Com falas fortes e muito choro, Cristiana Brittes é interrogada; veja fala completa
Cristiana Brittes foi a primeira, dos sete réus do caso do jogador Daniel Corrêa, a ser ouvida no Tribunal do Júri de São José dos Pinhais. Com frases fortes e muito choro, a mãe de Allana e esposa de Edison, que também são réus, contou sua versão do que viveu na noite do assassinato do jogador.
Todos os outros réus foram retirados do plenário para o depoimento de Cristiana. A filha mais nova dela, Amanda, de 17 anos, estava no plenário e começou a ouvir as primeiras falas da mãe. Até que o juiz mandou retirá-la, já que é proibido menores de 18 anos num Tribunal do Júri.
Cristiana começou falando por volta das 20h, contando que nasceu em Medianeira e é de família simples. Contou ainda como conheceu o Edison. Eles se conhecem há 26 anos e estão casados há 24.
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Ela tinha 17 anos quando engravidou da primeira filha, Allana. Eles ainda não trabalhavam e os pais ajudaram na criação. Depois nasceu Amanda.
Ela contou que o apelido de Edison, “Juninho Riqueza” é porque ele dizia que tudo era uma riqueza para ele. A família toda trabalhava no comércio. Ela diz que o Edison era cuidadoso e tinha ciúmes. Ela também tinha ciúmes dele.
Para ir para a Shed, onde foi a festa de aniversário da Allana, Edison foi dirigindo com a Thays, o Eduardo, a Cristiana e a Allana no carro. A filha mais nova não foi na festa e ficou com os pais da Cristiana. Segundo a ré, a caçula não estava dormindo em casa.
Abuso em outra festa
A ré afirmou que Daniel também esteve presente na festa de 17 anos de Allana, em um clube em São José dos Pinhais. Segundo ela, a família não teve muito contato com ele. Nessa festa de 17 anos, disse Cristiana, Daniel já teria investido contra uma moça que estava alcoolizada. Um dos convidados, que ajudou a moça (Emanuele) contou para Allana sobre a situação.
Na Shed, no ano seguinte, Daniel beijou Evelyn, até então com consentimento da mesma. Mas, segundo a ré, ele foi muito insistente e ela não queria mais ficar com ele. Evelyn teria pedido então pra dormir com a Allana na intenção de fugir da vítima. A ré afirmou também que Daniel foi flagrado insistindo para se relacionar com outra menina, que teria descartando ele.
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Cristiana Brittes disse que a festa não teria continuidade e que somente os parentes iriam para a casa da família. Thays, Eduardo, David – que era namorado da Allana – e o Ygor – parente do David -, seriam os únicos convidados.
Cristiana afirmou que chegando na casa, Edison fez ovos pra ela e a colocou pra dormir. Segundo ela, as visitas estavam na área de festa que tem de tudo, fogão, frigobar e banheiro, para que ninguém precise entrar na casa da família.
“A Alana é mais que minha filha, é minha amiga. Eu cresci com ela, eu amadureci com ela. Eu tava muito feliz com a festa de 18 anos dela”, disse Cristiana.
“Acordei com o Daniel em cima de mim e o pênis pra fora da cueca”
Quando a advogada perguntou do que ela lembrava quando acordou, Cristiana disse que Daniel estava em cima dela com o pênis para fora da cueca, pegando nos seios dela. Então ela começou a gritar. Foi aí que Edison teria aberto a janela, uma vez que a porta estava trancada.
“Foi o pior dia da minha vida. Fui dormir e acordei tendo um pesadelo. O Daniel acabou a minha vida. O Edison entrou pela janela e eu sai pela mesma janela pra pedir ajuda”, contou a ré, já chorando.
Edison, diz ela, já entrou pegando o Daniel pelo pescoço. Ela pensou em pedir ajuda para o Eduardo, porque era o homem mais forte no local. Quando ela foi para a sala, tinha pessoas que ela nunca havia visto na casa. A porta do quarto tinha sido estourada e ela afirmou que pedia ajuda o tempo todo. A ré relatou também que ficou na sala com Carol e Stefani, meninas que ela nem conhecia, mas estavam ajudando ela.
“Mesmo sendo acordada com ele em cima de mim eu pedia a todo momento que eles parassem, que não acabassem com a vida dele”, disse Cristiana.
