Crime de Emissão de Título ao Portador sem Autorização

Justiça

por Marcelo Campelo
Publicado em 18 abr 2023, às 19h58.

O crime de emissão de título ao portador sem autorização é uma prática ilegal que consiste em emitir, sem autorização legal, título ao portador ou cédula de crédito rural, industrial ou comercial, cuja circulação dependa de endosso, ou seja, a transferência do título ou cédula a terceiros. Esse tipo de crime é tipificado no artigo 292 do Código Penal Brasileiro.

A emissão de títulos ao portador é uma prática comum em operações financeiras, em que o valor do título pode ser transferido a terceiros sem a necessidade de identificação do titular. No entanto, a emissão de títulos ao portador sem autorização pode ser utilizada para fins ilícitos, como a lavagem de dinheiro ou a ocultação de patrimônio.

A legislação é assim prevista:

Emissão de título ao portador sem permissão legal

Art. 292 – Emitir, sem permissão legal, nota, bilhete, ficha, vale ou título que contenha promessa de pagamento em dinheiro ao portador ou a que falte indicação do nome da pessoa a quem deva ser pago:

Pena – detenção, de um a seis meses, ou multa.

Parágrafo único – Quem recebe ou utiliza como dinheiro qualquer dos documentos referidos neste artigo incorre na pena de detenção, de quinze dias a três meses, ou multa.

Alguns casos de emissão de título ao portador sem autorização já foram julgados no Brasil. Um exemplo é o processo nº 0007317-16.2014.403.6119, em que uma empresa foi condenada por emitir títulos ao portador sem autorização da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). O Tribunal Regional Federal da 3ª Região manteve a condenação em segunda instância. Outro exemplo é o processo nº 0002866-43.2014.4.03.6181, em que uma empresa foi condenada por emitir títulos ao portador sem autorização da CVM e por omitir informações relevantes aos investidores.

Em 2016, a Operação Lava Jato revelou um esquema de corrupção envolvendo a emissão de títulos ao portador sem autorização. O Banco Schahin, por exemplo, emitiu títulos ao portador sem autorização da CVM para financiar campanhas políticas. A investigação também revelou que algumas empresas utilizavam títulos ao portador para ocultar dinheiro ilegal.

