Gostar de si mesmo é importante; e quando a própria estima ultrapassa os limites e passa a ser algo negativo?
Amar suas qualidades, conhecer suas fortalezas e suas limitações faz parte da sua autoestima. Uma forma de poder perceber sua imagem física e sua estrutura emocional de acordo como ela é, valorizando e reconhecendo aquilo que você tem de melhor. Uma percepção sustentada por uma base sólida de autoconhecimento e aceitação pessoal. Mais do que gostar da imagem que vê no espelho, a autoestima tem relação com um reconhecimento global de suas possibilidades, de saber lidar bem com as suas falhas e de manter a percepção e o estímulo de reconhecimento vindos de si mesmo.
Uma pessoa que tem uma boa autoestima reconhece e confia em suas capacidades, tem uma menor reação negativa aos comentários e críticas das outras pessoas, sabe os seus limites e a melhor forma de se respeitar e respeitar os outros. Não precisa se sentir linda o tempo todo, mas sabe exatamente o amor e a estima que tem por si mesma. Não busca incessantemente a opinião dos outros, nem para confirmar o que sabe sobre si e nem para alimentar e acariciar seu ego. Ela não precisa se vangloriar de seus feitos. Ela sabe de si e reconhece suas conquistas, independente da percepção dos outros, diferentemente daquela pessoa que fica o tempo todo se reafirmando publicamente e criando situações para ser elogiada. Esta tem uma percepção exagerada de si mesma, força uma imagem de fortaleza, usa uma máscara de perfeição. Considera-se melhor que os demais e demonstra pouco ou nenhum interesse em receber críticas, mesmo que sejam construtivas. Sua imagem parece construída por um especialista em marketing. Tudo pensado para parecer ser inabalável e perfeita.
Essa situação, ao contrário do que muitos pensam, não demonstra uma boa autoestima, mas um comportamento egocêntrico. O limite entre os dois não tem relação com o quanto a pessoa se ama e sim com a forma como se conhece, percebe seu potencial e a forma como lidam com suas fragilidades e falhas. No caso da egocêntrica, ela se mostrar como forte e inabalável para que os outros tenham a percepção de alguém com grande autoestima e muita confiança. Em geral, os outros a percebem como inabaláveis e, em alguns casos, passam mesmo a imaginar que aquela “figura montada” é real. E muitos querem ser fortes e inabaláveis no mundo real, não é mesmo? Este comportamento egocêntrico passa a dar para ela a sensação de conquista, poder e sucesso. Vale lembrar que a diferença entre a autoestima e o egocentrismo não está na quantidade de amor e confiança que a pessoa tem por si mesma.
Na autoestima, o amor é real e equilibrado, a pessoa se demonstra como é e se ama e se respeita da forma como é. No egocentrismo, a pessoa não se conhece verdadeiramente e precisa dos méritos para poder se firmar e se perceber no lugar de destaque, mesmo que quem fale mais de seus méritos, nem sempre fale com mais propriedade e verdade. A grande dificuldade em lidar com pessoas egocêntricas é que elas tendem a ser individualistas e menos empáticas. Sendo assim, ela tem dificuldades em dividir os méritos com a equipe, preferindo assumir toda a responsabilidade pelo que deu certo e se eximindo dos erros. Pode até mesmo usar de informações irreais e pequenas mentiras para se favorecer e transmitir a percepção extremada de suas conquistas. Elas podem se apresentar de forma encantadora quando precisam da sua ajuda, mas podem sumir e te deixar na mão quando lhes convém. É provável que estas sejam as características de uma pessoa egocêntrica que têm mais impacto no seu círculo social e profissional. O convívio com ela, em geral, é complicado. Muitas vezes pode ter a sensação de ter sido desfavorecido e até mesmo enganado por ela e a conversa sincera pode não parecer o caminho mais correto a se tomar, justamente pela dificuldade em perceber e assumir seus erros que a egocêntrica tem.
Para facilitar o convívio, você deve trabalhar a sua percepção sobre si mesmo e sobre os outros. Assim será mais fácil confiar e se sentir à vontade para conviver com ela. Evite embates e grandes discussões, os erros da outra são dela e ela é quem deve trabalhar para percebê-los. Aja com humildade e naturalidade, a sua leveza vai amenizar e equilibrar as coisas. O egocentrismo, assim como um nível rebaixado da autoestima, deve ser trabalhado psicologicamente, para que a pessoa possa se conhecer verdadeiramente, aceitando suas dificuldades e respeitando seus limites, com um olhar para suas fortalezas e uma energia para seguir em frente independente das dificuldades. É provável que você tenha se identificado com um ou mais exemplos que comentei no texto. Oscilar entre o egocentrismo, a autoestima e baixa autoestima é possível e até normal. Em alguns momentos será necessário um olhar maior sobre você e sobre a sua postura que pode parecer egocêntrica, mesmo que seja por poucos instantes. Em outros dias você pode não acordar tão satisfeito com suas qualidades e com sua imagem, e isso não significa que não se conheça ou se aceite verdadeiramente.
Avalie seu nível de Autoestima. Oscilar entre os três níveis é comum, mas caso você mantenha-se com mais frequência em uma das extremidades vale buscar ajuda para poder equilibrar a Autoestima. Fique atento ao quadro em que você se mantém a maior parte do tempo e na forma como lida com as mais variadas situações. Evite criar rótulos e crenças sobre si mesmo. Ao mesmo tempo em que algumas delas podem te impulsionar, outras podem te limitar e, dependendo do seu nível de conhecimento, uma pode não refletir de fato suas capacidades.
Simone Steilein Nosima – Psicóloga e Coach – CRP: 08/09475