Juiz ameaça seguir júri com portas fechadas após palmas do público: "Isso aqui não é Athletiba"
O juiz Thiago Flôres, responsável pelo julgamento do Caso Daniel, ameaçou esvaziar o Tribunal de São José dos Pinhais, no início da tarde desta quarta-feira (20) após o público aplaudir um debate entre o promotor e os advogados de defesa dos réus.
O magistrado alegou que o processo não “pode ter torcida organizada”, e ameaçou colocar para o fora do Fórum aquele que aplaudir novamente. “Isso aqui não é Athletiba […] Ou eu esvazio esse plenário ou coloco para fora”, diz incisivamente.
Os aplausos da platéia vieram depois que o advogado Rodrigo Faucz saiu em defesa dos advogados após o promotor João Milton Salles dizer que “quem paga o meu salário são os senhores, não é dinheiro de receptação de drogas e nem do tráfico”.
Mãe do jogador deixa fórum e não avai acompanhar sentença do Caso Daniel
Eliana Corrêa, mãe do jogador Daniel Corrêa, deixou o Tribunal do Júri de São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), por volta das 11h32 desta quarta-feira (20). Ao deixar o Fórum, Eliana disse que “estava passando mal e que não aguentava mais”.
A mãe de Daniel deixou o tribunal durante a fala do advogado dos réus, Elias Mattar Assad. Durante o julgamento na manhã desta quarta, Eliana se emocionou e abaixou a cabeça enquanto o assistente de acusação, Nilton Ribeiro, mostrava fotos do corpo do filho.
Vídeo mostra mãe do jogador Daniel deixando Fórum:
Além disso, Eliana Corrêa precisou ser atendida por um funcionário do Fórum. A família informou para a RICtv que ela não vai acompanhar a sentença dos sete réus acusados da morte do filho dela.
3º dia de julgamento da morte do jogador Daniel
A equipe de acusação iniciou o terceiro dia de julgamento do Caso Daniel, nesta quarta-feira (20), com o direito de fala na réplica dos debates. Durante uma hora, o promotor João Milton Salles e o advogado Nilton Ribeiro apresentaram vídeos que mostram situações que contradizem os depoimentos prestados pelos réus.
Em uma das imagens exibidas no telão, câmeras da casa noturna mostram os convidados de Allana Brittes no interior da balada e depois na parte externa, onde aparece o jogador Daniel entrando em um carro de aplicativo.
Na câmera da parte interna, no camarote da família Brittes, uma cena frisa o momento em que Cristiana Brittes vira para atrás e, supostamente, beija um homem. O promotor Salles destaca que “se fosse o inverso o homem seria um assediador. A vítima do assédio se retirou, foi embora”.
O promotor ainda reforça que “esse vídeo, sob meu ponto de vista, é uma conquista de todas as mulheres. É um direito conquistado pelo feminismo, inquestionável”. A advogada de defesa de Cristiana Brittes, Thaise Mattar Assada, alegou que não teve acesso ao vídeo, mas o promotor respondeu que as imagens estão no processo há cinco anos.
“Não pintem esse rapaz Daniel com o termo abusador. Pintem esse rapaz Daniel como um rapaz que estava completamente embriagado. Pela voz no áudio que ele mandou para o amigo é possível perceber que ele estava embriagado. Ele se sentiu a vontade naquele ambiente. Tão a vontade que gravou os vídeos. Não tenho o resto dos vídeos, o resto do que pode ter sido gravado no celular dele, porque os réus quebraram”, falou Salles.
Câmera externa mostra jogador Daniel entrando em carro de aplicativo
Como resposta aos depoimentos dos réus que contaram que Daniel não foi convidado para ir ao after na casa dos Brittes, o promotor Salles exibiu um vídeo da parte externa da casa noturna. Nas imagens é possível ver o jogador encostado em uma parede. “Ele nem tava pensando em ir (para o after), estava encostadinho ali. As meninas levaram ele. Ele sai seguindo a Evellyn”, comentou o promotor.
Ainda de acordo com as imagens, Salles comenta que Daniel foi convidado pela ré Evellyn Perusso para entrar no veículo. “A Evellyn, no exercício da sua liberdade plena, uma mulher branca, esteticamente bonita. Ela chama o Daniel, busca ele para ir para o carro de aplicativo. Aponta o carro do Uber chegando. A outra menina, em sua plena liberdade sexual, optou por sair com o amigo do Daniel e ir pra casa dele. Não tenho aqui mulheres vulneráveis”, observou.
Promotor questiona onde estaria o celular de Daniel
Outro ponto questionado pela promotoria, foi o que fizeram com o celular do jogador Daniel. De acordo com Salles, o aparelho foi quebrado na casa da família Brittes, antes mesmo do atleta ser levado para a Colônia Mergulhão, onde foi encontrado morto.
“Cadê o celular que eles falaram que ficaram vendo e ficaram indignados? O que tinha nesse celular? o que aconteceu momentos antes naquele quarto ninguém sabe, a gente só sabe a versão que eles apresentam”, declarou o promotor.
Nos depoimentos, os réus disseram que Edison Brittes saiu de carro com a intenção de abandonar Daniel em uma rodovia, sem roupas, para passar vergonha. Entretanto, quando viu novas mensagens e fotos no celular, mudou a rota. Por conta da violenta emoção, Edison teria matado e esmaculado Daniel em uma estrada rural de São José dos Pinhais.
Debate é encerrado com imagens do corpo de Daniel
Na parte final da réplica, o assistente de acusação, Nilton Ribeiro, assumiu a palavra. “A voz que sai dessa boca é a voz de Daniel. São os últimos 16 minutos de voz de Daniel”, disse o advogado.
“A vida do Daniel foi julgada por estes sete réus. Foram juízes implacáveis com ele. Condenaram ele a uma morte horrenda. Não tiveram compaixão. Não deram a Daniel o direito, mínimo que seja, de se defender. O destino prega peças e isso que está acontecendo aqui hoje, sete réus e sete jurados, é o destino manipulando cenas da vida”, comentou Ribeiro.
O assistente de acusação exibe imagens de alguns réus reunidos em um shopping em São José dos Pinhais e declara que é “prova de coação a testemunha”. Além disso, segundo Ribeiro, uma das testemunhas sigilosas relatou que Edison e Allana Brittes foram até a frente da casa dela para levá-la ao encontro do shopping, mas ela se recusou a entrar no veículo.
Nos últimos cinco minutos, Nilton Ribeiro exibiu um vídeo com música emocionante sobre a vida de Daniel. Foram mostradas fotos e vídeos do jogador e no telão ao lado imagens do corpo do atleta no local do crime.
A mãe de Daniel ficou bastante emocionada, chorou e em alguns momentos abaixou a cabeça para não ver. “Eliana, teu filho está indo em paz agora. Está na mão desses sete jurados. Não está mais na mão daqueles sete réus […] Hoje acabou o velório do seu filho”, finalizou Nilton Ribeiro.
Após a réplica, o juiz Thiago Flores Carvalho determinou 15 minutos de intervalo antes da tréplica da defesa dos réus.
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