  1. O que é título ao portador? Título ao portador é um documento que comprova a titularidade de um valor, mas não identifica o titular. Esse tipo de título é emitido por empresas, instituições financeiras e governos para captar recursos por meio da oferta pública de valores mobiliários.
  2. Quem pode emitir título ao portador? Título ao portador pode ser emitido por empresas, instituições financeiras e governos. A emissão de títulos ao portador pode ser uma forma de captação de recursos para esses emissores, sendo que algumas empresas utilizam essa modalidade para obter recursos de forma mais ágil e sem precisar revelar informações sobre o proprietário do título.
  3. O que é autorização legal para emissão de título ao portador? A autorização legal para emissão de título ao portador é concedida por órgãos reguladores, como a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) no Brasil. Antes de emitir títulos ao portador, é necessário que a empresa ou instituição financeira obtenha autorização legal dos órgãos reguladores competentes.
  4. Quem pode autorizar a emissão de título ao portador? A emissão de título ao portador pode ser autorizada pela CVM, Banco Central do Brasil, Ministério da Fazenda e outros órgãos reguladores. Esses órgãos reguladores têm como objetivo fiscalizar a emissão e negociação de títulos no mercado financeiro, regulamentando as normas para emissão e circulação dos títulos.
  5. Como funciona a circulação de título ao portador? A circulação de título ao portador ocorre por meio do endosso, que é a transferência do título a terceiros. O endosso é a assinatura no verso do documento que indica a transferência de titularidade. Esse tipo de transferência pode ser feita de forma livre, sem a necessidade de registro em cartório ou em algum sistema eletrônico.
  6. Qual é a finalidade da emissão de título ao portador? A emissão de título ao portador é uma forma de captação de recursos por meio da oferta pública de valores mobiliários. Essa modalidade de emissão é utilizada por empresas que necessitam de recursos para investimentos ou para financiar suas atividades, sendo que a emissão de títulos ao portador pode ser uma alternativa mais ágil e menos burocrática que outras formas de captação de recursos.
  7. Quais são os tipos de título ao portador? Os tipos de título ao portador mais comuns são ações, debêntures, notas promissórias, letras financeiras e outros títulos emitidos no mercado financeiro. Cada um desses títulos possui suas próprias características e riscos associados, sendo que o investidor deve avaliar cuidadosamente antes de investir em qualquer um deles.
  8. O que é endosso em branco? Endosso em branco é a transferência de titularidade sem a indicação do novo titular, ou seja, o documento fica em branco e pode ser transferido várias vezes. Esse tipo de endosso é utilizado quando o proprietário do título não sabe para quem irá transferir o título, sendo que o endosso em branco torna a transferência mais simples e ágil.
  9. Quem pode adquirir título ao portador? Qualquer pessoa física ou jurídica pode adquirir título ao portador, desde que esteja dentro das normas estabelecidas pelos órgãos reguladores. No entanto, é importante que o investidor esteja ciente dos riscos associados a cada tipo de título e avalie cuidadosamente antes de investir.
  10. O que é o mercado secundário de títulos ao portador? O mercado secundário de títulos ao portador é o ambiente onde os títulos são negociados após a emissão, ou seja, a compra e venda entre investidores. Essa negociação pode ocorrer de forma livre, sendo que os preços dos títulos podem variar de acordo com a oferta e procura no mercado.
  11. É possível emitir título ao portador sem autorização legal? Não, a emissão de título ao portador sem autorização legal é ilegal e pode resultar em punições legais. Por isso, é importante que empresas e instituições financeiras obtenham autorização legal antes de emitir títulos ao portador.
  12. O que acontece com quem emite título ao portador sem autorização? Quem emite título ao portador sem autorização pode ser punido com pena de reclusão de um a cinco anos, além de multa. Além disso, a emissão de títulos ao portador sem autorização pode prejudicar a confiança do mercado financeiro e gerar prejuízos para os investidores.
  13. Qual é a pena para quem emite título ao portador sem autorização? A pena para quem emite título ao portador sem autorização é de reclusão de um a cinco anos, além de multa. Essa punição é estabelecida pelo Código Penal Brasileiro e tem como objetivo coibir a emissão ilegal de títulos ao portador.
  14. Como evitar o crime de emissão de título ao portador sem autorização? Para evitar o crime de emissão de título ao portador sem autorização, é necessário obter autorização legal e seguir as normas estabelecidas pelos órgãos reguladores. Além disso, é importante que empresas e instituições financeiras tenham uma postura ética e transparente em relação aos títulos emitidos.
  15. Quais são as vantagens do título ao portador? As vantagens do título ao portador são: anonimato do titular, facilidade de transferência, menor burocracia na emissão e circulação do título. O anonimato do titular pode ser interessante para investidores que desejam manter sua identidade em sigilo, enquanto a facilidade de transferência e a menor burocracia podem ser interessantes para empresas que desejam captar recursos de forma mais ágil.
  16. Quais são as desvantagens do título ao portador? As desvantagens do título ao portador são: risco de perda ou roubo do título, dificuldade em comprovar a titularidade e dificuldade em receber dividendos ou juros. Por não identificar o titular, esse tipo de título pode ser alvo de roubos ou perdas, além de dificultar a comprovação da titularidade em caso de perda ou roubo.
  17. Qual é a diferença entre título ao portador e título nominativo? A diferença entre título ao portador e título nominativo é que o título ao portador não identifica o titular, enquanto o título nominativo indica o nome do titular. O título nominativo é uma opção mais segura para investidores que desejam manter o controle sobre seus títulos.
  18. O que é título nominativo endossável? Título nominativo endossável é um título que indica o nome do titular, mas pode ser transferido a terceiros por meio de endosso. Esse tipo de título é uma opção mais segura para investidores que desejam manter a titularidade do título, mas que desejam transferir a propriedade para terceiros.
  19. Quais são as normas para emissão de título ao portador? As normas para emissão de título ao portador são estabelecidas pelos órgãos reguladores, como a CVM, e incluem requisitos de divulgação de informações, registro de emissão e circulação, entre outros. As empresas e instituições financeiras que desejam emitir títulos ao portador devem seguir essas normas para evitar problemas legais.
  20. O que é a CVM? A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) é o órgão regulador do mercado de valores mobiliários no Brasil, responsável por fiscalizar e regulamentar a emissão e negociação de títulos no mercado financeiro. A CVM tem como objetivo proteger os investidores e garantir a transparência e a ética no mercado financeiro.

A emissão de títulos ao portador sem autorização pode ter um impacto significativo na economia e na sociedade. Esse tipo de prática pode ser utilizado para a lavagem de dinheiro, o que contribui para o financiamento de atividades criminosas, como o tráfico de drogas e armas.

