Em mais um passo no loteamento de cargos públicos, o governo federal nomeou um executivo sem qualquer ligação ou experiência profissional com o setor ambiental para a superintendência do Ibama em Santa Catarina. O objetivo foi atender o Centrão. Segundo o Ministério do Meio Ambiente, a nomeação de Glauco José Côrte Filho, publicada ontem no Diário Oficial da União, atendeu ao general Luiz Eduardo Ramos, titular da Secretaria de Governo.
Côrte Filho admitiu que sua indicação partiu, de fato, da bancada de parlamentares de Santa Catarina. “Não tenho relação com o ministro Ramos. Tive contato com ele, mas não tenho relação de amizade”, disse o novo superintendente do Ibama. Ramos não comentou o assunto.
O administrador afirmou que conheceu o ministro Ricardo Salles por meio de empresários de Santa Catarina. “Ele esteve aqui na semana passada. Foi quando recebi o convite.”
Formado em Administração de Empresas, Côrte Filho disse que, em trabalhos realizados para a empresa SC Parcerias, teve contato com a área ambiental por causa de portos que a empresa controla. “Os dois portos têm muita questão ambiental, então a gente acaba participando também dessas discussões”, disse o executivo.
Por lei, a indicação para um cargo comissionado prevê que a pessoa deve possuir experiência profissional de, no mínimo, três anos em atividades correlatas às áreas de atuação do órgão ou em áreas relacionadas às atribuições e às competências do cargo ou da função.
Processo
Desde 2014, Côrte Filho está com seus bens pessoais bloqueados pela Justiça de Santa Catarina por causa de uma ação civil pública por ato de improbidade administrativa proposta pelo Ministério Público de Santa Catarina.
A razão do bloqueio se deve a irregularidades cometidas no recolhimento de ICMS da empresa GDC Alimentos, que teve negócios com a empresa SC Parcerias. O novo superintendente do Ibama confirmou que seus bens seguem bloqueados e que recorre da ação.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.