Policial chamado de 'neguinho' durante ocorrência será indenizado em R$ 4 mil
Uma ação cível determinou a indenização de um policial militar que sofreu ataques de injúria racial durante o trabalho, na sede do 1º Cartório do 13º Batalhão da Polícia Militar, em Curitiba. A ocorrência foi registrada em janeiro de 2020 e o suspeito foi flagrado desferindo palavras referentes a raça do agente. Mais de dois anos depois, o policial venceu a ação e será indenizado em R$ 4 mil.
De acordo com o advogado Jeffrey Chiquini, responsável pela defesa do policial, a decisão da juíza Maria Fernanda Scheidemantel Nogara Ferreira da Costa é uma resposta para todos os brasileiros.
“Ofender, discriminar um policial negro é discriminar todos os brasileiros. Decisão correta do Tribunal de Justiça que entendeu que o policial militar também tem dignidade e merece respeito. Naquele momento estava colocando sua vida em risco, seu rosto a tapa em defesa de pessoas honestas. E foi atacado por indivíduo embriagado e supostamente drogado”,
declarou Chiquini.
O advogado também destacou que o agressor segue respondendo ao processo criminal, onde o Ministério Público do Paraná (MP-PR) pediu a condenação.
Injúria racial contra policial
A agressão foi registrada por outros policiais que estavam no local, na madrugada do dia 13 de janeiro de 2020. O indivíduo, que na época tinha 30 anos, aparece algemado em um banco e insatisfeito com a atitude dos militares. Bastante alterado, o suspeito ofende um dos agentes. “Eu tenho raiva de você cara”, declarou o homem.
De acordo com a denúncia do MP-PR, o homem ofendeu a dignidade do policial militar com expressões referentes a raça – ‘neguinho de m*, neguinho, negão, seu nego, negro, neguinho covarde’.
Em uma das gravações, feitas no dia da ocorrência, o suspeito chama o policial de “Seu Negrinho” e após o agente pedir respeito ele tenta se justificar: “Eu estou muito chapado para decorar nomes”. Em outro momento, o rapaz pede que seja liberado.
“Eu te respeito mais do que você pensa. Você está fazendo mal para mim. Eu corro risco de chegar em casa e minha mulher virar as costas para mim e ficar sozinho para sempre. Eu estou correndo este risco”,
declarou o agressor.
Veja o momento da injúria racial:
O processo criminal foi registrado no dia 22 de janeiro de 2020 e segue em julgamento. A equipe do RIC Mais entrou em contato com o advogado Ricardo Baldan, que defende o agressor, e ele informou que a defesa não irá se pronunciar sobre o assunto.
