Delegada pede arquivamento do caso de jornalista morto na Praça da Espanha
A Polícia concluiu as investigações do caso do jornalista Andrei Gustavo Orsini Francisquini, de 35 anos, morto pela Polícia Militar na Praça da Espanha, no bairro Bigorrilho, Curitiba, em maio de 2019. Em documento encaminhado à Justiça, a delegada do caso decidiu pelo não indiciamento dos policiais e sugeriu o arquivamento do caso.
Conforme a conclusão policial, os indícios e provas colhidas nos autos indicam que os três policiais militares agiram em legítima defesa, própria e de terceiros.
Na época do caso, os policiais afirmaram que Andrei estaria armado e fugiu ao ser abordado. A família do jornalista, no entanto, alega que o jornalista não tinha nenhuma arma e inclusive era contra a posse.
“Eu nunca ouvi falar que meu filho um dia tivesse pegado um revólver na mão”,
diz o pai de Andrei, Benedito Francesquini.
As investigações apontam que o fato de os familiares de Andrei afirmarem que ele não possuía armas de fogo e nem tinha perfil para isso não é suficiente para comprovar que ele não estava com uma arma no momento do confronto com os policiais.
A região da Praça da Espanha possui diversas câmeras de segurança, inclusive tótens da PM. Apesar disso, após inúmeras tentativas de recuperar as imagens do dia do caso, a empresa responsável pelo monitoramento concluiu que as imagens não foram gravadas por uma “falha no HD” do tótem. A delegada alega que ainda assim é possível verificar que Andrei dá marcha ré e força a passagem entre uma viatura e um carro, colocando a vida dos policiais em risco, segundo ela.
O advogado Cláudio Dalledone, responsável pela defesa dos PMs, sugeriu o arquivamento do caso já no início das investigações.
“Aquele indivíduo que se dizia jornalista usou o carro para tentar matar os policiais e colocou em risco toda a coletividade. Não havia outro meio se não cessar a agressão. Esses dois inquéritos em curso se encontram devidamentre arquivados porque não ocorreu crime na conduta dos policiais da equipe da Rotam”,
afirma Dalledone.
O advogado da família de Andrei, Paulo Cristo, comenta sobre a possibilidade de recorrer.
“Discordamos do entendimento da delegada por não representar os policiais militares envolvidos naquele fato, e certamente do posicionamento dela, a defesa em nome da família buscará as medidas para contrapor aquilo que foi colocado no relatório final”.
Relembre o caso
Na madrugada do dia 12 de maio de 2019, policiais militares avistaram um veículo Corsa estacionado de maneira irregular na Rua Vicente Machado. Eles tentaram abordar o motorista, que acelera. A perseguição começa no local e termina na Praça da Espanha, após os PMs dispararem 16 vezes contra o Corsa.
Andrei era jornalista e publicitário, morava sozinho e naquela noite, véspera do Dia das Mães, jantou com a mãe dele em um restaurante na região do Batel.
O laudo da Polícia Científica apontou que foram encontradas seis perfurações de tiros na vítima, nos braços, costas, peito, ombros e coxa esquerda.
Segundo a Polícia, cerca de uma semana antes do caso o jornalista teria resitido a uma outra abordagem. Ele já possuía quatro registros na polícia por dirigir embriagado e, em um deles, também estava com a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) cassada. Além disso, constam contra ele na Justiça 12 processos, no mais grave, ele chegou a ser preso em flagrante, em 2013, por extorsão.