT, a federação de Requião briga internamente sobre a indicação da vaga do Senado. O comunista Elton Braz (PCdoB) quer a vaga, mas a avaliação dos requianistas é que chapa ficaria pesada demais para decolar no Paraná, que tem um eleitorado conservador. Por outro lado, militantes ideológicos querem Braz e criticam a postura apenas eleitoreira de pensar apenas em eleger o ex-governador, querem o espaço para fazer um debate de valores de esquerda na campanha.
Estagnação nas pesquisas
Com dificuldades de caixa, sem apoios importantes e um racha interno na federação, Requião não consegue decolar nas pesquisas. Na pesquisa do Instituto Real Time Big Data divulgada hoje ele amarga o segundo lugar com 16%, ficando atrás de Ratinho Júnior (PSD) que tem 43%. Ainda segundo o levantamento, o novo petista é o mais rejeitado, com quase 40% dos paranaenses afirmando que não votariam nele de jeito nenhum.