Os impactos da guerra no Paraná
Quando uma guerra entre dois países começa, por mais distantes que estejam do nosso, os impactos rapidamente começam a se alastrar de maneira global. Não seria diferente na invasão russa à Ucrânia. E os efeitos já chegaram em nosso Estado, especialmente quando falamos em agronegócio.
A Federação das Indústrias do Paraná (Fiep) fez um levantamento prévio destes impactos, olhando para a relação comercial entre a Rússia e o estado paranaense. Quando falamos em importações, a Rússia é o 7º maior parceiro paranaense, respondendo por 2,8% das importações em 2021.
No ano passado, os principais produtos importados da Rússia pelo Paraná foram: cloretos de potássio (25,7%) e diidrogeno-ortofosfato (20,3%), ou seja, fertilizantes. Por isso, não é difícil mensurar o tamanho das consequências econômicas que ainda estão por vir.
Mais do que o aumento dos preços do petróleo, que já eleva os preços do combustível a valores absurdos, o que atinge a todos os setores, o Brasil ainda depende de maneira direta dos fertilizantes russos. Nosso país importa mais de 5,7 bilhões de produtos da Rússia, sendo 65% em fertilizantes. O impacto é o custo na ração dos animais e no preço da carne, que, conforme divulgou o Banco Central, já sofre com a inflação que deve chegar a 5,56%.
Outro fator alarmante é a possível falta de fertilizantes na próxima safra de verão, em virtude da possível apreensão nos principais portos de entrada dos fertilizantes no Brasil e também dos problemas logísticos para escoar tais grãos. Já o aumento dos preços deve gerar impactos ainda mais para frente no preço dos alimentos e das carnes.
Fala-se em relação ao mercado do milho, já que Rússia e Ucrânia são exportadores e definidores do preço do grão. Em efeitos de cascata, a margem de toda a cadeia se torna comprimida e causa tensão em diversos países, que já sentiram efeitos da elevação dos preços há bastante tempo.
Além disso, se fala no impedimento da atividade portuária e comércio exterior. Tanto a Rússia quanto a Ucrânia fornecem soja, milho, trigo e outros insumos para o Brasil. Logo nos primeiros dias de conflito, foi possível acompanhar a disparada nos preços de tais produtos e essa possibilidade é analisada de perto pelo setor portuário.
Apesar de distante, sempre que um conflito militar acontece, é inevitável que seus efeitos sejam sentidos de maneira global. Grandes impactos humanitários atuais e outros tantos econômicos que vêm aí.
Não há nada que justifique uma guerra. A diplomacia falhou.