O que é que a vida baiana tem, além de Caetano, de Jorge, de Olodum dum dum e da fraseinfame do título? Tem toda uma Bahia a ser conhecida! A mostra que iniciou ontem traz 7 espetáculos sob curadoria do ator Wagner Moura e colaboração de Vadinha Moura (uma das grandes articuladoras do teatro na Bahia). Se puder, assista a todos, para desfazer aquela ideia de arte baiana achatada e inflada pela grande mídia, cujos ícones todos conhecemos e, em geral, de forma bastante superficial. È a chance de iniciar-se em uma viagem pela diversidade cultural daquela região. A mostra integra o Programa de Difusão do Teatro da Bahia (veja mais em meu outro artigo) e os espetáculos foram escolhidos a partir dos que integram Kit Difusão do Teatro da Bahia). Além dos espetáculos, serão ofertadas oficinas e bate-papos GRATUITOS.

A Mostra foi lançada com festa, ontem, com coquetel no Memorial de Curitiba (Largo da Ordem), quando foi lançado o Kit Difusão do Teatro da Bahia (que traz informações sobre 17 peças). Além do elenco e toda equipe de produção da Mostra, estavam presentes o Secretário de Cultura da Bahia, Albino Rubim, e a coordenadora de Teatro da Fundação Cultural da Bahia, Maria Marighella. Seguiu-se uma festa com música nacional e baiana atual, com o DJ Camilo Fróes.

MOSTRA BAIANA NO FRINGE 2013
Reparem que as peças são sempre às 21 horas e no outro dia às 18 horas

Teatro José Maria Santos (R. Treze de Maio, 655, Centro. Tel.: 41 3322-7150)
Ingressos: R$ 20,00 (inteira) e R$ 10,00 (meia)
Veja no site do Festival a classificação etária de cada peça)

Pólvora e Poesia: 27/03 – 21h e 28/03 – 18h e 21h (Classificação: 18 anos)

Luz Negra: 29/03 – 21h e 30/03 – 18h e 21h

O Pássaro do Sol [infanto-juvenil]: 30/03 – 16h e 31/03 – 11h e 16h

Seu Bomfim: 31/03 – 21h e 01/04 – 18h e 21h

Siré Obá – A Festa do Rei: 03/04 – 21h e 04/04 – 18h e 21h

Sargento Getúlio: 05/04 – 21h e 06/04 – 18h e 21h

Áfricas [infanto-juvenil]: 06/04 – 11h e 07/04 – 11h e 16h

SOBRE “PÓLVORA E POESIA”

Amor e ódio, encontros e desencontros na história de dois poetas franceses ícones. Arthur Rimbaud e Paul Verlaine, convidam o espectador a investigar o valor da consciência, do conceito e da ideologia. O tiro que Verlaine deu em Rimbaud, marcando o ponto de rompimento de um relacionamento complexo e intenso, foi o ponto de partida para Nogueira criar o entorno da tumultuada relação. Não existe, explica do diretor, a intenção de contar a história dos dois, embora algumas referências históricas tenham sido usadas. “A emenda é o julgamento de Verlaine e a partir disso Nogueira mistura possíveis diálogos entre os dois, entremeados por vários poemas”, explica Guerreiro, que tratou de aumentar a quantidade de textos dos poetas na montagem. “Me apaixonei tanto pela poesia deles que coloquei mais poemas. Depois tive que, com muita dor, cortar para não virar um recital”, completa. Em torno de 15 poesias de Rimbaud e Verlaine permaneceram.

Guerreiro ambienta a cena com trilha sonora original em rock and roll, diferente do Chopin sugerido pelo autor. “Nas pesquisas descobri que Rimbaud é ídolo dos roqueiros. Ele foi um dos primeiros outsiders da história. O criador da trilha a executa em cena, interagindo com os atores.

“Pólvora e Poesia” é um espetáculo para maiores de 18 anos. Uma das razões é que o diretor quis tratar do tema sexo e homossexualidade de forma muito clara. “Conclui que para essa história tinha que ter sexo e não quis tratar como algo escuro e escondido. Resolvi a cena do encontro sexual dos dois ao vivo mesmo. E a partir disso, eles começam a se misturar e a perder a individualidade”, comenta.

O espetáculo estreou em 2010 em Salvador. Teve cinco indicações ao Prêmio Braskem de Teatro, premiado como Melhor Montagem e Melhor Direção. Em 2012, circulou por 12 estados brasileiros através do projeto Palco Giratório (do SESC). Guerreiro tem mais de 30 anos de trajetória e dirigiu sucessos de crítica e público como “Boca de Ouro” (Prêmio Braskem de Melhor Espetáculo em 2002).

OFICINAS E BATE-PAPO GRATUITOS
Local: SESC Paço da Liberdade (Praça Generoso Marques, 189 – (41) 3234-4200)
Inscrições: oficinas@festivaldecuritiba.com.br

Introdução ao Teatro de Sombras, com Grupo A RODA 02/04 – 09h às 13h / 20 vagas Ministrante: Olga Gómez (diretora). A companhia A RODA propõe uma aproximação a este gênero teatral milenar. Quem fizer terá a chance de experimentar os diferentes focos luminosos, anteparos e silhuetas cortadas em couro e articuladas do acervo da companhia. Na Mostra Baiana, o grupo apresenta o espetáculo infanto-juvenil “O Pássaro do Sol”.

Teatro Físico – Corpo como Meio Expressivo 02/04 – 14h às 18h / Gratuito / 20 vagas Ministrada por Fábio Vidal, diretor e intérprete de “Seu Bomfim”. “O tema é que me encontrou” (…) O que vou mostrar é resultado do meu processo de preparação-treinamento como ator-performer, técnicas que uso também na construção dos espetáculos do grupo”, diz Vidal. Serão abordados temas como o centro do corpo, impulso e equilíbrio, isolamentos físicos e metonímias, respiração, alongamento, improvisação, hipertensão e relaxamento.

Bate-papo Nata Eniá Egbé – A Ancestralidade na Cena 02/04 – 14h às 18h O bate-papo (o povo, a comunidade” em Yorubá) com a diretora Fernanda Júlia, o diretor de arte Tiago Romero e o ator Marcelo Oliveira. Sobre o Candomblé, herança cultural afrobrasileira, e questões de ritualidade, racismo e intolerância religiosa. A busca é de refletir sobre a identidade cultural brasileira e suas contribuições na cena e na construção de um discurso artístico e político que valorize e preserve a cultura negra. “É importante compreender a necessidade do fortalecimento e da geração de referenciais identitários negros na busca de uma verdadeira democratização social, cultural, econômica e política da nação brasileira”, pontua Fernanda, que apresenta no Fringe, com o Grupo Afrobrasileiro de Teatro de Alagoinhas, a montagem “Siré Obá – A Festa do Rei”.