Candidatos à Prefeitura de Curitiba têm visões divergentes sobre o metrô na cidade
Curitiba já teve vários estudos e projetos para implementação deste modal de transporte, mas nenhum deles saiu efetivamente do papel
Um dos temas que mais gera debates e polêmicas sobre sua eventual implementação em Curitiba é o sistema de metrô. Ao longos das últimas décadas, diversos projetos e planos para que a cidade ganhasse essa alternativa de transporte foram apresentados, mas nenhum deles passou das fases iniciais. Dessa forma, esse modal já presente em diversas outras capitais ao redor do Brasil segue sendo motivo de ampla discussão entre a população. Debates que ganham força a cada quatro anos, nos tempos de eleições municipais.
Para o eleitor que irá às urnas em outubro, conhecer a opinião dos candidatos à Prefeitura de Curitiba sobre o tema pode ajudar na definição do voto. Por isso, trazemos o posicionamento de cada candidato sobre a possibilidade da criação do metrô curitibano. O candidato Ney Leprevost, do União Brasil, não enviou as respostas até o fechamento dessa reportagem. Elas serão incluídas posteriormente.
Andrea Caldas – PSOL
Nossa prioridade é revitalizar o transporte público de Curitiba, garantindo que os curitibanos voltem a utilizá-lo com confiança e regularidade. Para isso, estamos comprometidos em melhorar a eficiência, acessibilidade e a qualidade do transporte público existente.
A construção de um metrô em Curitiba seria uma adição valiosa ao nosso sistema de transporte, trazendo muitos benefícios, como a redução do trânsito nas vias principais, diminuição da poluição e oferecendo uma alternativa rápida e segura para os deslocamentos diários. No entanto, sabemos que esse é um projeto de grande envergadura, que exige um investimento significativo e um planejamento meticuloso.
Para tornar essa visão uma realidade, dependeríamos de um forte apoio financeiro tanto do governo federal quanto do governo estadual. Sem esses recursos, a construção de um metrô seria inviável no curto prazo. Portanto, nossa estratégia inicial é concentrar esforços em soluções que possam ser implementadas de maneira mais imediata e sustentável. Isso inclui a otimização das linhas de ônibus, investimento em tecnologias para melhorar a eficiência do transporte, como ônibus elétricos e sistemas de integração de bilhetagem, além de ampliar a malha de corredores exclusivos para ônibus.
Posteriormente, buscar todas as oportunidades de financiamento e parcerias que possam viabilizar a construção do metrô no futuro. Isso inclui a elaboração de projetos bem fundamentados que demonstrem os benefícios econômicos e sociais de um sistema de metrô, buscando atrair investimentos e suporte necessários.
Além disso, uma de nossas metas é reduzir o preço das tarifas de ônibus, tornando o transporte público mais acessível para todos. A URBS, sendo uma empresa mista, nos oferece a flexibilidade para implementar políticas de subsídio cruzado, onde receitas de outras fontes, como publicidade e exploração comercial de terminais, podem ser usadas para subsidiar o custo das tarifas. Também exploraremos a possibilidade de obter recursos adicionais de programas federais e estaduais destinados a apoiar o transporte público.
Beto Richa – PSDB
A implantação de um sistema de metrô em Curitiba depende do apoio fundamental do governo federal. Os investimentos exigidos para o metrô são altíssimos e a prefeitura não tem condições de assumir sozinha essa responsabilidade.
Nossa prioridade neste momento é trabalhar em projetos de modernização, melhoria e barateamento do atual sistema de transporte coletivo de Curitiba.
Nessa direção, já definimos a proposta de reimplantação da Domingueira, agora com tarifa zero para os usuários do transporte coletivo da cidade aos domingos.
Outra proposta é a realização de uma nova licitação para as empresas operadoras da Rede Integrada de Transporte de Curitiba e mais 13 cidades da Região Metropolitana.
Cristina Graeml – PMB
Esse é um tema que vem sendo estudado com afinco pela minha equipe de plano de governo, por ser uma demanda antiga de toda a população.
