Auxílio emergencial não é coisa de comunista!
Já se passou um mês do encerramento do recebimento das parcelas do Auxílio Emergencial. Somado a este fato, trazemos a tendência negativa dos indicadores de criação de empregos. De acordo com o último dado divulgado pelo IBGE (novembro/2020) o índice chegou a 14,1%, ou seja, muitos brasileiros estão absolutamente sem renda e, em grande parte, sem expectativa de conseguir um emprego.
Diante deste cenário catastrófico já teve início o debate para a recriação do Auxílio Emergencial pelo Governo Federal e Congresso Nacional, erguendo-se vozes favoráveis e contrárias na discussão.
Para as vozes que se julgam contrárias, surge eventualmente a caricatural “lá vai o pagador de impostos sustentar vagabundos, coisa de comunista, tirar dinheiro de gente de bem, para dar a quem não quer trabalhar”. Pois bem, a frase é verdadeira quanto a quem paga a conta, mas completamente equivocada quanto a visão comunista, inclusive o Plano de Governo do Presidente Bolsonaro, em 2018, já falava em uma renda mínima universal.
Garantir a sobrevivência de sua população, em meio a graves crises, é papel da sociedade e pensar em projetos de renda mínima é absolutamente um projeto liberal (pergunte ao Milton Friedman e seu imposto de renda negativo). Nesta crise pandêmica, além do Brasil, outros países como Colômbia, Chile, EUA, Japão, Reino Unido, entre outros, adotaram auxílios financeiros para sua população. Sabe qual país não implantou algo assim? A China.
Outro argumento contrário é que o pagamento do auxílio emergencial poderia agir como um paraquedas diante do declínio da popularidade presidencial e que a miséria seria um “mal menor” diante da eventual reeleição de Jair Bolsonaro. Da mesma forma que a recriação do auxílio emergencial não tornaria (e não tornou) o Brasil comunista, ou o que quer que seja o fantasma que assombra a mente de alguns, ele também não é garantia de reeleição do presidente (vejam o caso de Donald Trump).
Como Sociedade devemos nos preparar com antecedência para momentos de crise, diminuindo as chances de recorrermos a um aumento de impostos ou a um maior endividamento (a dívida do Brasil já passou dos 90% do PIB). Uma alternativa seria ter reservas ou um fundo anticrise (como o criado por Curitiba em 2019), capitalizado em momentos de crescimento econômico e utilizado em tempos emergenciais.
Em suma, neste momento é fundamental agir sem ter os olhos turvados por ideologias, para impedir o morticínio de nossos concidadãos pela fome. O aprendizado minimiza o risco de repetir os mesmos erros no futuro.