Bolsonaro: não precisamos de "cartinha" para dizer que defendemos democracia
BRASÍLIA (Reuters) – O presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou nesta quarta-feira (27), em resposta ao manifesto em defesa da democracia divulgado na véspera com assinaturas de personalidades, empresários e banqueiros, que não precisa de “cartinha” para dizer que defende a democracia, a liberdade e a Constituição.
“Vivemos em um país democrático, vivemos em uma democracia. Não precisamos de nenhuma ‘cartinha’ para falar que defendemos a democracia, que queremos cada vez mais cumprir e respeitar a Constituição. Não precisamos de apoio ou sinalização de quem quer que seja para mostrar que nosso caminho é a democracia, é a liberdade, é o respeito à Constituição”,
afirmou em discurso durante a convenção do Progressistas, em que recebeu o apoio do partido para sua campanha à reeleição.
A chamada Carta em Defesa do Estado Democrático e de Direito, organizado pelo Faculdade de Direito da USP, foi divulgada na terça-feira com pouco mais de 3 mil assinaturas de juristas, empresários, banqueiros e personalidades. Nesta quarta, o documento ultrapassou a marca de 100 mil signatários, incluindo autoridades e pessoas comuns.
Nomes como Roberto Setubal, copresidente do Conselho de Administração do maior banco da América, Itaú Unibanco; Eduardo Vassimon, presidente do Conselho de Administração do Grupo Votorantim; Guilherme Leal, copresidente do Conselho da Natura&Co; e Walter Schalka, presidente da Suzano estão entre os primeiros signatários, assim como ex-ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) como Celso de Mello e Carlos Velloso.
O movimento acabou gerando um segundo manifesto, organizado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), que pretende aglutinar organizações empresariais e da sociedade civil em defesa da democracia e do sistema de votação brasileiro. Nesta quarta-feira, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) informou que subscreveu a carta que será divulgada pela Fiesp.
Ao chegar ao Congresso para a convenção do PP, Bolsonaro foi questionado sobre a carta inicial USP e a participação nela de setores importantes do PIB brasileiro, como os bancos, e repetiu um argumento publicado ao longo do dia por seus ministros nas redes sociais: os banqueiros estariam assinando a carta, vista como contra o presidente, porque teriam perdido dinheiro com a criação do PIX.
“Estão perdendo com o PIX. Juristas não, banqueiros. Banqueiros, isso mesmo? Banqueiro. Perdendo com PIX”, disse Bolsonaro a jornalistas.
Apoio do PP
Bolsonaro foi ao Congresso para receber o apoio formal do PP a sua candidatura à Presidência. A Aliança entre o partido e o PL, sigla de Bolsonaro, foi aprovada por aclamação, em uma sessão comandada pelo ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, e o presidente da Câmara, Arthur Lira (AL), que prometeram apoio a Bolsonaro até o final.
“Pode haver um partido tão comprometido com o nosso na sua reeleição, mas não mais que o nosso”, disse Nogueira, que ainda atribuiu a Bolsonaro a liberdade de se dizer conservador e de direita no país.
Nogueira, que aderiu ao governo há um ano, foi aliado do PT nas últimas eleições, inclusive em 2018, em que defendeu o então candidato Fernando Haddad –substituto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no pleito– contra o próprio Bolsonaro.
(Reportagem de Lisandra Paraguassu Edição de Pedro Fonseca)