Advogado encerra debate com fotos do corpo do jogador Daniel no local do crime
A equipe de acusação iniciou o terceiro dia de julgamento do Caso Daniel, nesta quarta-feira (20), com o direito de fala na réplica dos debates. Durante uma hora, o promotor João Milton Salles e o advogado Nilton Ribeiro apresentaram vídeos que mostram situações que contradizem os depoimentos prestados pelos réus.
Em uma das imagens exibidas no telão, câmeras da casa noturna mostram os convidados de Allana Brittes no interior da balada e depois na parte externa, onde aparece o jogador Daniel entrando em um carro de aplicativo.
Na câmera da parte interna, no camarote da família Brittes, uma cena frisa o momento em que Cristiana Brittes vira para atrás e, supostamente, beija um homem. O promotor Salles destaca que “se fosse o inverso o homem seria um assediador. A vítima do assédio se retirou, foi embora”.
O promotor ainda reforça que “esse vídeo, sob meu ponto de vista, é uma conquista de todas as mulheres. É um direito conquistado pelo feminismo, inquestionável”. A advogada Thayse, da defesa, alegou que não teve acesso ao vídeo, mas o promotor respondeu que as imagens estão no processo há cinco anos.
“Não pintem esse rapaz Daniel com o termo abusador. Pintem esse rapaz Daniel como um rapaz que estava completamente embriagado. Pela voz no áudio que ele mandou para o amigo é possível perceber que ele estava embriagado. Ele se sentiu a vontade naquele ambiente. Tão a vontade que gravou os vídeos. Não tenho o resto dos vídeos, o resto do que pode ter sido gravado no celular dele, porque os réus quebraram”, falou Salles.
Câmera externa mostra Daniel entrando em carro de aplicativo
Como resposta aos depoimentos dos réus que contaram que Daniel não foi convidado para ir ao after na casa dos Brittes, o promotor Salles exibiu um vídeo da parte externa da casa noturna. Nas imagens é possível ver o jogador encostado em uma parede. “Ele nem tava pensando em ir (para o after), estava encostadinho ali. As meninas levaram ele. Ele sai seguindo a Evellyn”, comentou o promotor.
Ainda de acordo com as imagens, Salles comenta que Daniel foi convidado pela ré Evellyn Perusso para entrar no veículo. “A Evellyn, no exercício da sua liberdade plena, uma mulher branca, esteticamente bonita. Ela chama o Daniel, busca ele para ir para o carro de aplicativo. Aponta o carro do Uber chegando. A outra menina, em sua plena liberdade sexual, optou por sair com o amigo do Daniel e ir pra casa dele. Não tenho aqui mulheres vulneráveis”, observou.
Promotor questiona onde estaria o celular de Daniel
Outro ponto questionado pela promotoria, foi o que fizeram com o celular do jogador Daniel. De acordo com Salles, o aparelho foi quebrado na casa da família Brittes, antes mesmo do atleta ser levado para a Colônia Mergulhão, onde foi encontrado morto.
“Cadê o celular que eles falaram que ficaram vendo e ficaram indignados? O que tinha nesse celular? o que aconteceu momentos antes naquele quarto ninguém sabe, a gente só sabe a versão que eles apresentam”, declarou o promotor.
Nos depoimentos, os réus disseram que Edison Brittes saiu de carro com a intenção de abandonar Daniel em uma rodovia, sem roupas, para passar vergonha. Entretanto, quando viu novas mensagens e fotos no celular, mudou a rota. Por conta da violenta emoção, Edison teria matado e esmaculado Daniel em uma estrada rural de São José dos Pinhais.
Debate é encerrado com imagens do corpo de Daniel
Na parte final da réplica, o assistente de acusação, Nilton Ribeiro, assumiu a palavra. “A voz que sai dessa boca é a voz de Daniel. São os últimos 16 minutos de voz de Daniel”, disse o advogado.
“A vida do Daniel foi julgada por estes sete réus. Foram juízes implacáveis com ele. Condenaram ele a uma morte horrenda. Não tiveram compaixão. Não deram a Daniel o direito, mínimo que seja, de se defender. O destino prega peças e isso que está acontecendo aqui hoje, sete réus e sete jurados, é o destino manipulando cenas da vida”, comentou Ribeiro.
O assistente de acusação exibe imagens de alguns réus reunidos em um shopping em São José dos Pinhais e declara que é “prova de coação a testemunha”. Além disso, segundo Ribeiro, uma das testemunhas sigilosas relatou que Edison e Allana Brittes foram até a frente da casa dela para levá-la ao encontro do shopping, mas ela se recusou a entrar no veículo.
Nos últimos cinco minutos, Nilton Ribeiro exibiu um vídeo com música emocionante sobre a vida de Daniel. Foram mostradas fotos e vídeos do jogador e no telão ao lado imagens do corpo do atleta no local do crime.
A mãe de Daniel ficou bastante emocionada, chorou e em alguns momentos abaixou a cabeça para não ver. “Eliana, teu filho está indo em paz agora. Está na mão desses sete jurados. Não está mais na mão daqueles sete réus […] Hoje acabou o velório do seu filho”, finalizou Nilton Ribeiro.
Após a réplica, o juiz Thiago Flores Carvalho determinou 15 minutos de intervalo antes da tréplica da defesa dos réus.
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