Autenticidade na era do efeito manada

por Nina Machado
Com Assessoria
Publicado em 2 out 2020, às 16h33. Atualizado às 16h34.



A palavra autenticidade vem sendo bastante usada para orientar profissionais a se colocarem seja no on ou no off-line. Mas muitas vezes parece que esse conceito se choca com a tendência – ampliada pelas redes sociais – de adesão indiscriminada a causas e movimentos apenas porque todos o estão fazendo ou porque é “moda”.

Efeito manada é a tendência humana de repetir ações de outras pessoas. O nome é dado devido à semelhança com o que ocorre no reino animal, especificamente com espécies que vivem em comunidades. “Somos seres sociais e ansiamos por pertencimento, isso nos traz bem-estar. Porém essa busca deve ser feita levando-se em conta as nossas próprias crenças e de modo alinhado aos nossos objetivos”, afirma a consultora de imagem e marca pessoal Karla Giacomet, da KD Imagem e Marca Pessoal.
Sabe aquele velho conselho de mãe: “você não é todo mundo”? Faz mais sentido do que nunca quando pensamos que muitas vezes somos impelidos a emitir opinião simplesmente como reflexo de algo que nem ao menos temos conhecimento.

Todos sabemos a importância de temas políticos, raciais e sociais. É preciso sim falar sobre isso. Mas antes de enveredar para uma discussão ou mesmo para a rede social apenas para fazer parte do coro com a maioria é importante se informar e perceber os pontos em que os argumentos combinam com a sua postura.

Segundo a consultora de imagem e marca pessoal Dani Amorim, sócia de Karla na KD, isso está relacionado a um dos mecanismos do cérebro humano, chamado vieses inconscientes: atalhos que o cérebro toma, de modo inconsciente, que podem ou não levar a erros de decisão ou de lógica.

“Um deles é o ‘Viés Efeito Bandwagon’ (ou viés efeito adesão), que explica essa enorme probabilidade de uma pessoa adotar uma crença baseada no número de pessoas que a seguem. A partir do momento em que conhecemos a existência desse viés, passamos a administrar melhor as nossas reações conscientes”, explica ela.

Esse movimento natural de uma pessoa reproduzir o comportamento de um grupo, mesmo sem saber o motivo, pode gerar uma avaliação negativa dentro de um ambiente corporativo. Às vezes, até própria empresa adota posturas para mostrar ao seu público uma imagem que não condiz com a prática. “Questões relativas à sustentabilidade são um bom exemplo. Por se tratar de uma macrotendência, muitas empresas adotam um discurso ecologicamente correto, mas o que estão fazendo, na verdade, é greenwhashing – se apropriando de valores ambientais como forma de marketing. O mesmo percebemos acontecer com as pessoas em temas variados”, exemplifica Karla.

É por isso que a autenticidade deve ser encarada como um verdadeiro pilar do personal branding. É importante observar, estudar e avaliar por quais caminhos devemos seguir e quais batalhas devemos lutar verdadeiramente. “Um bom exercício é o autoconhecimento. Entender seus valores e colocá-los em ação para, daí sim, incorporá-los em um discurso autêntico”, diz Dani.