“Acusada de homicídio por uma frase que eu não falei”
“Acho uma injustiça ser acusada de homicídio por uma frase que eu não falei. Falei para não fazerem nada com ele (Daniel), nem ali, nem em lugar nenhum. Eu fui vítima dele. Ele pegou nos meus seios. Ele esfregou o pênis em mim. E ainda assim eu sou acusada de homicídio. Eu não bati nele, não encostei nele. Eu era a última pessoa que poderia parar o Edison ali. Eu fui a vítima dele e sou a última pessoa que queria que ele tivesse morrido. Eu queria que ele estivesse aqui respondendo pelo crime que ele cometeu”, disse Cristiana Brittes, em meio a muito choro.
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Edison, disse a ré, voltou pra casa e não falou mais com ela. Alguns dos convidados pegaram os produtos que tinham na casa para limpar a cena. Dois ou três dias depois, depois de procurar advogado, Edison se entregou à polícia.
No shopping, onde alguns dos acusados se encontraram dias após o crime, Cristiana disse que não conversou com ninguém, nem a Allana. Não ligou pra ninguém, nem falou com ninguém que participou dos fatos.
A advogada perguntou se eles faziam swing e se tinham convidado Daniel para isso. Ela disse que isso jamais aconteceu e afirmou ainda que ela e Edison eram ciumentos. Ela afirmou também que ele é o primeiro e único homem dela.
“Fui presa sem dever, não encostei nele”, diz Cristiana Brittes
“Me senti invadida, violada. Lembrar disso dói, machuca. Aquele dia acabou comigo, acabou com a minha família. Se ele não tivesse ido teria vida normal. Minha filha só tinha 11 anos e ficou sem pai e sem mãe. Ela tá longe do pai, estamos passando dificuldades. Me julgaram e me condenaram pela forma de me vestir. A minha família sofre, minha mãe teve câncer. Minha família é humilde, mas é de princípios. Eu não consigo dormir, tenho pesadelos. A minha vida acabou naquele dia. Só eu sei o que eu sinto por dentro. Eu também morri naquele dia. Eu nunca imaginei ficar presa, o inferno que é um presídio. Fui vítima de um abusador e fui presa sem dever, não fiz nada, não encostei nele”, disse Cristiana Brittes, chorando e soluçando muito.
“Eu quero pedir a vocês que sejam justos, que vejam os fatos de verdade. Eu estava dormindo na minha casa, na minha cama, ele foi na minha casa sem ser chamado, pegou nos meus seios, esfregou o penis em mim e depois disso eu fui presa, condenada e julgada por uma sociedade cruel. As provas das testemunhas de acusação comprovam que eu não encostei nele, a todo momento eu pedia pela vida dele”, implorou a ré aos jurados.
“Ninguém que passa por isso consegue ter um juízo normal”
Questionada pelos jurados sobre quem abriu a porta no momento em que Edison Brittes flagrou Daniel no quarto, Cristina disse não saber e justificou que não ligou para a polícia por estar em estado de choque. “Ninguém que passa por isso consegue ter um juízo normal. Eu nem sabia onde estava o celular”, disse ela.
A ré contou ainda que foi o Lucas Mineiro que convidou as pessoas e levou para a casa dos Brittes.
Cristiana Brittes disse também que soube da morte do Daniel através de um grupo de celular, onde começaram a comentar. Quando um dos jurados perguntou a opinião dela sobre o que o marido fez, ela respondeu que queria que ele tivesse chamado a polícia e que Daniel estivesse sendo julgado.
O depoimento de Cristiana terminou exatamente uma hora depois, às 21h.
Veja Cristiana Brittes seguindo até o plenário para interrogatório:
Veja primeiros passos do júri do Caso Daniel
O júri do Caso Daniel teve início por volta das 8h56 desta segunda-feira (18), no Fórum de São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba. Quatro dos sete réus envolvidos estiveram presentes na abertura da sessão do juiz Thiago Flores Carvalho: Edison Brittes, Eduardo Henrique Ribeiro da Silva, Igor King e Evellyn Brisola Perusso. Os outros três réus não apareceram no tribunal durante a manhã: Cristiana Brittes, Allana Brittes e David Willian Vollero.
