Mulher, solte sua voz: a experiência pessoal de Zilda Fraletti
Cresci em um lar predominantemente masculino – sou a única mulher entre 4 irmãos. Mas meu pai e mãe tinham famílias grandes e a convivência com as primas compensou este desequilíbrio. E eram muitas! Meu pai era o décimo de 14 irmãos (todos com vários filhos) no interior de SP, onde passávamos férias e feriados. Era muita gente! Mesmo sendo uma época de machismo dominante, não guardo lembranças das diferenças entre os sexos. E olha que meu pai era hiper controlador comigo…
Namorar? só depois dos 18, dançar? após os 15. E assim ia a lista… mas comecei a namorar aos 13, ia aos bailinhos de garagem ( alguns se lembrarão), me diverti imensamente. Minha mãe, tios, primos, todos ajudavam a driblar as proibições. Anos mais tarde eu soube que ele tinha conhecimento de tudo mas fingia não saber para não “perder a autoridade”. Que divertido!
Em meio a tantas restrições conseguiu se destacar
Nunca deixei de fazer nada que quisesse. Afinal, sou mulher! E filha de uma mulher inovadora que cursou pedagogia em Curitiba e em 1948 foi a SP para estudar psicologia na USP. Coisa rara na época.
Cresci nos anos 60/70, tempo dos hippies, da juventude se rebelando e impondo. E os grupos eram dos dois sexos juntos, não tinha isso de a gente sentir que era inferior. Já era normal a gente se formar, trabalhar, casar e continuar trabalhando.
Acredito que crescemos nas dificuldades, que elas nos empurram para a frente. Dirigi uma empresa em Foz do Iguaçu com 27 funcionários aos 26 anos, fiz várias outras coisas, criei a Galeria, abri a Artefacto de Curitiba, fui presidente do Núcleo Paraense de Decoração, e tive que ir aprendendo à medida que as coisas aconteciam e eu tinha que assumir e resolver. Vencer medo, vergonha, timidez, a ir em frente. E olhar para trás com muita felicidade ao ver que tinha superado mais algumas dificuldades.
O importante é continuar lutando
Não nego que haja muitas diferenças entre os sexos, ainda. As oportunidades são diferentes? Sim. Os salários são diferentes? Sim. Mas estamos ocupando nosso lugar na sociedade paulatinamente, com força e com vontade. Somos sim capazes de desempenhar qualquer função, e estamos provando isto. Ninguém nos segura mais!
E, mulheres que somos, não precisamos brigar, lutar, diminuir os homens; acredito nas mudanças que se dão através do exemplo, do diálogo, sem necessidade de enfrentamento.
Aprendo muito com minhas filhas a este respeito, a cada dia. Sabem agir com delicadeza e dividem com os maridos todas as responsabilidades.
Podemos construir juntos uma sociedade igualitária em que todos tenham seus papéis baseados em igualdade, respeito e amor. Não consigo acreditar em outra forma de evolução.
O movimento Women Leadership
A Women Leadership é projeto da How Education, um hub de inovação em educação que atua para desenvolver as principais habilidades para o futuro do trabalho. O projeto nasceu com o propósito de promover a liderança feminina na nova economia por meio de eventos exclusivos, bootcamps e networking. O movimento já realizou cursos imersivos e ventos com apoio de grandes startups como Loft, Movile e Resultados Digitais e Cubo Itaú o maior Hub de Inovação da América Latina.
O movimento Women Leadership começou 2019 e, com apoio do Sebrae/PR, realizou o primeiro evento para mais de 200 mulheres e presença de líderes como Maria Teresa Forneas (Co-fundadora e CEO da Bcredi), Luanna Toniolo (Co-fundadora da TROC), Leticia Preuss (Gerente Regional na Endeavor) e Ariane Santos (Fundadora da Badú Design).
O movimento já percorreu cidades como Florianópolis e São Paulo. Na capital paulista, o evento de lançamento contou com cerca de 350 mulheres e aconteceu no Cubo Itaú, o maior hub de inovação da América Latina, contando com palestrantes como Erica Firmo (Gerente de Comunicação Linkedin), Núbia Mota (Diretora de Marketing e Negócio Adobe/Magento) e Erika Mello (Head of Branding Youse).
A Women Leadership é parceira da RICTV, no projeto Mulher Solte a Sua Voz.