Pesos pesados do partido conservador no poder na Alemanha, a União Democrata-Cristã (CDU, na sigla em alemão), formalizaram sua candidatura para liderar a sigla nesta terça-feira, 25. Em meio a uma crise política no partido, nomes como Friedrich Merz, Jens Spahn e Armin Laschet lançaram a campanha para tentar suceder Angela Merkel como chanceler.
A CDU vive hoje uma crise interna, com derrotas eleitorais e queda nas pesquisas. Além disso, o partido tem sido abalado pelas vitórias da extrema direita da Alternativa para a Alemanha (AfD) e dos Verdes.
A decisão de abrir as portas para um milhão de refugiados, em 2015, é motivo de discórdia no partido até hoje. E existem intensas pressões sobre as alianças que o partido deve fazer. Os líderes da CDU na Turíngia optaram inicialmente por se unir à extrema direita, antes de renunciar devido a duras críticas em um país onde esse tipo de abordagem é tabu desde o pós-guerra.
O caso fez a atual presidente do partido, Annegret Kramp-Karrenbauer, renunciar à disputa. Ela era a candidata natural de Merkel. A eleição do próximo presidente da CDU pelos delegados do partido está prevista para 25 de abril, durante um congresso extraordinário em Berlim.
Quem está na disputa
Friedrich Merz é um antigo adversário da chanceler e defende uma guinada à direita na legenda, que domina a vida política alemã há mais de 70 anos. Um dos objetivos de Merz é conter o avanço da extrema direita, simbolizada pela AfD.
Aos 64 anos, o advogado afirmou nesta terça que o partido e a própria Alemanha precisam de “liderança” para ajudar a Europa a sair de seu “desconcerto habitual”. A frase foi vista como uma indireta para Merkel, no poder há 15 anos. No início dos anos 2000, Merz foi afastado da direção do CDU por Angela Merkel, medida que ele nunca aceitou.
Merz deve competir com a candidatura de um líder regional moderado do CDU, Armin Laschet, um defensor de manter a linha centrista de Merkel. Ele governa a Renânia do Norte-Vestfália, região mais populosa do país.
A outra disputa é a com a estrela emergente do partido, o ministro da Saúde Jens Spahn, de 39 anos. Para ele, o partido atravessa a “crise mais grave da história”. “Se continuarmos assim, jogaremos fora o nosso futuro como um grande partido”, disse ele. “Não quero que Angela Merkel entre na história como a última chanceler da CDU na Alemanha”.
Embora sempre tenha sido claro em sua posição sobre Merkel, Spahn não quer se juntar a Friedrich Merz, considerando que essa virada no partido não seria capaz de “representar a unidade, o centro e toda a variedade do jogo”, de acordo com o jornal popular Bild. A união de Spahn e Laschet contra Merz não está descartada. (Com agências internacionais)