Logo no início da sessão, equipes de advogados da defesa dos réus e também da acusação fizeram alguns pedidos à promotoria. Na sequência, por volta das 10h21, foi realizado o sorteio dos jurados.
Foram selecionadas 160 pessoas, sendo que sete foram convocadas pelo Conselho de Sentença. Os responsáveis por definir pela condenação ou absolvição dos sete réu são quatro mulheres e três homens:
- 4 mulheres jovens
- 1 homem idoso
- 1 homem jovem
- 1 homem meia-idade
Defesa dos réus pede mais tempo para os debates no júri do Caso Daniel
Para a realização dos debates, os advogados de defesa dos sete réus terão 2h30, o mesmo tempo que a equipe de acusação. Entretanto, logo no início da sessão, os representantes dos réus solicitaram mais tempo, no mínimo uma hora, pois cada um ficaria com pouco mais de 20 minutos.
Em análise do pedido, a promotoria não acatou a solicitação, pois ainda existe um tempo para réplica e tréplica. O juiz afirmou que o tempo em excesso levaria à exaustão, o que dificultaria a absorção do conteúdo pelos jurados. Justificou ainda que a acusação terá 2h30 para comentar sobre os sete réus.
Pedidos específicos dos advogados de Evellyn e Eduardo
Os advogados de Evellyn Brisola e Eduardo Henrique Ribeiro da Silva fizeram pedidos específicos no início da sessão. Os representantes solicitaram que a promotoria não fizesse menção ao histórico criminal dos réus. Ambos foram presos durante o julgamento do caso Daniel por outros crimes.
Entretanto, a promotoria alegou que os históricos criminais são necessários para mostrar “o ambiente em que a vítima foi inserida” e pediu que fossem mantidos.
A defesa de Evellyn ainda pediu para que a ré permanecesse com o celular durante o júri, pois está com um filho de seis meses em casa, e outro de oito anos.
Por volta das 11h, teve início o depoimento de quatro testemunhas, mantidas em sigilo. A imprensa foi convidada a se retirar do tribunal para as oitivas.
Acompanhe o julgamento do Caso Daniel em tempo real.
Oitivas públicas
Depois de encerradas as oitivas sigilosas, mais testemunhas foram ouvidas. Entre elas Antônio Ribeiro de Araújo. Ele falo usobre Edison Brittes, contanto que o apelido de “Juninho Riqueza” veio porque o Edson ajudava muito as pessoas. Afirmou ainda que desconhece qualquer ligação da família Brittes com a criminalidade. “Pra nós da comunidade foi um choque quando saiu a notícia. Nunca tive ele como uma pessoa do mal”.
Depois de Antônio foi a vez de Polini Mattos Dornellas, amiga de Allana Brittes. Ela conta que Allana trabalhava com os pais e que Cristiana Brittes era uma mãe bem querida. Ela esteve na festa de aniversário na Shed, mas não no “after”, na casa dos Brittes. Ela afirma que nem viu Daniel na festa e negou que Cristiana estivesse se envolvendo com outros homens.
Depois dela,Thays Maria Farias prestou depoimento por videoconferência. Thays é muito amiga de Allana, cresceram juntas, mas hoje vive em Foz do Iguaçu. Porém se esforça para ir aos aniversários da amiga todos os anos. Disse que passou muitas férias na casa de Allana. Que o Edson sempre foi receptivo, fazia as comidas que ela gostava de comer. Cristiana sempre foi muito querida. E que conheceu Daniel pela primeira vez no aniversário de 18 anos de Allana e que não teve boa impressão dele, pois mesmo ela estando com namorado, Daniel teria tentado flertar com ela. Disse que Allana não queria um after. Mas como todos insistiram, acabaram indo para a casadela.
Thays foi a primeira pessoa que viu Daniel no quarto de Cristiana. Ela foi ao quarto do casal usar o banheiro, porque o outro estava ocupado, quando Daniel entrou. Cristiana Brittes dormia. Ela insistiu que Daniel usasse logo o banheiro depois dela e que saísse, pois tanto ela quanto Cristiana eram comprometidas. Thays saiu e foi para o quarto dormir. Acordou minutos depois com Cristana gritando socorro.
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