Além disso, a emissão de títulos ao portador sem autorização pode prejudicar investidores e acionistas, que podem ser enganados por empresas que utilizam esse tipo de prática para ocultar informações relevantes. Esse tipo de prática também pode afetar a confiança dos investidores na economia, o que pode resultar em prejuízos financeiros para a sociedade como um todo.

As autoridades brasileiras estão cada vez mais atentas ao crime de emissão de título ao portador sem autorização. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM), por exemplo, tem intensificado a fiscalização e a punição de empresas que emitem títulos ao portador sem autorização.

Além disso, a Operação Lava Jato tem revelado esquemas de corrupção que envolvem a emissão de títulos ao portador sem autorização. A investigação tem contribuído para o aprimoramento da legislação e das práticas regulatórias relacionadas ao tema.

O crime de emissão de título ao portador sem autorização é uma prática ilegal que pode resultar em graves consequências para quem o comete. É importante conhecer as leis e normas relacionadas ao assunto para evitar problemas legais. A legislação brasileira prevê punições rigorosas para quem emite títulos ao portador sem autorização, e alguns casos reais já foram julgados e condenados no país. Portanto, é essencial que empresas, instituições financeiras e governos sigam as normas e regulamentações estabelecidas pelos órgãos reguladores para evitar problemas legais e prejuízos financeiros.

Para identificar a emissão de título ao portador sem autorização, é importante estar atento a alguns indícios que podem indicar a prática ilegal. Alguns desses indícios são:

  • Ausência de autorização legal: empresas que emitem títulos ao portador sem autorização legal estão cometendo um crime e podem ser punidas por isso.
  • Falta de transparência: empresas que utilizam títulos ao portador para ocultar informações relevantes aos investidores estão prejudicando a confiança dos mesmos na economia.
  • Suspeita de lavagem de dinheiro: a emissão de títulos ao portador sem autorização pode ser utilizada para a lavagem de dinheiro, o que pode contribuir para o financiamento de atividades criminosas.
  • Inconsistências nos registros contábeis: empresas que emitem títulos ao portador sem autorização podem apresentar inconsistências nos registros contábeis, o que pode indicar a prática ilegal.

Para evitar problemas legais relacionados ao crime de emissão de título ao portador sem autorização, é importante seguir algumas dicas, como:

  • Obter autorização legal: antes de emitir títulos ao portador, é necessário obter autorização legal dos órgãos reguladores competentes.
  • Manter transparência: empresas que emitem títulos ao portador devem manter transparência em relação às informações relevantes aos investidores.
  • Conhecer as leis e normas: é essencial conhecer as leis e normas relacionadas ao assunto para evitar problemas legais.
  • Realizar auditorias internas: empresas que emitem títulos ao portador devem realizar auditorias internas para verificar a conformidade das práticas com as leis e normas.

Além das práticas regulatórias brasileiras, existem algumas práticas regulatórias internacionais relacionadas à emissão de títulos ao portador. Alguns exemplos são:

  • Convenção de Viena: a Convenção de Viena sobre Títulos ao Portador, de 1986, estabelece normas internacionais para a emissão e circulação de títulos ao portador.
  • Recomendações do GAFI: o Grupo de Ação Financeira Internacional (GAFI) estabelece recomendações internacionais para prevenção e combate à lavagem de dinheiro e ao financiamento do terrorismo.

A prevenção é fundamental para evitar problemas legais relacionados à emissão de títulos ao portador sem autorização. Empresas, instituições financeiras e governos devem conhecer as leis e normas relacionadas ao assunto e adotar práticas regulatórias eficazes. Além disso, é importante estar atento a possíveis indícios de práticas ilegais e realizar auditorias internas para garantir a conformidade das práticas com as leis e normas. A prevenção é essencial para garantir a segurança financeira e a confiança dos investidores na economia.

  • Código Penal Brasileiro
  • Lei de Lavagem de Dinheiro (Lei nº 9.613/1998)
  • Lei das Sociedades Anônimas (Lei nº 6.404/1976)
  • Operação Lava Jato
  • Processo nº 0007317-16.2014.403.6119
  • Processo nº 0002866-43.2014.4.03.6181
  • Site da Comissão de Valores Mobiliários (CVM)
  • Convenção de Viena sobre Títulos ao Portador
  • Recomendações do GAFI