Os curitibanos precisam saber que metrô nenhum do mundo se paga, mesmo onde há demanda intensa por este modal, o que não é o caso de Curitiba. Diante do desequilíbrio entre custo-benefício, estamos estudando outras soluções soluções como VLT e trens monotrilho, em especial na modalidade suspensa, pois evita o impacto no trânsito, já que elimina cruzamentos.
O modal monotrilho suspenso ainda permite a instalação de novos modais, como ciclovias nas canaletas abaixo dos monotrilhos. Essa será a solução que vamos lutar para implementar, mas não sem discutir de forma transparente com a população.
Eduardo Pimentel – PSD
A implantação de sistema metroviário em Curitiba não está entre as propostas do Plano de Governo do vice-prefeito e candidato Eduardo Pimentel.
O metrô chegou a ser objeto de estudo do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (IPPUC) em 1969, e em outras oportunidades, inclusive entre 2008 e 2012, mas não se viabilizou, devido à relação custo/benefício, que implica em carregamento (número de passageiros/dia), para a sua implantação, e a viabilidade financeira.
A título de comparação, para fazer 16 quilômetros da Linha 4 do Metrô do Rio de Janeiro foram gastos R$ 10 bilhões, valores de 2021. No caso do metrô de São Paulo, o valor despendido chegou a R$ 18 bilhões (valores de 2024), para fazer 15,3 km da Linha 6.
Já para fazer a implantação de 38 km de canaletas, totalizando 60 km de faixas exclusivas para os BRTs, o custo é de R$ 2 bilhões. Além da questão do custo muito inferior ao modal do metrô, é importante citar que as linhas de BRTs existentes em Curitiba, pela sua capacidade de carregamento de passageiros/dia, atendem plenamente essa demanda.
Por isso, na condição de cidade precursora na implantação do BRT no Brasil e no mundo, Curitiba está fazendo modernização do seu sistema de transporte e nesse momento está investindo R$ 2 bilhões, na requalificação e implantação de infraestrutura para BRT, em 60 km da cidade, com adoção da Eletromobilidade, atendendo as metas do Plano de Adaptação e Mitigação das Mudanças Climáticas de Curitiba (PlanClima).
Luciano Ducci – PSB
Vou conversar com o presidente Lula, pois não consigo ver os curitibanos daqui a 30 e 40 anos indo para os municípios da Grande Curitiba usando o ônibus.
Em determinado momento vamos ter que começar essa história. Lá atrás tivemos a oportunidade e não fizemos. Salvador e Belo Horizonte conseguiram. Essa obra é necessária para Curitiba mudar de patamar.
A construção do metrô vai ajudar a diminuir o número de veículos circulando na cidade e melhorar a qualidade de vida dos moradores da capital e também da região metropolitana. Por isso iremos correr atrás dos recursos para viabilizar as obras do metrô.
E não iremos abandonar os investimentos em outros modais, além de incentivar o uso das bicicletas.
Luizão Goulart – Solidariedade
Acredito que o metrô traz consigo avanço e modernidade para o sistema além de agilidade, conforto, segurança, entre outros atrativos para os passageiros. Muitas capitais do Brasil e do mundo contam com este serviço. Por que Curitiba não? Uma das minhas primeiras medidas em relação a esse tema será revisar o estudo que já foi realizado há anos atrás, onde investimentos foram aplicados, porém não teve prosseguimento. Queremos ter acesso a esse material e entender para então tomar as decisões, sempre a favor das melhorias que os passageiros merecem e precisam.
Está entre as nossas prioridades oferecer mais opções de mobilidade como forma de minimizar os entraves do atual sistema, que já foi eficiente, mas que está defasado e arcaico. Seja o metrô, o VLT, ou o monotrilho, vamos buscar alternativas viáveis para os passageiros se deslocarem com mais agilidade.
