Caso Daniel: Confira os depoimentos dos sete réus no Tribunal do Júri
Os sete réus envolvidos na morte do jogador Daniel Corrêa Freitas prestaram depoimento no Tribunal do Júri de São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba. Na noite desta segunda-feira (18), Cristiana Brittes e Edison Brittes foram os primeiros a sentar de frente para o juiz Thiago Flores Carvalho. Já na manhã desta terça (19), os outros cinco réus falaram: David Willian Vollero, Igor King, Eduardo Henrique Ribeiro da Silva, Allana Brittes e Evellyn Brisola Perusso.
Os depoimentos dos réus foram realizados após todas as testemunhas do processo serem ouvidas. Ao todo, 13 pessoas participaram de oitivas como testemunhas, sendo duas de acusação e 11 da equipe de defesa. Confira os destaques dos depoimentos dos réus.
Cristiana Brittes conta que acordou com Daniel em cima da cama
A primeira a prestar depoimento foi Cristiana Brittes. A esposa de Edison e mãe de Allana comentou sobre o relacionamento com o marido e que ele era o único homem da vida dela. Sobre a ocorrência que resultou na morte do jogador, a ré contou que acordou com Daniel em sua cama.
Cristiana disse que Daniel estava em cima dela com o pênis para fora da cueca, pegando nos seios dela. Então ela começou a gritar. Foi aí que Edison teria aberto a janela, uma vez que a porta estava trancada. “Foi o pior dia da minha vida. Fui dormir e acordei tendo um pesadelo. O Daniel acabou a minha vida. O Edison entrou pela janela e eu sai pela mesma janela para pedir ajuda”, contou a ré, já chorando.
Cristiana ainda afirmou que não incentivou que batessem em Daniel. “Mesmo sendo acordada com ele em cima de mim eu pedia a todo momento que eles parassem, que não acabassem com a vida dele”, disse Cristiana.
Edison Brittes confessa que matou e emasculou Daniel
O réu confesso do crime, Edison Brittes, voltou a afirmar que foi o responsável pela morte do jogador Daniel. No depoimento de aproximadamente 1h15, Juninho Riqueza, como é conhecido, declarou que não conhecia o atleta e nem tinha convidado o rapaz para o after.
Entretanto, já em casa, Edison saiu para comprar vodka após o jogador reclamar que só tinha whisky. Quando retornou para a residência ouviu gritos no quarto do casal.
“Cheguei na porta do quarto e vi que estava fechada. Mas a Cris não fecha a porta pra dormir, eu deixei ela aqui dormindo e a porta não tava fechada. Dei a volta e fui na janela do quarto. Eu abri a janela. O [Eduardo] Purkote tava atrás de mim. Quando eu puxei o blackout, eu vi ele em cima dela. Passei a perna e já fui em cima dele pra tirar ele de cima dela. Ele tava de cueca, de camiseta, com o pênis pra fora. Eu só queria ajudar ela. Tirar esse abusador de cima dela. Só queria proteger ela. Era cessar aquilo ali. Era só o que eu conseguia pensar. Quando eu vi o pênis dele pra fora eu fiquei louco, fiquei possesso, fiquei cego”, relatou Brittes.
Após as agressões, Edison revelou que colocou Daniel no porta-malas e a intenção era abandonar ele pelado em uma rodovia. Porém, ao ver mais mensagens e imagens no celular resolveu ir até uma estrada rural.
“Depois do acontecido eu arrastei ele tirando da estrada. Na hora que eu desci do carro eu não vi nada. Meu foco era o abusador. Não sei se os meninos desceram do carro na hora. Eu fiz isso sozinho. Peguei pelos braços e arrastei ele. Tirando da estrada. Eu tava muito transtornado, pensava nas mensagens, remoía tudo dentro de mim. Eu me lembrava dele falando que comeu ela. Sim, eu peguei e emasculei ele. Fui na direção do carro e joguei a parte dele. Quando eu joguei o órgão dele eu vi que um dos meninos estava na frente do carro vomitando. Era o meu genro David”, afirmou Edison Brittes.
David Vollero diz que mãe pediu para ele não ir a festa
David Willian Vollero foi o primeiro a prestar depoimento no segundo dia do júri. Na época David estava iniciando um relacionamento com Allana e atualmente os dois são casados. Em pouco mais de 50 minutos, o réu contou a relação que tinha com Igor King e Allana.
No dia da festa, David contou que a mãe chegou a pedir pra ele não ir, entretanto, como estava iniciando um namoro com a aniversariante resolveu ir a balada. “Todo mundo tinha ingerido bebida alcoólica. Não tinha ninguém sóbrio na balada. Edson chegou e disse ‘como você é o escolhido da minha filha, vamos lá pra casa. pra lá só vão os mais chegado”, disse o réu.
Já na casa dos sogros, David contou que viu o momento em que Daniel chegou, porém, logo depois saiu com Edison para comprar mais bebida. Quando retornaram, David disse que avisou ao pai de Allana que iria dormir, o patriarca então encaminhou ele para o quarto da filha. Na sequência, o jovem relata que ouviu gritos e correu para o quarto de Cristiana onde agrediu Daniel.
