'Até Spielberg se impressionaria com uma interpretação dessa', diz jurista sobre minuta de Torres

por Redação RIC.com.br
com informações da Jovem Pan News Curitiba
Publicado em 13 jan 2023, às 20h04.

A minuta encontrada na casa do ex-ministro da Justiça de Bolsonaro, Anderson Torres, não é uma tentativa de golpe. Essa é a interpretação do jurista Ives Granda Martins, que entende que, até se chegar num golpe, o caminho a ser percorrido é muito longo e certamente seria derrubado pelo Congresso no meio do trajeto.

Conforme Martins disse em entrevista à Rádio Jovem Pan, nesta sexta-feira (13), o que se tem é apenas uma minuta, que não se pode nem chamar de documento. Além dela não estar assinada por ninguém, sequer chegou ao presidente.

E mesmo que chegasse a Jair Bolsonaro, precisaria ser assinado por ele, o que não aconteceu, pois não há assinatura alguma na minuta. Ao que tudo indica, diz o jurista, ou Torres negou o conteúdo e descartaria a minuta, como declarou que faria, ou até levou a minuta a Bolsanaro, que não quis levar o plano adiante.

Estado de defesa

O conteúdo da minuta, explicou Martins, fala sobre a implantação de um Estado de Defesa. Pela Constituição Federal, o que está na minuta não justifica um Estado de Defesa. Tanto que Bolsonaro não adotou a medida.

Mas Martins colocou a hipótese de que o governo federal adotasse um Estado de Defesa e explicou porque o Brasil não adotaria a medida:

“Estamos vivendo uma imaginação excessiva de todos que interpretam o direito. Até Spieberg ficaria impressionado com a interpretação dos intérpretes que temos aqui no Brasil (de que a minuta trata-se de uma tentativa de golpe). Primeiro absurdo é o que foi colocado na minuta (que não sustenta um Estado de Defesa). Segundo, que não se assinou a minuta. Terceiro, que nenhum ministro da Justiça, nem o presidente assinaram um papel como esse. Quarto, vamos falar a hipótese absurda de que ele seja assinado. Em 24 horas seria derrubado no Congresso Nacional. Olha .. só Spielberg teria imaginação tão fértil para um negócio desse”, analisou o professor de Direito.