É uma incoerência que nossa capital, que nas propagandas se declara como moderna e inteligente, ainda não conte com serviços de transporte mais modernos. Mas para termos certeza da sua viabilidade, precisamos ter acesso ao estudo. Outra iniciativa que teremos será a revisão do valor da tarifa, onde pretendemos deixa-la em torno dos R$ 4,00 e ainda vamos aproveitar para realizar uma licitação do transporte com mais transparência e participação popular.
Maria Victoria – PP
Sejamos francos, a construção de um metrô eficiente para atender toda a população demandaria muitos recursos públicos. Eu defendo que a prefeitura direcione investimentos para a melhoria do sistema de transporte público seja utilizado para a ampliação e melhoria do nosso sistema BRT, que é um orgulho curitibano, e para implantação de modais mais baratos de superfície como é o caso do VLP (Veículo leve sob pneus).
Defendo, por exemplo, a construção do VLP ligando a Rodoferroviária ao Aeroporto Afonso Pena, utilizando a canaleta da Avenida das Torres. Essa linha faria parte da integração com a rede atual criando uma conexão rápida com uma das cidades mais importantes da Região Metropolitana.
A ampliação e melhoria do nosso sistema de BRT, aliado com outros modais de superfície, são mais vantajosos do o metrô, além de possuírem mais rapidez de implantação.
Roberto Requião – Mobiliza
A mobilidade tem que levar em conta a região metropolitana. Dois planejadores urbanos (Requião e Jaime Lerner) ocuparam a prefeitura e não fizeram metrô. Precisamos pensar na população. O cara que sai de casa para o trabalho tem que ter ônibus. Com comodidade, vazio e no ponto para ele poder andar.
Eu anulei todos os contratos que tinham de mandatos anteriores ao meu como prefeito. Criamos a frota pública e moeda única, aproveitando o sistema de transporte deixado pelo Lerner e demos um conteúdo social.
Tarifa Zero só é possível em cidades pequenas, como Araucária. Agora, nosso sistema atende a região metropolitana, é muito maior.
Samuel de Mattos – PSTU
Somos favoráveis à construção do metrô em Curitiba. Hoje quem mais sofre com a precariedade do transporte público é a classe trabalhadora, que passa horas nos ônibus indo e vindo do trabalho para fazer esta cidade funcionar. Em primeiro lugar queremos fazer o metrô para trazer mobilidade urbana para a população de Curitiba e região metropolitana, melhorando a qualidade de vida das pessoas.
Em segundo lugar, é preciso investir em modais de transporte público de massa e que não degradem o meio ambiente. A ganância pelo lucro tem levado a uma destruição desenfreada da natureza. Isso coloca em risco as condições de sobrevivência da humanidade. Os governos e grandes empresários, responsáveis por esta situação, não têm tomado medidas capazes de resolver este problema porque isso afeta seus lucros.
O metrô vai ser parte de um grande plano de obras públicas para melhorar as condições de vida da classe trabalhadora dessa cidade. E todas essas obras serão realizadas diretamente pela prefeitura. Iremos contratar mão de obra via concurso público para ter uma equipe qualificada e de forma permanente para a realização das obras e melhorias necessárias na cidade.
O metrô não vai ficar pronto do dia para noite. E enquanto isso precisamos buscar soluções que melhorem a mobilidade da cidade de imediato. Portanto, queremos começar por diminuir a tarifa para R$1,00, rumo a tarifa zero, e aumentar a frota para diminuir o tempo de espera e que as pessoas possam andar sentadas nos ônibus e não espremidas como em uma lata de sardinha. Garantir cobradores em todos os ônibus para que as pessoas paguem a passagem da forma que quiserem. E também para que possam cumprir uma função social, como dar informações, ajudar idosos e pessoas com deficiência.
E aumentar as ciclovias de forma significativa, e disponibilizar bicicletas de uso coletivo para incentivar um modal não poluente. Pois na cidade mais “inteligente do mundo” as ciclovias são praticamente inexistentes.
Quer receber notícias no seu celular? Entre no canal do Whats do RIC.COM.BR. Clique aqui