Igor King declara que sugeriu a ideia de fazer o Daniel passar vergonha
O réu Igor King prestou depoimento por aproximadamente 35 minutos. Diante do juiz, Igor lembrou detalhes do dia do crime, e contou que a ideia era abandonar o jogador em uma rodovia, sem roupa, para fazer ele passar vergonha pelo que teria feito. Entretanto, no trajeto, Edison Brittes permaneceu com o celular na mão, em silêncio, e foi direto para uma estrada rural.
“Eu estava sentado atrás do Edson, do motorista. Eu só via ele mexendo no celular. O carro tem três portas, uma só atrás. A gente saiu sem rumo e ele tava o tempo todo mexendo no celular. Ele repetia ‘ele tava tentando estuprar a minha mulher’. Aí ele olhava o celular e ficou indignado. Ele começou a entrar em umas ruas e de repente parou o carro. Ele desceu e eu nem olhei para trás. Eu só lembro do barulho de algo caindo do porta-malas e da faca”, relatou Igor.
O réu confessou que agrediu Daniel, mas não relatou gritos do jogador no local onde o corpo foi encontrado. “Eu não posso relatar com clareza porque eu não vi. Eu ouvi. Eu não fico olhando. Eu olhei de relance e vi ele arrastando o Daniel. Na minha cabeça eu achei que ele já tinha matado. Era um local que eu não conhecia. Se eu falar que eu pensei em ligar para a polícia eu vou estar mentindo. Eu tava em choque. Não era uma coisa rotineira na minha vida. Eu realmente agredi ele na casa e não achava que podia chegar onde chegou. Eu não imaginava que uma pessoa podia fazer uma coisa daquelas”, completou.
Eduardo da Silva conta que ouviu gritos de Daniel antes da morte
O depoimento de Eduardo, réu que segue preso, foi o mais curto desta manhã entre os acusados de homicídio. Em pouco mais de 30 minutos, o rapaz que na época tinha 19 anos e namorava uma prima de Allana Brittes, revelou que foi até Curitiba para comemorar o aniversário da jovem.
O réu disse que na casa dos Brittes estava dormindo quando começaram as agressões contra Daniel. Quando eu escutei a escada de metal, eu fiquei assustado. A Cris subiu correndo e apareceu chorando dizendo que tinha um rapaz que tava no quarto dela mexendo com ela. Ela disse que o Brites tava agredindo ele e que era para eu separar. Nesse momento eu desci a escada, a porta estava trancada e alguém falou ‘pela janela, pela janela’. Eu fui pela janela e perguntei ‘o que tava acontecendo aqui’. Nesse momento o Brites disse ‘esse maldito estava tentando estuprar a Cris’. Nesse momento eu fiquei tomado por raiva”, continuou Eduardo.
Após as agressões na casa, Eduardo contou que entrou no carro de Brittes e seguiu para a estrada rural. No local, o réu foi o primeiro a confessar que escutou gritos de Daniel. “Quando cessou os gritos do Daniel, que eu acho que é a parte que ele tava sendo degolado, foi que eu vi o Brittes com muito sangue. Quando eu olhei para o lado ele já tava voltando e voltamos para casa […] Na minha mente não tinha o que fazer. O Daniel parou de gritar e ele tava com a faca na mão. Não tinha mais o que fazer”, concluiu Eduardo.
Allana conta que mãe clamou pela vida de Daniel
Allana Brites foi a sexta ré a prestar depoimento no Tribunal do Júri. Bastante emotiva, a jovem chorou muito e precisou parar as declarações em alguns momentos para beber água. Allana contou que quando ouviu os gritos na residência correu para o quarto dos pais e encontrou Edison segurando Daniel pelo pescoço.
“Eu perguntei ‘pai, o que tá acontecendo?’ e ele respondeu ‘filha, ele tava em cima da tua mãe’. Ele tava com um olho assim… transtornado”, comentou Allana.
A jovem ainda disse que todos os homens estavam batendo e que ninguém tentou impedir as agressões contra Daniel. “Ela (Cristiana Brittes) pedia para que parassem. Jamais incentivou. Ela clamava pela vida dele”, completou.
Evellyn revela detalhes após a morte de Daniel
Evellyn Perusso iniciou o depoimento contanto da relação de amizade com Allana e de um beijo que havia dado em Daniel na casa noturna. Na sequência, contou que o jogador ofereceu ajuda para ela arrumar um lugar para dormir na casa dos Brittes, mas ela já respondeu que não queria, pois ‘era de casa’. A ré confessou que não tinha mais interesse em ficar com o atleta.
O juiz pediu que Evellyn contasse sobre o momento em que os rapazes e Edison Brittes voltaram sem Daniel. “Assim que ele chegou, ele deu um abraço na Allana. Disse que amava a Allana. ‘Eu matei ele. Eu matei aquele gambá”, contou.
Evellyn ainda disse que após saber que Daniel tinha sido morto ficou com muito medo e mandou mensagem para uma amiga, dizendo que não sabia como ir embora. Pouco depois, Edison reuniu todos na casa e contou outros detalhes. “A gente conversou. O Brites relatou que tinha decepado o pênis do Daniel. Falou que não tinha aceitado o que ele tinha feito com a Cris, com a mulher dele. Ele tava muito alterado. Em momento algum ele ficou tranquilo. Ele caminhava de um lado para o outro bem apavorado, bem assustado”, completou a ré.
Evellyn ainda disse que foi convidada para ir ao shopping dias após o crime, para se encontrar com os envolvidos, mas ficou com medo e não compareceu.
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