Pela primeira vez no século, mundo poderá ter 3 La Niñas consecutivas
A Organização Meteorológica Mundial (OMM) alertou que existe 70% de possibilidade do mundo ter três fenômenos consecutivos de La Niña. O fenômeno, que teve início em setembro de 2020, pode continuar em 2022 durante os meses de setembro e novembro, atingindo três “invernos” consecutivos. Assim, será o que os cientistas estão chamando de “episódio triplo” de La Niña.
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Ainda há a expectativa da OMM, com 55% de probabilidade, de que o La Niña continue até fevereiro de 2023.
Antes de descrever os impactos destes fenômenos, é preciso entender o que é a La Niña e o El Niño. Tratam-se de duas fases opostas do mesmo padrão climático, que os cientistas chamam de ENSO (El Niño-Oscilação Sul). O Enso é um fenômeno natural em que a temperatuda superficial do Oceano Pacífico muda, próximo à Linha do Equador.
Ainda existem os ventos alísios, que são os ventos que sopram de leste a oeste sobre o Oceano Pacífico.
No El Niño, os ventos alísios se tornam mais fracos. Então as águas do Oceano Pacífico, na região da linha do Equador, ficam mais quentes. E os ventos transportam estas águas superficiais quentes da costa da América do Sul em direção à Ásia.
A La Niña é exatamente o oposto. É quando os ventos ficam mais fortes e as águas frias profundas do oceano sobem à superfície de forma mais acelerada. A temperatura do mar cai abaixo do normal. Por isso, a La Niña é considerada a fase fria do fenômeno.
Episódio triplo de La Niña
Em geral, entre as duas fases do Enso, há um período de “zona neutra”, em que nenhum dos dois eventos acontece e as temperaturas ficam na média.
Porém o Enso também nunca foi regular. Às vezes, uma mesma fase se repete várias vezes, como está acontecendo agora com a La Niña. E o ciclo de cada evento pode durar de dois até sete anos. Apesar dos cientistas saberem da probabilidade de repetição, há muitas décadas não se vê Las Niñas consecutivas.
Efeitos da La Niña: seca x chuva; calor x frio
A Organização das Nações Unidas (ONU) diz que o Enso é um fenômeno natural, ou seja, não é causado pela ação humana e pelas mudanças climáticas. E apesar da ciência ainda não conseguir explicar a origem do El Niño e da La Niña, os cientistas entendem que as mudanças climáticas podem agravar os dois fenômenos.
Os efeitos da La Niña são diferentes em cada lugar do mundo. No leste da Argentina, no sul do Brasil, no Uruguai e África Oriental ela produz seca. Já no nordeste do Brasil, no norte da Austrália e no sudeste da Ásia é o oposto, as chuvas aumentam. E partes de China, Índia e Japão, além do oeste do Canadá e sul do Alasca (EUA) acabam afetadas por temperaturas mais baixas do que a média.
Mas a grande preocupação da OMM e da ONU no momento é com o Chifre da África. Estima-se que 18 milhões de indivíduos enfrentam fome severa como resultado da pior seca da região em 40 anos.